Montpellier (França) — Mordida pela derrota na estreia diante da Itália, a Austrália entrou em campo com tudo para cima do Brasil, nesta quinta-feira (13/6), pela segunda rodada do Grupo C, da Copa do Mundo da França. O algoz brasileiro da última Copa voltou a incomodar o Brasil e ofuscou o retorno de Marta à Seleção Brasileira, que teve direito até a gol. De virada, a Austrália ganhou por 3 x 2 do Brasil, no Stade de la Mosson, em Montpellier.
Apesar do gosto amargo em que as brasileiras saíram do jogo, a partida foi agitada. No duelo, teve Marta balançando as redes de pênalti na estreia dela neste mundial, Cristiane ampliando a conta para a artilharia do time e protagonismo do VAR em dois lances decisivos. Por fim, a Austrália saiu vitoriosa após conseguir uma virada improvável sobre o Brasil no segundo tempo com um gol contra da zagueira Mônica.
A Austrália, que chegou como favorita da chave teve mais posse de bola durante toda a partida, somando 57% ao fim do confronto. Mas, ao menos no começo do jogo, o Brasil soube suportar os avanços australianos. No entanto, a Seleção Brasileira não aguentou a pressão das Matildas durante o segundo tempo e cedeu a vitória.
Com o resultado, o Brasil permanece em primeiro lugar do grupo, até o momento por causa do saldo de gols. Pela frente, o grupo comandando por Vadão enfrenta a Itália no último jogo da fase de grupos. Enquanto isso, a Austrália pega a Jamaica.
Marta se iguala a Klose
Com o gol da estreia, Marta se igualou ao alemão Miroslav Klose como maior artilheira das Copas do Mundo. Com 16 gols, a melhor do mundo ainda pode passar o goleador da Alemanha já que o Brasil encara a Itália na última rodada da fase de grupos da competição.
Marta também se tornou a primeira atleta da história, entre homens e mulheres, a fazer gol em cinco Copas do Mundo. Este é o quinto Mundial da alagoana. Depois do gol de pênalti, Marta não teve outras grandes chances e foi substituída no intervalo.
Um jogo recheado de gols e consultas ao VAR
O confronto entre Austrália e Brasil teve o primeiro lance polêmico aos 19 minutos de jogo. A bola bateu na mão da australiana Alanna Kennedy e todas as jogadoras brasileiras próximas da jogada reclamaram. O lance, porém, seguiu e logo na sequência Thaísa parou Yallop com falta dentro da área. A árbitra suíça Esther Staubli até chegou a marcar pênalti, mas solicitou o VAR para analisar a infração sofrida pelo Brasil no lance anterior e confirmou o toque de mão, para alívio dos brasileiros.
Quatro minutos depois, outra marcação de pênalti. Tamires cruzou e Letícia Santos teve a camisa puxada por Knight. Desta vez, não houve dúvidas. Marta foi para a cobrança. Com categoria, a capitã bateu no canto esquerdo enquanto a goleira Lyndia Williams pulou para o outro lado. Foi primeiro gol da Rainha do futebol na Copa da França, e o 16º dela em mundiais, ampliando a marca como artilheira da competição.
O jogo seguiu pegado. As brasileiras evidenciavam uma tranquilidade maior para lidar com o ímpeto adversário. Em jogada individual pela esquerda, Tamires deu um drible sensacional por debaixo das pernas da adversária e lançou para Debinha na velocidade, que cruzou da lateral esquerda para Cristiane resvalar de cabeça dentro da área. A bola entrou caprichosamente no gol, raspando a trave esquerda da goleira Lyndia Williams. Exaltação entre os brasileiros nas arquibancadas, que fizeram muito barulho mesmo estando em minoria.
Após sofrer o segundo gol, a Austrália voltou a envolver o Brasil. No fim do primeiro tempo, as Maltildas encaixaram uma sequência de lances perigosos e chegaram ao gol no último minuto dos acréscimos da parcial. Bárbara não saiu bem após cruzamento da esquerda, mas Mônica ainda conseguiu afastar de cabeça. O rebote, no entanto, foi da Austrália, que voltou a levantar a bola na área. Dessa vez, Chloe Logarzo resvalou de cabeça e a bola sobrou no pé da Caitlin Foord, que diminuiu a diferença ainda no primeiro tempo.
Marta e Formiga fora no segundo tempo
Duas referências do Brasil foram substituídas no intervalo. Marta, que se recuperou de lesão recente, saiu para a entrada de Ludmila. E Formiga sentiu um pisão no pé e deu lugar a Luana. Durante o segundo tempo, a atacante Cristiane também saiu. Bia Zaneratto foi para campo. A equipe comandada por Vadão sentiu a ausência do trio tido como pilar do elenco. Debinha e Andressa Alves passaram a ser mais ativadas. Mas foram dois lances isolados que definiram o resultado da disputa.
Chloe Logarzo acertou um chute de muito longe aos 13 minutos do segundo tempo. Bárbara foi atrapalhada por uma movimentação australiana dentro da área e não chegou na bola. O empate veio em um lance que parecia desprentensioso. Aos 23, outra bobeira brasileira custou a virada australiana. Van Egmond lançou para Foord, que disputou no alto com a zagueira Mônica, encobrindo Bárbara antes de morrer no fundo da rede. A bandeirinha apontou impedimento, que anularia o terceiro gol sofrido pelo Brasil. Novamente o VAR foi acionado, mas foi a jogadora brasileira quem cabeceou e acabou validando o gol, que foi contra.
O Brasil ainda se atirou ao ataque em busca do empate, mas sem sucesso. Ao fim da partida, a frustração era evidente no rosto de cada jogadora. Andressa Alves ficou sentada no gramado por algum tempo, tentando digerir a derrota. Já Vadão não considerou o desempenho brasileiro ruim. O técnico explicou que as substituições de Marta e Formiga foram feita por necessidades físicas das atletas. “Os gols saíram de dois lances que pegaram a Bárbara de supresa. Mesmo não repetindo a atuação do primeiro tempo, consideramos os gols tomados pelo Brasil acidentais”, declarou Vadão, após a derrota.
Por Maíra Nunes e Maria Eduarda Cardim — Enviadas especiais
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