Ser jogador de futebol também é sonho de menina

“Bola na trave não altera o placar/ Bola na área sem ninguém pra cabecear/ Bola na rede pra fazer o gol/ Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?” O sucesso da banda mineira Skank estourava nos idos de 1996, quando eu, aos sete anos, me sentia completamente identificada com a letra da música. Marta ainda não era conhecida, por sinal ela, aos 10 anos, provavelmente não sonhara tão alto quanto o patamar que a carreira dela viria a atingir, sendo eleita a melhor jogadora do mundo por cinco vezes consecutivas, um recorde entre mulheres e homens.

Voltando à música “Uma partida de futebol”, lembro que algumas amigas até respondiam à pergunta com um “não, eu nunca sonhei em ser uma jogadora de futebol”. Eu, claro, achava que elas apenas fingiam. Como podia alguém não se imaginar jogando em um Maracanã lotado ou em uma Copa do Mundo? Pois bem, há quase duas décadas, se tornar jogador de futebol era “sonho de menino”. Mesmo as meninas que jogavam futebol, como eu sempre fiz, o faziam no meio dos primos ou dos colegas da escola, comumente sendo consideradas raridades.

Em 2017, podemos dizer que as mulheres ganharam um pouco mais de visibilidade nos gramados brasileiros. Marta virou a principal referência mundial da modalidade feminina. A Seleção Brasileira feminina de futebol foi duas vezes vice-campeã olímpica (nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008) e ficou com a prata na Copa do Mundo de futebol de 2007. E o Brasil ovacionou, aplaudindo de pé em estádios lotados, a equipe comandada por Marta e Formiga nas Olimpíadas do Rio-2016.

Ser mulher e falar que joga futebol ainda causa certo espanto, é verdade. Mas um comercial de publicidade do banco Itaú mostrou que há quem tenha se sensibilizado para entender que meninas também sonham em se tornarem jogadoras de futebol. A um ano da Copa do Mundo da Rússia, que será a 21ª edição do evento esportivo mais assistido em todo o mundo, o comercial aborda as emoções que um Mundial consegue despertar nas crianças.

Uma garotinha é protagonista de comercial sobre futebol

A grande sacada, no entanto, é que o comercial que está circulando pela grade aberta da televisão brasileira tem como protagonista uma garotinha. Ao som da narração de uma partida de futebol com o Brasil em campo reproduzido por um celular, a pequena protagonista ajeita os golzinhos na cobertura de um prédio, posiciona os ursinhos de pelúcia pelo “campo” e coloca a bola para rolar ao apita inicial do árbitro.

Ela dribla os brinquedos, sofre falta, lamenta uma oportunidade de gol desperdiçada e comemora, junto com os adultos que a assistem da janela, quando marca o dela. A peça publicitária produzida pela agência Africa é encerrada com a frase: sonhar #issomudaojogo. Ela é vinculada ao banco Itaú, que é o patrocinador oficial de Todas as Seleções Brasileiras de futebol, a estava perto de quase 5 milhões de visualizações no Youtube.

Por Maíra Nunes