No cerrado do planalto central, o concreto ganhou leveza a partir das ideias de Oscar Niemeyer, das contas de Joaquim Cardozo e das mãos dos candangos. Da mistura de Brasis se formou Brasília. Uma jovem senhora famosa pelas formas planejadas, pelos setores divididos e bem organizados viu o concreto abrir espaço para quadras poliesportivas públicas, parques e espaços verdes para deixar os seus moradores se deliciarem pelo esporte.
Na mais recente capital do Brasil, os aros da cesta de basquete do Clube Vizinhança se tornarem arte com Oscar Schmidt. Muitas das suas ruas viraram quadras de vôlei ao esticar uma rede entre dois postes. Quem diria que das primeiras manifestações desse esporte, a cidade se orgulharia ao ver nomes como Leila, Paula Pequeno, Tandara, Fabíola representarem a cidade com a bandeira do país.
Entre os monumentos de Brasília também abriu-se espaço para o tatame, de onde tantos judocas se formaram para ganhar o mundo. Ketleyn Quadros que o diga. A primeira atleta do Brasil a ganhar uma medalha olímpica em esportes individuais, nos Jogos de Pequim-2008, viu a conterrânea Érika Miranda conquistar cinco medalhas em Campeonatos Mundiais na carreira.
Da seca de Brasília foi colhida muita da resistência de maratonistas como Lucélia Peres, a última brasileira a ganhar a tão emblemática corrida de São Silvestre, e do Caio Bonfim, que fez história na marcha atlética. Das retas da capital federal, Joaquim Cruz voou baixo nas pistas de atletismo para subir ao pódio olímpico por duas vezes: no lugar mais alto nos Jogos de Los Angeles-1984 e no segundo lugar na edição de Seul-1988.
Mas engana-se quem não encontra curva na cidade planejada. Afinal, são as sinuosidades de uma pista que fazem o automobilismo ganhar magia, como fez o tricampeão mundial Nelson Piquet. O carioca que se criou na nova capital deu nome ao autódromo de Brasília, cidade que segue rendendo apaixonados pelo esporte dos motores, como Felipe Nasr, último brasileiro a integrar um grid de Fórmula 1.
Também foi da curvatura das pernas de um jogador que fazia magia no futebol a homenagem do suntuoso Estádio Mané Garrincha, palco até de Copa do Mundo em 2014 — e cotado para sediar a Copa Feminina em 2023. Por falar na arte mais popular do Brasil, não faltam campos e quadras esportivas na cidade que revelou desde o pentacampeão Lúcio à promessa Renier.
Encanto com uma bola no pé que Victória Albuquerque sabe bem o significado. Nas muitas quadras e gramados espalhados por Brasília, muitas meninas se tornaram mulheres jogando futebol, como também ocorreu com Dany Helena, artilheira que voou de Brasília para marcar gols em outras terras.
Na capital federal, não faltam espaços convidativos à prática do esporte. Um dos maiores é o Parque da Cidade, palco de inspiração e suor para amantes da corrida de rua, da bicicleta, do patis, do skate, dos praticantes de futevôlei. Por falar em quadras de areia, são elas que fazem do parque oficialmente chamado de Dona Sarah Kubitschek o lugar preferido de Ângela Lavalle, brasiliense medalhista pan-americana de vôlei de praia.
Uma modalidade, por sinal, que tem no nome uma das maiores carências dos primeiros moradores vindos da antiga capital, o Rio de Janeiro — a praia mais próxima de Brasília fica a mais de 1 mil quilômetros de distância. Ironicamente, foi do vôlei de praia que outro candango de sobrenome Schmidt ganhou o mundo, ou melhor, os Jogos Olímpicos.
Medalhista de ouro nas Olimpíadas do Rio-2016, Bruno Schmidt não seguiu os passos do tio no basquete, mas também fez muitos brasileiros vibrarem com uma bola nas mãos. E vale o adendo que, na falta de praia, os clubes fazem a alegria dos brasilienses e, muitas vezes, são a porta de entrada para a carreira esportiva.
Um salve também aos treinadores e profissionais da cidade, que desenvolveram o esporte local seja angariando talentos locais, seja trazendo referências de fora. E, claro, aos times que atualmente representam a cidade na elite do esporte nacional, como o Universo Brasília no basquete, o Minas Brasília no futebol feminino e o Brasília Vôlei.
Tantos talentos cresceram em Brasília, que nem parece que ela chegou aos 60 anos. São histórias memoráveis que fazem parecer que o tempo passou rápido demais. Dos traços no papel, a cidade se tornou realidade. Com status de capital federal, atraiu gente de todo canto do país e criou forma a partir da mistura de cores, sotaques e sabores. Parabéns à essa jovem senhora chamada Brasília.
21 de abril de 2020
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