Campeões brasileiros de vôlei de praia tiram do bolso para se bancar

Compartilhe

A realidade financeira segue cruel para o esporte brasileiro após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Entre as modalidades que mais rendem medalhas ao país, as atuais duplas campeãs brasileiras de vôlei de praia se desdobraram em uma temporada sem patrocínios. “Tem sido o pior momento disparado do vôlei de praia, e do esporte como um todo, no Brasil. Todas as empresas saindo e os atletas se desdobrando para manter suas equipes”, lamenta Carol Solberg, 30 anos, eleita a melhor jogadora do circuito brasileiro 2017/2018.

Ao lado de Maria Elisa, Carol Solberg sagrou-se campeã do Circuito Brasileiro por uma diferença mínima contra Ágatha e Duda. Após uma temporada de muito equilíbrio, o título de campeãs brasileiras coroou a regularidade e a frieza da dupla para contornar os momentos mais difíceis. “Todo o dinheiro que ganhamos no ano investimos para correr o Circuito Mundial e pontuar, porque estávamos sem patrocínio nenhum”, revela Carol.

Com a dupla campeã masculina não é diferente. Evandro e André Stein ganharam tudo o que foi possível na temporada. Os atuais campeões brasileiros e mundiais fecharam a conta ao levantarem a taça do SuperPraia, no último domingo (29/4), em Brasília. “Trabalhamos neste um ano em que estamos juntos sem nenhum patrocínio e, às vezes, até tirando do próprio bolso, tendo excelentes profissionais trabalhando conosco”, conta Evandro, eleito dono do melhor saque e do melhor ataque do Circuito Brasileiro aos 27 anos. O parceiro dele, André Stein, foi eleito o melhor jogador da temporada nacional aos 23 anos.

Tanto a dupla masculina quanto a feminina que conquistaram o Circuito Brasileiro são recentes, montadas há cerca de um ano. Entre elas há ainda outras curiosidades. Evandro disputou os Jogos do Rio-2016 ao lado de Pedro Solberg, irmão de Carol. É baseada na experiência da dupla masculina que a jogadora lamenta a forma como os patrocínios despencam a cada fim de Jogos Olímpicos. “Eu acompanhei de perto pelo meu irmão. A Olimpíada do Rio acabou em agosto e tiveram empresas que em outubro já saíram. É muito frustrante”, conta.

Caminhada de Maria Elisa e Carol Solberg no Brasileiro

FIVB/Divulgação

1ª etapa – Campo Grande (MS): prata

2ª etapa – Natal (RN): prata

3ª etapa – Itapema (SC): ouro

4ª etapa – Fortaleza (CE): ouro

5ª etapa – João Pessoa (PB): 9º lugar

6ª etapa – Maceió (AL): bronze

7ª etapa – Aracajú (SE): bronze

Caminhada de Evandro e André Stein no Brasileiro

Andrés Stein e Evandro no alto do pódio do SuperPraia / Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press

1ª etapa – Campo Grande (MS) – ouro

2ª etapa – Natal (RN) – 5º lugar

3ª etapa – Itapema (SC) – ouro

4ª etapa – Fortaleza (CE) – prata

5ª etapa – João Pessoa (PB) – ouro

6ª etapa – Maceió (AL) – bronze

7ª etapa – Aracajú (SE): ouro

Investimentos só chegam perto das Olimpíadas

No vôlei de praia, o Brasil ganhou pelo menos uma medalha de prata em todas as edições desde que a modalidade integrou as Olimpíadas, nos Jogos de Atlanta, em 1996. Ao todo, o país já ganhou 13 medalhas olímpicas no vôlei de praia, sendo 3 ouros, 7 pratas e 3 bronzes (veja os medalhistas abaixo).

Ainda assim, o investimento é extremamente pontual. “Eu já vivi um ciclo olímpico em que as empresas pensaram em mim apenas dois anos antes das Olimpíadas, quando eu me classifiquei”, diz Maria Elisa, que disputou os Jogos de Londres-2012 ao lado de Talita.

Aos 34 anos, Maria Elisa se juntou a Carol em maio de 2017 para jogar o Mundial e o Brasileiro. Já em junho de 2017, ganharam a etapa de The Hague, na Holanda. O início da dupla foi totalmente com dinheiro investido do próprio bolso. Elas passavam no cartão de crédito e contavam com bons resultados nos torneios para conseguir pagar.

Atualmente, contam com dois apoiadores, mas os custos para manter uma dupla de alto rendimento no vôlei de praia inclui técnico, dois auxiliares, nutricionista, psicólogo, preparador físico, fisioterapeuta, academia, assessoria de imprensa. A parte da estatística, por exemplo, muitas vezes é feita pelo marido da Maria Elisa.

Todas as vezes que o Brasil subiu ao pódio em Olimpíadas

Bruno Schmidt e Alison Cerutti – ouro na Rio-2016

Ágatha Bednarczuk e Bárbara Seixas – prata na Rio-2016

Emanuel Rego e Alison Cerutti – prata em Londres-2012

Juliana Silva e Larissa França – bronze em Londres-2012

Fabio Luiz e Márcio Araújo – prata em Pequim-2008

Emanuel Rego e Ricardo Alex Santos – bronze em Pequim-2008

Emanuel Rego e Ricardo Alex Santos – ouro em Atenas-2004

Adriana Behar e Shelda Bede – prata em Atenas-2004

Adriana Behar e Shelda Bede – prata em Sydney-2000

Zé Marco Melo e Ricardo Alex Santos – prata em Sydney-2000

Sandra Pires e Adriana Samuel – bronze em Sydney-2000

Sandra Pires e Jaqueline Silva – ouro em Atlanta-1996

Adriana Samuel e Mônica Rodrigues – prata em Atlanta-1996

Maíra Nunes

Posts recentes

Macris diz que lesão nas Olimpíadas está cobrando o preço: “Longe dos meus 100%”

Como se não bastasse a intensidade de sentimentos por disputar os primeiros Jogos Olímpicos da…

3 anos atrás

Atacante Nycole, de Brasília, rompe LCA e adia sonho com a Seleção

A brasiliense Nycole Raysla, 21 anos, atacante do Benfica que vinha sendo convocada nos últimos…

3 anos atrás

Goleira do Minas Brasília, Karen é convocada para a Seleção Brasileira

Goleira do Minas Brasília, Karen Hipólito é um dos nomes novos a ter oportunidade na…

3 anos atrás

Medalhas femininas do Brasil praticamente dobram da Rio-2016 para Tóquio-2020

O Brasil encerrou os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 com a melhor campanha da história no…

3 anos atrás

Canadá vence Suécia na primeira final olímpica do futebol feminino definida nos pênaltis

Definida pela primeira vez na disputa dos pênaltis, a final olímpica do futebol feminino terminou…

3 anos atrás

Sem Tandara, Brasil domina Coreia do Sul e pegará EUA na final de Tóquio-2020

Após ser acordada com a notícia bomba do corte da oposta Tandara dos Jogos Olímpicos…

3 anos atrás