(por Fátima ChuEcco/Anda – Agência de Notícias de Direitos Animais/ Exclusivo)
(Fotos: Carla Sassi)
Para acalmar um pouco os protetores, informo que todos os animais resgatados em Bento Rodrigues estão tendo um pouco de dignidade. Estamos dormindo no galpão onde também estão os animais 4 horas por noite e usando roupas de doações, mas ninguém desanima”, diz a veterinária Carla Sássi, do grupo Veterinários na Estrada, que atua nos resgates desde o início da tragédia em Minas Gerais.
No galpão de Mariana, transformado em abrigo temporário para os animais vítimas da tragédia, estão 70 cães, 9 gatos, 170 aves e 6 equinos. Em sua página do facebook a veterinária explica que os cães, além de terem sido vermifugados e recebido atendimento veterinário, foram encoleirados com Scalibor (para evitar Leishmaniose). Estão separados por tamanho ou tutor – lembrando que muitos tutores que perderam suas casas ainda não puderam buscar os animais e os deixaram sob os cuidados das ONGs envolvidas nos resgates. Apesar da caótica situação em que se encontram, vários desses tutores têm ido ao galpão visitar seus animais. Os cães estão identificados com plaquinhas e passeiam todos os dias com voluntários. E muitas casinhas foram doadas promovendo maior acomodação dos animais.
Carla diz que o acesso à região tomada pela lama ainda está complicado e, inclusive, trechos foram interditados pela Defesa Civil devido ao risco de uma terceira barragem também se romper. Já há uma extensão de 10 km por onde os voluntários não podem mais circular em busca de animais. Mesmo assim, a equipe sai todos os dias a campo com seis caminhonetes carregadas de ração, feno, medicamentos e faz o que é possível.
A organização e a união são algumas das coisas a se destacar nesse acidente mostrando como a proteção animal tem evoluído e agido de forma rápida em tragédias como essa do rompimento de barragens da empresa Samarco. Mas as doações ainda são necessárias porque cada dia chegam mais animais resgatados. Além de cães e gatos há também cavalos, porcos, galinhas e outras aves. É preciso doação de alimento adequado para cada espécie. E há urgência de jornais e diversos tipos de medicamentos cuja lista pode ser vista no facebook do IDDA – Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais de Ouro Preto e da AOPA – Associação Ouropretana de Proteção Animal.
Vale lembrar ainda que o desastre causa um dano imensurável aos animais silvestres da região que dependiam, por exemplo, do Rio Doce, tomado por lama com rejeitos de minério. Peixes e tartarugas estão sendo encontrados mortos aos montes. Diversas aves que dependiam do Rio Doce também irão agonizar sem água e alimento proveniente do leito.