( por Noticias 10 via ANDA )
Desde que os animais domésticos passaram a ser membros das famílias, e não “apenas animais”, a busca para oferecer melhor qualidade de vida para eles cresceu. A acupuntura, por exemplo, ganhou espaço nos consultórios veterinários do Recife como uma medicina complementar que põe fim em dores, reverte sequelas neuromusculares, e até cura males que antes levavam animaizinhos para mesas de cirurgias.
A professora do departamento de veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Evilda Rodrigues, defende que a técnica milenar chinesa é capaz de reverter problemas que nem mesmo a alopatia (medicina tradicional) consegue. “Além de curar diversos problemas de saúde, a acupuntura animal é uma ótima forma de evitar doenças. Para se ter ideia, o animal que após um AVC (acidente vascular cerebral) inicia as sessões de acupuntura tem mais chances de voltar com seus movimentos normais do que os demais”, reforçou ela sobre os benefícios da acupuntura.
A acupunturara veterinária pode ser usada em casos de:
* doenças musculoesqueléticas (artrites, artroses, traumas, hérnias de disco, espondilose, displasias);
* doenças dermatológicas (alergias, desordens autoimunes);
* doenças pulmonares;
* doenças gastrintestinais (gastrites, enterites, constipações, cólicas);
* doenças neurológicas (epilepsias, sequelas de cinomose, acidentes vasculares cerebrais);
* doenças geniturinárias (insuficiência urinária);
* doenças cardiovasculares; além de diversas outras aplicações médicas;
O engenheiro Carlos Vila Nova conheceu a “adaptação” da técnica milenar chinesa para animais domésticos há cerca de três anos quando sua cadela Mel, uma dachshund de pelo longo, apresentou uma lesão na coluna e não conseguia mais andar. “Ela recebeu a indicação para uma cirurgia que chegou a ser marcada. Mas o próprio veterinário sugeriu que eu procurasse a acupuntura para ela. Acabou que ela fez um mês de tratamento (oito sessões) e não precisou mais da cirurgia. Depois ela passou mais três meses fazendo só para manutenção”, contou ele.
Hoje a cadelinha está com sete anos e não apresenta sinais de qualquer lesão na coluna, problema muito comum à raça de Mel. Carlos Vila Nova também é tutor de uma dachshund de pelo curto que está com nove anos. A pequena Sunny também sofreu com lesões de coluna e no final do ano passado conheceu os benefícios das agulhadas. “Elas estão ótimas. Indico a acupuntura veterinária para quem tiver como oferecer para o animal”, pontuou o engenheiro.
O veterinário Marcelo Uchoa, do Hospital Veterinário VetMais, trabalha com acupuntura em animais desde 2012 e defende que a técnica merece ser mais popularizada para oferecer mais essa possibilidade de tratamento aos animais. “O que pouca gente sabe é que a acupuntura começou no oriente como tratamento para cavalos de guerra. Só depois ela se popularizou entre os humanos e agora volta a ser espaço entre os animais domésticos”, disse ele.
O médico especialista no assunto explicou ainda que embora a anatomia dos animais seja diferente a dos humanos, a técnica usada é a mesma, com agulhas iguais àquelas aplicadas na acupuntura em pessoas. “Os veterinários, inclusive, fazem o curso tradicional e adaptam para os animais. E mais: existem alguns recursos na veterinária que a humana ainda não usa, como a aplicação de partículas de ouro nos acupontos. Essa estratégia é usada em paciente crônicos (que não terão alta e precisam de acompanhamento fequente). Geralmente, quando esse procedimento é usado, o animal passa até três anos sem precisar fazer sessões, voltam apenas para repor uma ou outra partícula”, ressaltou o veterinário.
E se engana quem pensa que os animais se assustam com as furadinhas. Há casos de cães que dormem durante as sessões. Já os felinos são um pouco mais desconfiados com as agulhas e podem passar por outro tipo de técnica de acupuntura que suspende o uso das furadas. Os valores, número de sessões necessárias e tipo de técnica usada durante o tratamento são variáveis. Todo procedimento depende de caso para caso.
A tabeliã Manuela Albuquerque, por exemplo, investiu R$ 800 em dez sessões para curar seu cãozinho Apolo, um maltês de quatro anos. Na época do primeiro tratamento, o cachorrinho tinha apenas dois meses de vida sofreu com a chamada doença do carrapato. “Ele ficou fragilizado e desenvolveu um quadro de ansiedade por causa do grande número de procedimentos médicos. O objetivo era tranquilizar ele, tornar mais sociável”, relembrou ela que hoje é uma entusiasta da acupuntura veterinária.
“O Apolo também precisou fazer sessões por três meses, recentemente, por causa de dores nas costas. É incrível como dá para notar que ele muda para melhor. Come bem, dorme mais tranquilo e de quebra resolve o problema dele das costas. Eu digo que a acupuntura muda tudo no corpo dele. Dá mais equilíbrio ao organsimo”, comentou ela que defendeu: “Muita gente trata como se fosse uma frescura minha, mas eu sei que o preço é quase nada perto dos benefícios. Se fosse uma cirurgia nas costas dele, por exemplo, não teria nem comparação quanto aos riscos e gastos com o procedimento.”
Popularização
A professora de veterinária Evilma Rodrigues revelou que a busca por mais informações sobre a acupuntura animal é tanta que a universidade incorporou os serviços aos atendimentos do Hospital Veterinário Escola do Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE, que funciona no bairro de Dois Irmãos, Zona Oeste do Recife. “Vamos até ter um curso de acupuntura veterinária com previsão de ser feito ainda neste semestre. Em vez dos profissionais adaptarem as técnicas de humanos em animais, eles poderão aprender já com as informações veterinárias”, anunciou.