A Seleção Brasileira de vôlei feminina venceu pela 12ª vez o Grand Prix, principal competição internacional deste ano. Sob o comando de José Roberto Guimarães, a equipe ganhou da Itália na final por 3 sets a 2 e terminou como campeã uma trajetória cheia de oscilações. Mas o pouco espaço que elas têm em cargos de comando é algo a se atentar. Entre as 32 seleções que iniciaram a disputa do campeonato feminino, a representação das mulheres como treinadoras ficou por conta apenas de Kumi Nakada, à frente da equipe japonesa, e de Shannon Winzer, pela seleção australiana.
Aos 51 anos, Kumi Nakada assumiu a seleção japonesa neste ano com a responsabilidade de preparar a equipe que disputará as Olimpíadas em casa, nos Jogos de Tóquio, em 2020. Assim, tornou-se a primeira treinadora de vôlei mulher do Japão.
Kumi se tornou técnica em 2012, no time Hisamitsu Springs e levou o clube a três títulos da Premier League do Japão. Mas a bagagem da modalidade ela carrega desde os tempos de jogadora, em que foi inclusive medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Kumi ainda disputou outras duas Olimpíadas: da Coréia do Sul, em 1988, e de Barcelona, em 1992.
Já a mulher à frente da seleção australiana assumiu a equipe em 2016. Formada na Universidade de Columbia Britânica, Shannon Winze se destacou como treinadora em 2013, quando assumiu a equipe de vôlei da Universidade Blues, que estava na última colocação da liga australiana de vôlei. O feito dela foi ajudar o time a sagrar-se campeão do torneio nacional no ano seguinte.
Se dentro de quadra as competições femininas só permitem a atuação de mulheres, nos cargos de técnicas elas são minoria absoluta: ocuparam apenas 6,3% dos cargos no Grand Prix 2017. É verdade que a estatística é um tanto quanto injusta. Isso porque a China está sob o comando de An Jiajie, que é assistente técnico da treinadora Lang Ping, ausente do torneio internacional que marca o início do ciclo olímpico dos Jogos de Tóquio, em 2020, por conta de uma cirurgia no quadril.
Dentre tanta concorrência pelo comando de uma seleção, Lang Ping é nada menos que a atual campeã olímpica do vôlei. Ela foi, inclusive, promovida à treinadora chefe da equipe feminina da China meses após conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Merecido, com o título em solo brasileiro Lan Ping se tornou a primeira, entre mulheres e homens, a conquistar uma Olimpíada como jogadora e treinadora no vôlei.
Dentro de quadra, foi eleita como uma das melhores jogadoras do Século 20. Ela fez parte do elenco campeão olímpico dos Jogos de Los Angeles-1984 — curiosamente nas mesmas Olimpíadas em que Kumi Nakada, hoje treinadora da seleção de vôlei do Japão, levou o bronze como jogadora.
Já do banco de reservas, Lang Ping levou a China à conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996 e os Estados Unidos ao também vice-campeonato. No comando da seleção norte-americana, Lang venceu inclusive a China, em pleno território chinês, nos Jogos de Pequim-2008, e depois perdeu para o Brasil na final.
Nos Jogos do Rio-2016, a técnica chinesa deu o troco ao eliminar a Seleção Brasileira, em pleno Maracanãzinho, pelas quartas de final. As mexidas da única treinadora mulher entre as 24 seleções que disputaram as Olimpíadas do Rio foram decisivas nas vitórias que vieram de virada tanto sobre o Brasil, quanto na final, sobre a Sérvia.
No principal campeonato nacional de vôlei, as mulheres também ainda não conquistaram espaço no comando dos times. Na Superliga feminina 2016/2017, não houve nenhuma treinadora mulher na elite. Na edição anterior, entre os 26 times, apenas o Araraquara, do interior paulista, era liderado por uma técnica, a Sandra Mara Leão. O time fechou as portas em 2016, por causa de questões financeiras.
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