O barato dos felinos

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da Revista do Correio,

Disponível em qualquer petshop, a erva do gato não é uma droga nem vicia, mas realmente proporciona prazer aos pets.

Thomas é usuário de catnip com a aprovação da dona, Sílvia Dantas: fim da apatia.

Foto Marcelo Ferreira/CB/DA Press

Se você tem bichanos, com certeza já ouviu falar em erva de gato ou catnip. Trata-se de uma planta da família das hortelãs que, em felinos, provoca momentos de euforia seguidos de relaxamento. Considerada medicinal, é usada com propósitos terapêuticos para acalmar as mascotes agressivas e estimular as apáticas. A erva é vendida em petshops na forma de folhas desidratadas ou óleos — e, muitas vezes, incrementa brinquedinhos e arranhadores.

Não há contraindicações, porém sabe-se que alguns gatos não reagem ao estímulo. “É uma questão de genética. Não depende da raça ou da faixa etária. Só podemos descobrir testando a planta”, explica Vitor Benigno, médico veterinário especialista em felinos. Cachorros, é bom lembrar, não dão bola para a plantinha, pois não têm os receptores necessários para a experiência. Em contrapartida, onças, tigres e leões apreciam muito.

A erva é indicada para quadros de ansiedade, estresse e certos problemas crônicos. Não há qualquer evidência de que provoque vício. “O gato vai brincar mais, arranhar e interagir em várias situações”, descreve Benigno. As reações quase sempre são parecidas. “Eles se esfregam, se roçam, interagem, ficam agitados e, em seguida, vem o relaxamento”, resume o especialista. Alguns animais podem salivar, mas esse é um efeito colateral bem raro. O catnip também funciona como um ótimo repelente. O cheiro afasta vários insetos, principalmente baratas.

O animal pode consumir a planta quantas vezes quiser — a chance de overdose é praticamente nula. “É um produto muito natural, não vai mudar em nada o organismo do pet. Ajuda na interação: o cheiro estimula e o animal fica mais sociável”, elogia o veterinário. A erva é vendida legalmente no mundo inteiro e pode ser cultivada até mesmo em casa. Do ponto de vista químico, o que a faz tão atraente para os amigos felpudos é a presença de uma substância chamada nepetalactone. “Esse composto orgânico atinge os felinos por meio do odor e provoca a agitação”, completa Leila Sena, médica veterinária.

Thomas, um gatinho sem raça definida de 11 anos, era muito sedentário até conhecer a erva do gato. As mudanças no comportamento foram notáveis”, conta a servidora pública Sílvia Dantas, 48. A dona do animal diz que ampliou a oferta de catnip depois que o bichano foi diagnosticado com diabetes e ficou muito apático. “A idade e a castração também o tornaram muito menos ativo para exercícios. A erva o ajudou a se movimentar mais”, justifica Dantas.

Substâncias perigosas

Agora que sabemos que a erva do gato não é uma droga, precisamos falar um pouco sobre as substâncias que realmente fazem mal. Tabaco, por exemplo. Pets que são fumantes passivos podem apresentar características de dependência química. “Os animais têm as mesmas descargas nos neuroreceptores que os humanos. O bicho associa um cheiro a uma sensação e podem ser tornar viciados”, alerta o veterinário Marco Aurélio Gomes.

Os sintomas desenvolvidos nos animais são os mesmos. Eles podem se sentir agitados ou apresentar qualquer outro efeito característico da droga consumida. Para largar o vício, os bichos sofrem mais que os humanos. “Eles não têm consciência do perigo, do malefício, então sofrem mais nos períodos de abstinência”, explica o especialista.

Proprietários devem evitar fumar perto dos animais de estimação. Todo cuidado também com a acessibilidade das substâncias. A ingestão pode causar sérios problemas digestivos ou, até mesmo, levar à morte. Os malefícios também são iguais: os bichanos podem desenvolver problemas respiratórios, pulmonares e cardíacos.

Donos de pugs reunidos

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da Editoria de Cidades,

foto Ana Rayssa /esp. CB / DA Press

O 5º Encontro de Donos de Cães da Raça Pug foi foi promovido, ontem, na Petz, loja especializada em bichos, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Esta foi a primeira vez que o evento foi realizado em um local fechado. Nas edições anteriores, os cachorros eram levados para praças e parques. A intenção foi proporcionar uma interação maior entre donos e bichos. “Assim, num local menor, ficam todos juntos. Quando vamos para parques, acaba que os donos interagem mais com os próprios animais”, ponderou a fundadora do Clube dos Pugs de Brasília, a advogada Roselane Cristina Matos, 32 anos. Segundo ela, 150 pessoas eram esperadas para o evento e mais de 200 cachorros da raça participaram o encontro. “Tem gente, assim como eu, que tem mais de um”, justificou. Roselane tem 15 cachorros, nove deles são pugs. O encontro em Brasília ocorre há dois anos.

Gato deprimido?

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Por Ailim Cabral, da |Revista do Correio

Situações estressantes, como a morte dos tutores ou a mudança de casa, podem desencadear a doença em felinos

Depois de perder o tutor, Mitiz teve de aprender a viver sem a irmã: tristeza

foi percebida pelos donos.Foto Marcelo Ferreira/CB/DA Press

Os gatos caíram no gosto do brasileiro. O número de adoções vem crescendo e uma das vantagens do aumento de bichanos domiciliados e que recebem os cuidados adequados é que cada vez mais as doenças têm sido descobertas, diagnosticadas e divulgadas. Uma delas é a depressão felina, mal que durante muitos anos foi confundido com mau comportamento do animal.

Segundo Leila Sena, médica veterinária especialista em felinos, a depressão dos gatos é muito semelhante à humana. “Nesse caso, a mudança de comportamento é o que mais caracteriza a doença”, afirma.

Por ser um bicho sensível, territorialista e com personalidade forte, o gato é suscetível a doenças psiquiátricas. Entre as principais causas da depressão felina estão a perda do tutor com quem conviveram por muitos anos, a perda de um companheiro — pode ser outro gato ou até mesmo um cachorro que viva na mesma casa — e situações de estresse. A mudança de lar e a chegada de um bebê são alguns outros exemplos de circunstâncias que podem desencadear o problema. Os especialistas alertam que animais idosos são mais propensos a desenvolver a doença.

Mitiz tem 13 anos e, depois da morte do dono, em 2013, perdeu a irmã Miúda, no início deste mês. Os novos tutores da gata, o casal de diplomatas Raquel Fernandes, 32 anos, e Leonardo Dutra, 34, ficou preocupado com a reação da gatinha. Observaram que ela teve alterações de comportamento e começou a perder pelos. O casal procurou uma veterinária para acompanhar de perto o problema.

Miúda e Mitiz entraram na vida de Raquel e Leonardo por acaso. O pai de um amigo, dono das gatas, morreu em 2013 e, por serem idosas, as duas enfrentavam dificuldades em encontrar um novo lar. A diplomata estava voltando para o Brasil depois de morar no Uruguai e se sensibilizou com a história. Raquel conta que sempre sonhou em ter animais, mas os pais dela não gostavam da ideia de manter pets em apartamento. “Elas já estavam com 11 anos e a vida inteira tinham morado com a mesma pessoa. Meu marido estava resistente no começo, mas acabou cedendo e nos encantamos por elas”, conta.

A adaptação das gatas foi tranquila e elas se apegaram muito ao casal, principalmente a Raquel. No ano passado, quando o bebê do casal nasceu, ela precisou passar 10 dias no hospital. “Elas sentiram muito minha falta e arranharam todos os móveis da casa. Quando voltei, tudo se acalmou”, lembra. No começo do mês, porém, a rotina da família foi alterada novamente. Os tutores precisaram fazer uma viagem de duas semanas e as gatinhas foram levadas a um hotel para pets.

Ao chegar em casa e buscar as gatinhas, Raquel e o marido notaram que a saúde delas se debilitou nos 15 dias que passaram fora. “A Miúda estava pele e osso e a Mitiz com falhas no pelo. Ficamos preocupados e fomos direto ao veterinário.” Apesar do pronto-atendimento, Miúda não resistiu e morreu de insuficiência renal cerca de uma semana depois. Desde então, o comportamento de Mitiz mudou. A gata ficou mais triste e passou a miar mais. “É como se estivesse esperando a irmã chegar. Qualquer barulho saía correndo para ver o que era e começou a tentar sair de casa quando abríamos a porta, coisa que nunca fez”, conta Raquel.

Além disso, a gata que sempre foi independente se tornou mais carente. Antes, poucas pessoas podiam se aproximar para brincar com ela. Hoje, Mitiz pede chamegos para qualquer um. “Ela costumava fugir do meu bebê, que hoje tem um 1 ano e três meses, e, agora, deixa até ele fazer carinho”.

A veterinária Leila Sena explica que Mitiz não tem depressão, mas há chances de desenvolver a doença e apresenta sinais típicos que surgem como prelúdio do problema. “Se for tratada adequadamente, como estamos fazendo, podemos impedir que o quadro evolua”, afirma a especialista. Mitiz demonstra que precisa de mais atenção e, por isso, está mais próxima dos donos. Uma vez instalada a depressão, o gato tende a se afastar das pessoas e de outros animais.

O tratamento para gatos na condição de Mitiz e mesmo para os que estão em quadro de depressão leve consiste em estimular o animal com brincadeiras diferentes. Além disso, pode ser necessário que a família passe mais tempo com o pet e utilize a feromônioterapia, técnica que consiste em usar difusores de feromônios na casa. “Essas substâncias fazem parte da comunicação do gato e, quando ele reconhece o cheiro, se acalma, percebe que o ambiente é seguro e que ele não precisa estar tenso”, explica Leila. Em casos extremos, é necessário entrar com a medicação antidepressiva.

A especialista menciona ainda que o diagnóstico da patologia é difícil de ser feito, pois só pode ser determinado depois de descartadas todas os problemas de saúde que podem causar no felino os mesmos sintomas. “Os sinais se misturam aos de outras doenças e nem o médico nem o dono podem ser levianos e classificar como depressão logo de primeira”, explica. É necessário fazer uma avaliação completa da saúde do animal, testes clínicos para outras patologias e, somente depois que o gato for considerado saudável e sem nenhuma outra alteração que possa ser a causa dos sintomas, apostar na depressão e tratá-la.

“Os sinais se misturam aos de outras doenças e nem o médico nem o dono podem ser levianos e classificar como depressão logo de primeira”

“Essas substâncias (feromônios) fazem parte da comunicação do gato e, quando ele reconhece o cheiro, se acalma, percebe que o ambiente é seguro e que ele não precisa estar tenso”

Leila Sena,  veterinária

Fique atento

Sinais de que o seu gato pode estar deprimido:

*Mudança brusca de comportamento

*Estresse permanente ou crônico

*Alteração no sono

*Perda de apetite ou interrupção da alimentação

Domingo tem o 5º encontro de Pugs de Brasília

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   Corra!

foto: Thomas Peter / REUTERS

Domingo, 23 de agosto, acontece o

5º encontro de Pugs de Brasília. 

Para participar do encontro basta ser dono de

cãozinho da raça pug.

A organização do evento pede aos participantes que levem saquinhos de plástico e água para seu pet .

Local do evento –  Loja Petz – Sia Trecho 2 em frente à extinta Cimfel

Horário:  a partir das 9h30

Última homenagem

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da Revista do Correio

Com o avanço da idade dos pets, os tutores precisam se preparar para o momento da despedida

Márcia sabe que, em breve, terá que se despedir dos seus três cães: “Não quero descartá-los como se fossem uma embalagem”

foto Marcelo Ferreira/CB/DA Press

“Eu preciso chegar em casa e ter alguém que abane o rabo para mim.” É assim que a servidora pública Márcia Alves, 52 anos, resume o seu amor pelos animais. Com três cães em idade avançada, os bichos recebem tratamento especial. Théo, Minie e Chicão têm 14, 12 e 10 anos respectivamente. Os cuidados são tantos, que o trio tem até plano funerário, com direito a transporte, cerimônia, caixão e lápide.

O primeiro contato com a empresa que fará a despedida deles se deu pela internet, quando Márcia decidiu que os animais deveriam ter um destino digno para descansarem em paz. Em geral, os bichos têm boa saúde, somente a mais velha necessita de uma atenção especial. “Minie sofre de problemas cardíacos e pulmonares. Toma remédios todos os dias e tem uma alimentação especial”, conta. No auge da crise, a cadela não conseguia respirar direito. “Eu passei três noites sem dormir preocupada”, explica.

Márcia é devota de São Francisco de Assis, protetor dos animais, e acredita que deve ajudar bichinhos abandonados e associações protetoras. Segundo ela, o principal motivo para fazer um plano funerário para os pets é dar um enterro digno. “Não quero descartá-los como se fossem uma embalagem. Eles merecem essa última homenagem”, explica.

Ela se emociona ao falar dos anos que já conviveu com as mascotes. “É uma relação de cumplicidade, amor e amizade. Eu sou muito espiritualista. Acredito que todos nascemos, crescemos e morremos. Eles estão velhinhos e sei que a hora deles vai chegar, infelizmente”, conta. Apesar da dor, ela garante que é muito grata por todos esses anos de convívio.

Pessoas passam pela nossa vida e deixam lembranças, com os animais não é diferente. “Tenho uma gratidão. Quero dar dignidade mesmo na hora da morte dos meus animais, já que eles tiveram uma vida toda comigo. Uma vida de cumplicidade e amor incondicional. Esses anos foram muito especiais com eles”, finaliza.

Não existe como se preparar para a morte. Segundo a psicóloga Keyla Montenegro, há apenas tentativas. “Até quando se espera a morte é uma surpresa”, conclui a psicóloga, especialista em luto. Segundo a profissional, algumas atitudes podem ajudar nesse momento de dor. “O primeiro passo é a expressão das emoções. Quando o animal segue internado é importante dar um momento para a família estar com ele”, afirma.

Outra atitude importante é a comunicação. Veterinários, geralmente, são bombardeados por perguntas sobre o estado de saúde dos animais e é fundamental conversar com os tutores para informar tudo que está acontecendo. “Esse período gera uma grande ansiedade. Quando estamos ameaçados de perder algo que gostamos muito perdemos a atenção, mudamos o foco e a memória fica comprometida”, explica a especialista.

Existe a morte repentina, como atropelamentos, e mortes anunciadas, quando o animal já está velho ou com a saúde debilitada. Mas não é possível mensurar a dor não se mensura. “As duas situações são muito difíceis. Temos o choque da morte repentina e o a frustração lenta da morte arrastada. A gente não espera mesmo quando está esperando”, afirma Keyla.

O luto é moroso e varia de pessoa para pessoa. É comum que, em um primeiro momento, a pessoa se sinta em choque. Também podem acontecer alterações fisiológicas. O sono é prejudicado, produtividade pode cair, falta de atenção e perda da memória.

Nenhum animal substitui outro. Os bichos possuem personalidades diferentes e uma história única. “São como membros da família. Vai existir uma lacuna emocional muito grande, pois o vazio se instala e é bastante doloroso”, afirma a psicóloga.

Camilla Passos, 26 anos, assistente de eventos, passou por maus bocados quando a cadelinha Lili morreu aos 12 anos, em julho de 2013. A morte do animal já era esperada. Lili sofria de piometra e câncer de mama. “Os veterinários avisaram que ela não ficaria ao meu lado por muito tempo”, conta.

Ela se emociona ao se lembrar dos momentos com Lili. “Era meu xodó e minha sombra. Quando estava em casa, me seguia por todos os lados. Isso é o que eu mais sinto falta. A saudade da minha companheira me seguindo pela casa”, relembra.

Lili foi enterrada no quintal de uma casa. Atualmente, Camilla tem mais dois animais: uma cadela de 5 anos sem raça definida e um daschund de 1 ano e meio. Para ela, uma casa sem animais é uma casa sem alegria.

Há duas opções para quem pretende despedir-se das mascotes: o enterro convencional ou a cremação. Os dois serviços seguem normas para evitar a contaminação do solo. Luiz Felippe Lopes trabalha como administrador em um crematório de animais e afirma que os tutores chegam até eles muito abalados. “Cada animal tem sua individualidade, sua história. A gente escuta muita coisa dos donos dos animais e tentamos confortá-los nesse momento tão difícil”, explica.

Lopes faz um alerta para pessoas que jogam os animais em lixões ou os enterram em casa. “Não podemos descartar nenhum bicho. Além disso, enterrar animais em casa ou em outro local pode contaminar o lençol freático.” Um plano funerário pode garantir o bem-estar do bicho mesmo depois da morte. “Nós cuidamos do transporte, sala de velório, embalagem do corpo em caixão biodegradável e uma lápide”, afirma Sheila Ribeiro, proprietária de um cemitério especializado.

“Ninguém está preparado para a morte. Mesmo gastando com internações e um plano funerário, esse é um momento muito difícil. Nós conversamos, deixamos a pessoa se despedir e respeitamos essa dor. Tudo é feito sem pressa”, afirma Sheila. Em 4 anos, foram enterrados mais de mil animais no local. Além de cães e gatos, há espaço para outros bichos também. “Coelhos, hamster, papagaio e outros pássaros também já passaram por aqui”, conta.

Velhice tranquila

A expectativa média de cães miniaturas/pequenos é de 14 a 18 anos, os médios entre 12 a 15 e os grandes/gigantes aproximadamente 8 a 10. Os gatos podem chegar a duas décadas. Naturalmente, ao londo da vida, podem aparecer problemas degenerativos, como falências orgânicas. Insuficiências cardíaca, hepática, renal, hormonais e processos oncológicos e ortopédicos. “Os mais problemáticos são a insuficiência renal e as neoformações malignas com alto grau de metástase”, afirma o veterinário Rafael Souza.

Existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para proporcionar uma velhice tranquila aos pets. Os bichos diagnosticados com problemas ortopédicos podem passar por sessões de acupuntura, fisioterapia, quiropraxia, rações suplementadas com ingredientes para amenizar o desgaste ósseo. A maioria dos pacientes geriátricos necessita receber medicação até o fim da vida.

Alguns animais em idade muito avançada podem desenvolver a síndrome da disfunção cognitiva, semelhante ao Alzheimer humano. “Ele troca o dia pela noite, anda sem uma direção certa, não interage com as pessoas ou outros animais, não consegue achar a saída de alguns locais e, naturalmente, se moverá menos por causa das dores articulares”, explica Rafael Souza, veterinário.

Grande família

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da Revista do Correio,

Enquanto algumas pessoas pensam muito antes de comprar ou adotar um pet, outras preferem ter a casa cheia. Organização, vacinas e limpeza são os requisitos para ter muitas mascotes

Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

São cerca de 100 quilos de ração por mês — além de muita atenção, carinho e cuidados para distribuir entre os 14 cachorros. Assim é a rotina da advogada Roselani Matos, 32 anos, e do analista de sistemas Carlos Gomes, 40. A quantidade de animais não é um problema para o casal, que organiza o espaço e o tempo para tomar conta de todos os pets.

O dia começa cedo na casa deles, por volta das 6h30. É hora de Carlos acordar, colocar comida para os cachorros e soltá-los do canil no jardim. Não tem fim de semana ou feriado. “A gente acorda nessa hora mesmo sem despertador. Se nós demoramos, eles começam a ficar agitados”, conta. E, todo sábado ou domingo, tem o banho coletivo. “Não é um bichinho de pelúcia, tem que ter toda uma administração doméstica”, acrescenta Roselani. Até o carro deles é adaptado para carregar a turma.

O casal pediu para confeccionarem um equipamento de segurança especial, que pudesse prender pelo menos os oito pugs, os queridinhos da família. E que fique claro: “Quem não botar o cinto não vai!”, avisa Carlos. A saída preferida é ir para encontros da raça em parques. No último encontro, em 26 de julho, os donos aproveitaram para arrecadaram 52kg de ração e doaram para uma ONG de proteção animal, a Projeto Adoção São Francisco.

Os pugs têm certos privilégios — são os únicos que tem acesso ao interior da casa. E, confessam os donos, tem aceso livre à cama deles. “Quando o meu marido chega do trabalho, às vezes, não tem espaço para ele”, brinca Roselani. E não é por causa da quantidade que os cachorros ganham menos atenção. Cada um ganha a devida atenção. “Eu observo muito, se tem algum lugar coçando, se o olhinho está lacrimejando, se tem alguma mudança de personalidade”, afirma a dona.

Os nomes da turma são puro glamour, a maioria inspirados em divas pop. Os pugs são Adele, Beyoncé, Rihanna, Talia, Ozzy, Teodoro, Beto e Faruk. Há também a dogo argentina Shakira, quatro vira-latas de médio porte, Britney, Lady Gaga, Tina e Budy, e a fila Madonna, que foi o primeiro pet do casal, em 2010. Antes, Madonna também podia entrar em casa, mas, quando cresceu o suficiente para ocupar o sofá inteiro, perdeu espaço para os cães menores.

A parte negativa? “Limpar cocô é horrível”, admite Carlos, rindo. Eventualmente, eles também precisam lidar com algum móvel roído ou xixi no lugar errado. “A gente troca o sofá bastante. É bom porque muda a casa”, brinca Roselani. Também é importante cuidar da administração financeira. O maior gasto deles é com ração, cerca de R$ 700 por mês e com a renovação das vacinas no início do ano, aproximadamente R$ 1.800. Para controlar a natalidade, os machos foram castrados, com exceção de um dos pugs. Na época do cio, ele é separado das fêmeas. A cirurgia também serviu para evitar disputas por domínio e reduzir brigas.

O casal garante que vale a pena manter vários animais. “Cachorro só traz boas pessoas para a nossa vida. Dizem que Brasília é um lugar meio frio, mas basta arrumar um cachorro que isso muda. É uma forma de criar afinidade, trocar experiências com quem gosta de bicho”, opina Roselani. Ela também considera que os pets são bons para as crianças. O casal tem dois filhos gêmeos, João Vítor e Vinícius, de 7 anos, que geralmente têm a companhia do afilhado, Adriano Matos, de 8. “Faz bem essa interação. A criançada é muito imaginativa, faz os cachorros de personagens das brincadeiras”, conta Roselani.

Roselani conta que partiu dela iniciativa ter vários cachorros. Desde pequena, sempre estive rodeada de animais. “O meu pai vai fazer churrasco e acaba deixando metade da carne para os cachorros. E a minha mãe costuma adotar animais abandonados ou com dificuldades, atropelados. Ela tem até um salsichinha cadeirante”, descreve. “Quando você é criado assim, não vê muita dificuldade”, opina. A família está completa, mas há espaço para mais um. Será que eles vão resistir à fofura da próxima ninhada dos pugs?   Cuidados:   Para ter vários animais, são necessárias algumas precauções. A principal delas é a correta imunização. “Você pode ter quantos cachorros quiser, desde que sejam bem cuidados e estejam com as vacinas atualizadas. Os cuidados básicos são de vermifugação, vacinação e alimentação”, enumera a veterinária Maria de Fátima Coelho. Outro conselho é a castração, o que reduz disputas por território e, consequentemente, brigas.

A veterinária Lorena Figueiredo recomenda que o macho passe pelo processo antes da maturidade sexual. Se o procedimento for feito mais cedo, aumentam as chances de diminuir a valentia do cão. No entanto, Lorena destaca que a agressividade pode estar ligada, principalmente, a questões ambientais, como o nível de estresse do animal.

A veterinária Maria de Fátima também destaca outro aspecto: “Animal não é nada barato, tem que ter todos cuidados.” E o ambiente onde os pets ficam deve estar sempre limpo. “Eu acredito que a higienização precisa ser redobrada [quando se tem muitos animais]”, afirma a veterinária Lorena Figueiredo. E a assepsia não é apenas do local, mas também dos próprios pets. A especialista indica um banho a cada 15 dias para os cachorros e um por mês para gatos.

No caso de pets resgatados, a veterinária indica levá-los imediatamente até uma clínica para tomar vacinas e fazer exames. “Não sabemos dizer o estado de saúde de um animal de rua, ele poderia levar algumas doenças para a casa. O adequado é pegá-lo com luvas e pedir avaliação de um veterinário”, acrescenta Lorena.

Para ela, a desvantagem de ter vários animais é que fica mais difícil identificar se eles têm alguma doença. “É preciso tempo para se dedicar e ter um espaço limpo, com animais atendidos por veterinários”, afirma Lorena. A especialista também diz que é importante ter um ambiente adequado para as características de cada cachorro.

“Têm cães mais ativos, outros mais tranquilos, depende do porte da raça, do temperamento. Alguns precisam de mais espaço e ficam bem em um quintal. Já os pequenos exigem mais atenção e podem ter problemas se ficarem sozinhos no fundo da casa”, aponta Lorena. “Não é apenas água e comida, tem que ter carinho, atenção.”

De modo geral, a convivência com outros animais traz vantagens. “Hoje em dia, as pessoas não têm muito tempo para dedicar ao cachorro. Com um companheiro, ele consegue extravasar isso melhor, ficar menos ansioso e ter menos desvios comportamentais, como latidos e destruição de objetos”, afirma Lorena.