Seleção de basquete paralímpico tem tatuagem feita por promessa pelo bronze

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Lima (Peru) O basquete em cadeira de rodas costuma encantar quem assiste a uma partida pela primeira vez. Entre jogadas rápidas em meio a muito contato físico, detalhes como a tatuagem no ombro da brasileira Cléo Costa podem até passar em branco. Ao torcedor mais atento, porém, é possível reparar durante os segundos que antecedem o arremesso que ela não é a única na equipe do Brasil que disputa os Jogos Parapan-Americanos de Lima-2019. Vileide Almeida, Paola Klokler e Cleo Reis têm o mesmo desenho fixado sobre a pele, fruto de uma promessa pela conquista do bronze no Parapan de Guadalajara-2011, no México.

“Antes de entrar para a partida que valia o bronze nos Jogos de Guadalajara, todo o time prometeu que faria uma tatuagem do evento se a gente ganhasse a medalha”, conta Cléo. A conquista foi contra o México, anfitrião daquela edição parapan-americana. Após a vitória, a maioria das jogadoras gravou no braço o símbolo da competição em que a Seleção Brasileira feminina de basquete em cadeira de rodas subiu no pódio pela primeira vez. Para Vileide foi ainda mais especial, por ter sido a estreia dela no Parapan.

Vivi, como é chamada no time, foi picada por uma cobra aos 11 anos enquanto brincava com o irmão do lado de fora da casa da avó, em Curuçá, no interior do Pará. “Eu não vi a cobra, só o mato se abrindo, parecia bem grande, falam que foi um Surucucu, que é bem venenosa mesmo”, conta. Vivi ainda passou uma semana em casa sob cuidados de curador, mas a mãe quis levá-la para o hospital na cidade vizinha, Castanhal, onde teve o atendimento correto que evitou a necessidade de que ela amputasse a perna.

A sequela na perna esquerda não impede Vivi de caminhar, mesmo que com um pouco de dificuldade. É que no basquete em cadeira de rodas, os atletas são classificados conforme o comprometimento físico-motor, em uma escala de 1 a 4,5 (quanto maior a deficiência, menor a classe). A Vivi, por exemplo, é classe 4,5. Durante o jogo, a soma dos números dos cinco jogadores por equipe que estiverem em quadra não pode ultrapassar 14.

Quase metade do elenco atual da Seleção feminina esteve em Guadalajara, em 2011. Entre as remanescentes dessa conquista, Ana Aurélia e Débora Rosa não têm tatuagem. No caso de Ana, não foi nem porque ela não quis mais. O obstáculo foi a mãe, que proibiu. As colegas de equipe entenderam a justificativa. Depois, o time não voltou a prometer tatuagem. Nem quando voltou a subir no pódio no Parapan de Toronto-2015, nem caso subam desta vez. Mas aquela primeira lembrança está guardada para a vida toda.

*A repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

Maíra Nunes

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Maíra Nunes

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