A temporada 2019 pode ser considerada um divisor de águas para o futebol feminino no Brasil. O ano foi marcado pela Copa do Mundo na França, em que todas as partidas da Seleção Brasileira foram transmitidas em canal aberto de televisão por duas emissoras (Band e Globo) pela primeira vez. O torneio obteve recordes de audiência em todo o planeta. Em meio à evolução da modalidade no país, o Distrito Federal não ficou de fora. A 23ª edição do Candangão Feminino mostrou desde o início, com oito equipes – três a mais do que no ano anterior –, um maior engajamento local.
No entanto, com a transmissão do jogo de volta da final entre Real Brasília e Minas/Icesp pela TV Brasília, o campeonato do DF também provou que será histórico. Pela primeira vez um jogo local de futebol feminino será transmitido por um canal aberto de televisão na capital do país. O duelo decisivo ocorre neste sábado (7/12), às 14h, no Estádio Abadião. Na partida de ida, o placar ficou 1 x 1.
O feito revela a valorização do torneio local feminino ao longo das temporadas. Luciana Leite, de 31 anos, atleta de Santa Maria, disputa o Candangão desde 2008. A atacante, que defende o Real Brasília, jogou as últimas edições do campeonato pelo Gama e acompanhou a evolução da modalidade em Brasília. “A gente se sente valorizada por ter transmissão. Além disso, os clubes estão investindo nas atletas e na estrutura. Antes, não era assim. Isso incentiva as meninas mais jovens, mostra que há um futuro no futebol feminino”, aponta a meia-atacante.
A competição também encantou Marcela Hulk, carioca que defendeu o Maccabi Hadera, em Israel. A atacante saiu do Oriente Médio para vestir a camisa do Minas/Icesp. “A gente sempre se espelha no futebol masculino e ter uma partida televisionada para nós significa a valorização do nosso trabalho”, comemora.
As “Minas” estão em busca do tetracampeonato candango. O time venceu os últimos três torneios de forma consecutiva. Além disso, o Minas/Icesp está na Série A do Campeonato Brasileiro. Do outro lado, está o estreante. No ano em que o Real Brasília criou o departamento feminino, a equipe eliminou o Cresspom, o maior campeão brasiliense, e chegou à final. “Tudo se baseia no investimento. Quando uma equipe tem investimento e qualidade, consegue chegar a lugares maiores”, analisa a atacante Hulk.
O Real Brasília terminou a fase de classificação como líder do campeonato e foi o time que mais fez gols. Ao todo, as Leoas do Planalto marcaram 74 vezes em 10 jogos. “São dois times bem estruturados. Para o Minas, é importante para elas atingirem o quarto título. Se a gente levantar o caneco, será a nossa primeira vez e vai ser invicto”, pondera Luciana, meia do Real. Se o resultado durante os 90 minutos de jogo for de empate, a decisão será nas penalidades máximas.
Show das mascotes e das artilheiras no Candango feminino
Uma das novidades do campeonato são as mascotes. No primeiro jogo da final, “Nayzinha”, do Minas/Icesp, e o Leão do Planalto, do Real Brasília, roubaram a cena no Estádio Abadião com abraços e rivalidade amistosa. Pela primeira vez, as personagens simbólicas das equipes femininas estiveram presentes em um jogo. A mascote do Minas, “Nayzinha”, representa as presidentes do clube, as irmãs Nayara e Nayeri Albuquerque. O Leão do Planalto foi criado por ocasião da fundação do Real Brasília em 2016.
Outro destaque está na linha de frente dos dois ataques. O confronto coloca frente a frente duas xarás goleadoras. Marcela Hulk, do Minas, é a vice-artilheira do torneio, com 13 gols. A outra é Marcela de Cássia, autora do gol de empate do Real Brasília no primeiro jogo da final. A atleta é a principal goleadora do campeonato, com 18 bolas nas redes em 10 jogos. “Minha família de Minas Gerais vai poder assistir ao jogo. Para o futebol feminino é tudo que a gente precisa”. (MF)
FICHA TÉCNICA
Candangão Feminino
Final (jogo de volta)
Real Brasília x Minas Icesp
Real Brasília (4-3-3)
Letícia; Jéssica Bahia, Jamille, Isabela, Nathalia; Luciana, Maiara Sasá; Marcela Amanda e Dani Silva
Técnico: Evilásio de Almeida
Minas/Icesp (4-3-3)
Raissa; Natália, Andiara, Kaká, Jéssica; Luyara, Camila Pini e Robinha; Marcela Hulk, Bárbara e Suzana
Técnico: Singol Santos
Local: Estádio Abadião (Ceilândia)
Data: Sábado (7/12), às 14h
Árbitro: Marcelo Rudá
Transmissão: TV Brasília
Entrada: 1kg de alimento
*Por Mariana Fraga
*Estagiária sob a supervisão de Fernando Brito