Rebeca Andrade não é uma campeã apenas nas apresentações dentro da ginástica artística, como a que garantiu a medalha de prata no individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A paulista de 22 anos também sabe se posicionar com firmeza e, mesmo com a pouca idade, mostra ter consciência da representatividade que tem.
Mesmo com a pressão por um pódio inédito, que aumentou diante da desistência da norte-americana Simone Biles da competição, Rebeca brilhou na apresentação desta quinta-feira (29/7) e atribuiu a vitória à mentalidade que tem. “Hoje, sou uma atleta diferente justamente pela cabeça que tenho”, disse em entrevista à Globo após a competição.
A intelectualidade da menina de 22 anos é vista nas declarações que Rebeca já deu ao longo dos Jogos de Tóquio. Veja algumas declarações da filha da Dona Rosa, mãe solo de oito filhos, que acabou convencendo Rebeca a não desistir diante da terceira cirurgia de ligamento no joelho, em 2019.
Veja declarações marcantes da Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Tóquio
Sobre a escolha de um estilo de música marginalizado
“Trazer a cultura funk para o outro lado do mundo foi incrível”
Sobre saúde mental e a desistência de Simone Biles das finais
“As pessoas têm de entender que o atleta não é um robô, é um humano. A desistência da Simone Bile foi a decisão mais sábia que poderia ter tomado por ela, não pelos outros. Hoje, sou uma atleta diferente justamente pela cabeça que tenho. Se fosse em 2016, acho que estaria muito crua. O que eu sempre admirei na Simone Biles era o psicológico dela. Todo mundo sabe que ela é a melhor do mundo, ela é incrível. A pressão em cima dela era muito grande. Mas ela tem de entrar no ginásio para se divertir. Eu fiquei orgulhosa por ela ter pensado nela antes de qualquer coisa. Estou muito feliz por ela e por ter conquistado a minha medalhinha”
Sobre os uniformes longos da equipe alemã de ginástica em ato de protesto contra a sexualização no esporte
“As pessoas têm que nos respeitar, a gente tem que usar o que se sente confortável e diminuir ao máximo esse lado sexualizado da mulher. Isso mostra que a gente está lutando por uma coisa que vai fazer a diferença, que vai fazer outras gerações se sentirem melhor. Se sentir confortável num collant que te deixa segura é o melhor a se fazer”
Flavia Saraiva, ginasta que também representa o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, fez coro no tema:
“É uma vitória das mulheres. A gente veio trabalhando não só de hoje, mas durante anos. É uma vitória para a gente também. Eu me sinto confortável (no collant tradicional), mas a gente recebe várias mensagens no Instagram, outras redes, até pessoas na rua, quando a gente está de roupa… Elas buscando isso é uma vitória para todas as mulheres do mundo”
Por Maíra Nunes e Maria Eduarda Cardim