Lille (França) — A desigualdade de premiação no esporte feminino em relação ao masculino, assim como o menor espaço na mídia, costumava ser pautada pelo pouco retorno de visibilidade oferecido pelas competições. Essa afirmativa, no entanto, vem caindo por terra com a oitava edição da Copa do Mundo feminina de futebol, sediada pela primeira vez na França. Dados divulgados pela Fifa mostram que há interesse, sim, pelo torneio no mundo todo e, principalmente, no Brasil.
O jogo de estreia da Seleção Brasileira no Mundial, com vitória por 3 x 0 sobre a Jamaica, teve a segunda maior audiência de tevê da história do torneio feminino. Com 19,728 milhões de espectadores no Brasil, só fica atrás da final da Copa de 2015 — a decisão que rendeu o terceiro título aos Estados Unidos, sobre o Japão, registrou mais de 25 milhões de telespectadores norte-americanos.
Nesta edição da Copa, o jogo de abertura, com goleada da anfitriã França por 4 x 0 sobre a Coreia do Sul, foi visto por mais de 10 milhões de franceses. Isso representa quase a metade de toda a população do país europeu que assistia à tevê no momento da partida.
O sucesso da Copa do Mundo também pode ser medido pela torcida presente nas arquibancadas dos nove estádios que recebem o evento. Apesar de alguns jogos ainda terem entradas disponíveis, outros acabaram em tempo recorde. Quatorze partidas estão com ingressos esgotados. Caso do duelo entre Holanda e Camarões, neste sábado (15/6), no Stade du Hainaut, mesmo local que receberá Brasil x Itália, na terça-feira, em Valenciennes.
Distante 300km da cidade francesa localizada ao norte do país, a Holanda foi bem representada pelos torcedores. Eles compareceram em peso ao estádio e agitaram as ruas nas redondezas da arena. Com pouco mais de 40 mil habitantes, Valenciennes ficou colorida de laranja para prestigiar a seleção, que venceu Camarões, por 3 x 1, garantindo a classificação às oitavas de final.
A mudança da perspectiva da modalidade é sentida pelas próprias protagonistas do torneio mundial: as jogadoras. A atacante da Seleção Bia Zaneratto reconhece que a importância dada à modalidade ajuda até mesmo dentro de campo. “Todo mundo sabe que futebol feminino é muito amor e muito coração. O Brasil hoje tem visto um pouco mais da modalidade e tem nos abraçado. Isso tem feito total diferença dentro do campo”, disse, em entrevista coletiva.
Para Bia, a classificação ao mata-mata da competição é importante até mesmo pelo momento que a modalidade vive. “A gente sabe que vem mudando a história do futebol feminino. As transmissões vêm crescendo no Brasil, então, essa classificação é também para ajudar a desenvolver a modalidade no Brasil, porque sabemos da importância que tem essa Copa e como ela tem transformado o esporte”, avalia.
Copa também movimenta internet
A Copa do Mundo feminina também agitou a internet. E novamente o Brasil se destaca. No dia da estreia da Seleção, em que Cristiane fez os três gols da vitória, as pesquisas pela atacante no Google cresceram 80 vezes. Globalmente, a busca pela atleta no maior site de pesquisa do mundo cresceu 73 vezes de um dia para o outro.
Sete dias antes de começar a Copa, Marta era a líder de busca no Google entre as 552 jogadoras que disputam a competição. Na semana que antecedeu o torneio, a craque concentrou 16% de todo o interesse das pesquisas sobre as atletas. Depois da camisa 10 brasileira, as pessoas buscaram mais por Alex Morgan, dos Estados Unidos, em segundo; e por Amandine Henry, da França, em terceiro.
No Twitter, as partidas movimentam o ranking dos assuntos mais comentados. A estreia do Brasil contra a Jamaica volta a ser exemplo, já que os 10 temas mais discutidos da rede social eram sobre a vitória verde-amarela ou relacionados com o Mundial.
Por Maria Eduarda Cardim e Maíra Nunes — Enviadas especiais
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