O Brasil estreou nos Jogos Olímpicos de Tóquio com vitória maiúscula do futebol feminino. A Seleção Brasileira começou com muita intensidade e venceu a China, por 5 x 0, nesta quarta-feira (21/7), no estádio de Miyagi, pelo Grupo F. Assim, manteve a invencibilidade nas estreias de Olimpíadas desde que o futebol feminino integra o esporte olímpico, em Atlanta-1996. São sete inícios empolgantes do Brasil, mas apenas em Londres-2012, diante de Camarões, ele ocorreu de forma tão convicta como, agora, no Japão.
Do pé de Marta saiu o primeiro gol dos Jogos de Tóquio, tornando a craque brasileira a primeira jogadora a marcar em cinco edições olímpicas, todas que ela disputou. Depois, a camisa 10 balançou as redes mais uma vez, chegando a 12 gols na competição, apenas dois atrás de Cristiane, a maior artilheira do torneio, cortada da lista final desta edição.
Antes do jogo, quando os equipamentos estavam sendo testados, o placar chegou a mostrar 3 x 0 para o Brasil. Marta brincou com o fato: “O jogo já pode começar assim?”. Mas a realidade foi ainda melhor, com vitória mais elástica. Debinha, Andressa Alves e Bia Zaneratto completaram a goleada brasileira.
O tal “samba style” brasileiro
No primeiro torneio oficial sob o comando da técnica Pia Sundhage, a Seleção Brasileira soube resistir à pressão inicial imposta pela China e dominou o primeiro tempo. Aos 8 minutos, Debinha, que assumiu protagonismo na Era Pia, cabeceou no travessão, Bia brigou pelo rebote e a bola sobrou para Marta chutar, abrindo o placar. A movimentação do trio Marta-Debinha-Bia Zaneratto seguiu funcionando muito bem, abrindo espaços para a criação de jogadas de perigo.
O Brasil chegou ao segundo gol aos 21 minutos. Bia chutou forte, a goleira deu rebote para Debinha apenas empurrar para o fundo das redes. Era o Brasil colocando em prática o tal “samba style”, termo usado por Pia para descrever o estilo criativo e habilidoso do ataque brasileiro. Já o setor defensivo da equipe ganhou um jeitão com mais cara da treinadora sueca, preocupado com a organização. E passou ileso diante da China.
Bárbara e trave seguram a China
Mas para sair zerado da estreia, o Brasil contou com a goleira Bárbara e três intervenções providenciais da trave. Na volta do intervalo, a defesa brasileira já não foi tão bem, dando mais espaço às adversárias. Aos dois minutos, Bárbara parou a atacante Wang Shanshan, que foi lançada nas costas da zaga brasileira. Na sequência, a China acertou a trave e, aos 21 minutos, Zhang Xin recebeu sozinha na área e finalizou cruzado. A goleira do Brasil salvou com mais uma bela defesa.
Sustos suficientes para fazer a Seleção Brasileira acordar e voltar a ser dominante. Aos 28 minutos, Marta novamente foi decisiva. Em um bate-rebate na área chinesa, a bola sobrou para a atacante, que chutou de primeira pela direita da área, surpreendendo a goleira. A bola morreu no cantinho do gol, colocando a Rainha do futebol já na briga pela artilharia da competição.
Andressa Alves e a generosidade de Marta
Ainda deu tempo para Andressa Alves brilhar. A meia atacante chegou a ser listada como suplente (possível substituta a ser convocada em caso de lesão de uma companheira), mas entrou para valer nos Jogos Olímpicos de Tóquio após a Fifa ampliar o limite para 22 jogadoras por equipe, devido à pandemia. Andressa entrou no segundo tempo e sofreu pênalti de Wang Xiaoxue. Assim que levantou do lance, ela pegou a bola e contou com a generosidade de Marta, cobradora oficial, que abriu mão da cobrança. Andressa Alves retribuiu a companheira convertendo a penalidade, aos 36 minutos.
“Sinceramente, fiquei triste quando saiu a lista, porque eu sei o quanto me dediquei. Mas Deus nos surpreende de uma forma que a gente não imagina. As 18 viraram 22. A Pia me deu a oportunidade de entrar e a Marta, de bater o pênalti. Esse gol também é dela”, comemorou Andressa. Marta, por sua vez, declarou a alegria de poder contar com as 22 atletas no grupo. “Aqui não tem vaidade. Tem uma equipe que vai trabalhar do início ao fim. Fiquei feliz que ela fez o gol. Se ela tivesse perdido, aí o bicho iria pegar”, brincou.
Ainda coube espaço para Bia Zaneratto fechar a goleada. A atacante vive ótima fase e participou diretamente dos três primeiros gols. O dela, enfim, saiu aos 43 do segundo tempo, após cruzamento na medida da Debinha. Vitória empolgante para as brasileiras, que enfrentam a Holanda, no sábado (24/7), às 8h (horário de Brasília) pela 2ª rodada. O Brasil está no Grupo F, que ainda tem a Zâmbia.
Ficha técnica
China 0
Peng Shimeng; Luo Guiping, Wang Xiaoxue e Li Qingtong; Li Mengwen, Wang Yan (Wurigumula), Yang Lina, Miao Siwen (Liu Jing), Wang Shuang e Zhang Xin; Wang Shanshan. Técnica: Jia Xiuquan
Brasil 5
Bárbara; Bruna Benites, Érika, Rafaelle e Tamires; Formiga (Júlia Bianchi), Andressinha, Duda (Andressa), Marta (Ludmila); Bia Zaneratto e Debinha. Técnica: Pia Sundhage.
Gols: Marta, aos oito, Debinha, aos 21 minutos do primeiro tempo. Marta, aos 28, e Andressa Alves, aos 36, e Bia Zaneratto, aos 43 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Kateryna Monzul (Ucrânia).
Local: Estádio de Miyagi, no Japão.