Hora do banho costuma gerar estresse para os animais. Pet shops investem em alternativas, como fim das gaiolas e higenização self-service, em que o próprio tutor faz a limpeza do amigão, usando os equipamentos da loja
Da Revista Encontro Brasília
A hora do banho não costuma ser uma das favoritas do melhor amigo. Por diversos motivos, como medo do barulho do secador, da água descendo pelo encanamento, ou devido a algum trauma sofrido na hora da higiene semanal, muitos fincam as patinhas no chão e se tremem ao verem que estão chegando à pet shop. Desde o fim do ano passado, uma lei distrital obriga esses estabelecimentos a instalarem câmeras na área do banho e tosa, o que garante tranquilidade aos tutores. Porém, para os cachorros, o fato de serem filmados não muda em nada o descontentamento com a experiência.
Para tornar esse momento mais agradável e menos estressante, pet shops do DF estão investindo em práticas inovadoras que, além de reduzirem o nível de estresse dos animais, ajudam a fortalecer o vínculo do tutor com seus amigões. Na Pet Sudoeste, por exemplo, não há gaiolas. Ao chegarem para o banho, os cachorros ficam soltos, brincando com os frequentadores do day care – a loja também funciona como creche.
Depois da higiene, de lacinho ou gravatinha, eles voltam para a área de convivência, onde aguardam, livres, a chegada dos tutores. “Também disponibilizamos login e senha para quem quiser acompanhar o banho em tempo real. É só baixar um aplicativo e colocar essas informações para visualizar as imagens em alta resolução geradas pela câmera”, conta a proprietária, Fabiana Lima.
Por causa do ambiente sem grades, Amélie, de 2 anos, só toma banho na pet shop de Fabiana, que também é um day care canino. “O fato de não ter grade foi o principal atrativo para mim, tanto para a creche quanto para o banho”, diz a jornalista Ana Carla Mourão, de 34 anos, tutora da cachorrinha sem raça definida (SRD), adotada em um abrigo aos 7 meses. “Quando deixei a Amélie para tomar banho pela primeira vez, em uma pet shop perto da minha casa, avisei que ela não estava acostumada porque é resgatada e nunca tinha tomado banho em loja. Ela ficava com medo, acuada.”
A experiência, segundo ela, não foi das melhores para Amélie: “Ela ficou com um machucadinho da tosa e não falaram comigo. Não gostei. Eu disse a eles que ela tentaria sair. Eu não queria deixá-la na grade, além do estresse, porque ela ficou muito tempo em gaiola quando era do abrigo e eu não queria que ela se lembrasse disso”, conta Ana Clara. Para o desgosto da tutora de Amélie, embora tivesse agendado o horário do banho, a cachorrinha ficou duas horas presa na gaiolinha antes de tomar banho: “A gaiola piora o estresse. Oitenta por cento dos animais não parecem fãs de banho, e ainda têm de ficar horas dentro de uma grade? Imagina você ficar trancada duas horas numa gaiola, sem poder se mexer?”
Depois da experiência, a jornalista descobriu que existia uma loja onde Amélie poderia ficar solta. “Achei maravilhoso, até porque eles interagem. Acho que a experiência do banho deixa de ser aquela coisa terrível para o cão. A Amélie não vê mais o banho como uma coisa ruim. Ela sabe que vai brincar antes e, depois do banho, vai voltar para os amiguinhos para brincar”, comemora.
Algumas pessoas preferem dar o banho, elas mesmas, nos cãezinhos, mas não têm estrutura física em casa para isso. Pensando nessa clientela, a AuAu Petshop, no Lago Norte, criou um serviço self-service, no qual o cliente utiliza todos os equipamentos e produtos, mas pode, ele mesmo, lavar o animal. “A ideia surgiu ao percebermos que atualmente muitas pessoas gostam de dar o banho no seu pet, por vários motivos, como economia, para passar mais tempo com o animal, por segurança, entre outros”, diz o empresário Ivan do Espírito Santo.
Ele explica que sempre há um profissional da área por perto para auxiliar o tutor, o que garante que o serviço saia perfeito. A autônoma Alessandra de Castro Diniz, de 38 anos, aprovou a novidade. Tutora de Maguila, um SRD de 2 anos, ela diz que, como mora em apartamento, acha que o banho em casa pode acabar em bagunça: “Tem de colocar no box, entope o ralo e ainda sai molhando o sofá.” Mas, ao mesmo tempo, ela acha que a hora da higiene do cãozinho é um bom momento para interação: “Ele adora quando sou eu que dou o banho, fica muito tranquilo. Como tenho um horário de trabalho mais flexível, fica bom ir à pet shop e dar o banho nele.”
Alessandra conta que, ao chegar, as funcionárias da loja já preparam o xampu na quantidade certa e separam a toalha limpinha. E ainda ficam do lado dela, no caso de a autônoma precisar de alguma orientação. “Com essa crise hídrica, acho que vale mais a pena ainda. Em casa, a gente acaba gastando mais água do que deve”, afirma Alessandra.
Dicas para quem quer deixar o amigão limpinho
– Durante o banho, o cão sempre tem de usar guia de contenção
– Muito cuidado com secador nos olhos, pois há risco de queimá-los
– Não utilize algodão nas orelhinhas, pois eles não protegem de otite. O algodão molhado é que pode prejudicar o ouvido. O ideal é tampar o ouvido do animal na hora de lavar a região. Se insistir no uso de algodão, dê preferência ao hidrófobo, que é impermeável
– Mesmo os perfumes apropriados para pets podem desencadear alergias. Cuidado com os respingos nos olhinhos
– Utilize sempre produtos destinados às pets, que são formulados com todos os critérios exigidos para a maior segurança deles