Brasileirão A2 feminino começa com 10 clubes de peso do masculino

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POR MARIANA FRAGA –

A Série B do Campeonato Brasileiro de futebol feminino começou com destaque à quantidade de participantes — mais que dobrou — e à invasão de camisas tradicionais do futebol masculino. Dez times da elite masculina vão ser representados no Brasileirão A2 feminino. O motivo é a exigência da CBF, expressa no Manual de Licenciamento de Clubes da Série A de 2019, para que as agremiações apresentassem equipes femininas em campeonatos oficiais.

A maneira encontrada para absorver parte das equipes criadas foi oferecer sete vagas para os times mais bem posicionados no ranking nacional de clubes masculino de 2019. Assim, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético-MG, Botafogo, São Paulo, Fluminense e Vasco entraram na disputa. Além deles, Ceará, Grêmio e Chapecoense estavam classificados por terem conquistado a classificação no Estadual. Ao todo, o Brasileirão A2 feminino ficou com 36 clubes.

Essa realidade é bem diferente desde a criação da segunda divisão feminina em 2017. No primeiro ano do torneio, não havia clubes tradicionais do futebol masculino na disputa. Em 2018, no entanto, quatro agremiações tinham nomes conhecidos do grande público: América-MG, Internacional, Grêmio e Vitória-BA.

A estreia do Cresspom, time do Distrito Federal que disputa a liga de acesso à elite pela segunda vez, será contra o Fluminense neste sábado (30/3), às 15h, no estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Além do tricolor carioca, Vasco e Cruzeiro estão no grupo do representante da capital do país.

Camisa reflete no campo?

Fluminense é um dos clubes que garantiram vaga no Brasileirão A2 pelo ranking masculino | Netflu

Para a meia-atacante Taiana Almeida, 27 anos, o peso da camisa não quer dizer qualidade. “Neste ano, os times masculinos foram obrigados, pois muitos não queriam ter times de futebol feminino. O Fluminense e até o Vasco tiveram uma trajetória com a base, mas não posso dizer que eles têm um time forte. Quem tem peso é o masculino. No feminino, ainda tem de conquistar”, opina a atleta do Cresspom.

Taiana foi um dos reforços da equipe aurinegra do DF para jogar a Série B deste ano, torneio que ela conhece bem. Em 2018, a meia-atacante defendeu o Vitória-BA e chegou à decisão do título contra o Minas Icesp, faturando o segundo lugar e a classificação para a elite pela equipe baiana. Agora no Cresspom, o propósito continua o mesmo. “Meu objetivo é chegar entre as quatro melhores e conquistar o acesso”, destaca.

Outra destaque do elenco é a experiente Tânia Maranhão. Aos 44 anos, a zagueira participou de três Copas do Mundo (1999, 2003 e 2007) – sendo vice-campeã em 2007 – e quatro Olimpíadas (1996, 2000, 2004 e 2008). Além disso, tem passagem por times da Espanha, do Japão e dos Estados Unidos. No ano passado, a atleta chegou às semifinais do campeonato com o 3B da Amazônia.

Tânia joga futebol há 34 anos e perdeu as contas do número de campeonatos nacionais que disputou. Ela iniciou a preparação para a temporada de 2019, no Cresspom, em 27 de janeiro e elogiou a equipe. “O nosso elenco não é composto apenas por 11 titulares. O nosso banco é forte. Essa mescla é muito importante para a equipe. Se eu sair, a Tati vai entrar sem baixar a qualidade”, diz a veterana zagueira.  E avisa: “O meu grupo está preparado para quem for e não importa a camisa”.

Há oito anos no comando técnico do Cresspom, Robson Marinho também participou da primeira temporada da equipe na série B em 2017. Para este ano, o time passou por uma remontagem. Saíram 10 jogadoras e chegaram outras 10 para compor o elenco, que agora tem mais de uma atleta por posição. Elas treinam de segunda a sexta-feira no Clube Recreativo de Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar do Distrito Federal. Os jogos em casa serão mandados no Estádio Abadião, em Ceilândia.

O Cresspom, time do DF, disputa o Brasileirão A2 feminino pela segunda vez em 2019 | Divulgação

Mudanças na fórmula do campeonato

A fórmula do Campeonato Brasileiro A2, em 2019, sofreu mudanças significativas em relação ao modelo adotado nos últimos dois anos. Até 2018, 16 equipes participaram da primeira fase e eram divididas em dois grupos com oito times. Os dois com melhor desempenho em cada chave avançavam para as semifinais e, depois, finais.

Neste ano, a fase de abertura contará com 36 equipes, que tiveram sete vagas definidas pelo ranking masculino, 27 oriundas dos Estaduais e mais dois times rebaixadas da elite em 2018. Os participantes foram divididos em seis grupos. Na etapa de classificação, cada time fará cinco jogos. No entanto, em 2019, o torneio ganhou duas etapas a mais. As duas primeiras colocações de cada grupo e os quatro melhores terceiros lugares vão se classificar para as oitavas de final.

Os confrontos das oitavas serão definidos por sorteio e disputados em jogos de ida e volta. Em caso de empate, a decisão será nos pênaltis. Outra novidade no regulamento da competição será a possibilidade de quatro equipes subirem para a elite do Brasileirão Feminino.

Para a equipe da capital federal se dar bem no campeonato, o treinador sugere foco a curto prazo. “Primeiro, será um tiro curto. Precisamos fazer cinco bons jogos na fase inicial para permanecer no torneio. Depois disso, pensamos nas próximas etapas”, aponta Marinho.

Maíra Nunes

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