Torneio de futevôlei contra violência à mulher tem recorde de duplas femininas

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“A ideia era apenas jogar futevôlei, fazer uma confraternização, algo simples. Mas cresceu de um jeito impressionante”, é assim que Marjorie Veiga, 43 anos, descreve o Torneio Futevôlei Raiz, que reunirá 25 duplas femininas e 16 masculinas a partir de 9h deste sábado (29/3), na Associação Atlética de Brasília (AABB), em Brasília. A competição não faz parte do calendário oficial nem conta com premiação em dinheiro. Mas promove campanha contra a violência à mulher, fortalecendo a #NenhumaAMenos.

“Jogo futevôlei há 19 anos e nunca vi tanta mulher junta em um torneio, ainda mais sem premiação”, surpreende-se Marjorie, que faz parte do grupo de mulheres pioneiras no futevôlei de Brasília resolveu organizar o campeonato. “O objetivo é agregar, mostrar o crescimento do futevôlei, principalmente, entre as mulheres. E, claro, fortalecer o grito de basta de violência contra as mulheres”, completa.

Os altos índices de feminicídio evidencia como a luta pela vida das mulheres é uma causa urgente. Nos dois primeiros meses de 2019, mais de 17,8 mil casos de violência doméstica e familiar foram registrados na Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência no Brasil, por meio do telefone 180. A hashtag #NenhumaAMenos surgiu na Argentina após estupro e assassinato de Lucia Perez, 16 anos, por três homens em 2015. A comoção deu origem à campanha, que ganhou força principalmente na América do Sul.

A taquigrafia Débora Amaral, 33 anos, ressalta que a luta contra o machismo precisa ocorrer em todos os ambientes, seja em casa, na escola, nas artes e, porque não, no esporte. Para responder sobre a importância do torneio abraçar essa temática, Débora compartilha a história de uma colega que tem quase 90 anos: “Ela teve de ir contra a própria mãe para poder praticar vôlei no Rio de Janeiro. Se estamos disputando um campeonato de futevôlei hoje, é porque outras mulheres lutaram por direitos iguais antes de nós”.

“Mulher tem de estar onde quiser, em qual esporte quiser”

Lana Miranda, referência no futevôlei: “Se juntas somos fortes, unidas somos invencíveis” | Ed Alves/CB/D.A Press


Referência no futevôlei, Lana Miranda procurou uma brecha na agenda recheada de competições oficiais para poder participar do Torneio Futevôlei Raiz, em Brasília. “Não é só uma competição, mas uma união das mulheres. O torneio reforça a importância da presença feminina no esporte, ainda mais em um esporte com muitos resquícios machistas”, explica a jogadora com 22 anos de futevôlei.

“Se nascemos mulher, já nascemos com preconceito e temos de lutar contra isso ao longo das nossas vidas”, critica Lana. A dona de 11 títulos mundiais no futevôlei conta que o preconceito sempre foi muito grande desde que começou no futebol. Por isso, a constatação de que o mundo vive um momento de empoderamento feminino orgulha Lana. “Se juntas somos fortes, unidas somos invencíveis”, propaga.

Lana observa que a mulher vem crescendo no futevôlei, “tanto em número de praticantes quanto em técnicas”. Nas praias, não é difícil vê-las em rodas de “altinha”. E, mesmo longe do mar, o esporte mostra força. Lana calcula que Brasília tem mais de 80 quadras de futevôlei. “Quando uma mulher chega em uma dessas quadras é legal, é desafiador”, descreve.

Serviço:

Torneio Futevôlei Raiz

Data: Sábado (30/3), a partir das 9h
Local: Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB (Setor de Clubes Esportivos Sul, trecho 2 – Brasília)

Maíra Nunes

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Maíra Nunes

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