Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos
Não vai ser difícil para o governador Ibaneis Rocha (MDB) encontrar um diálogo com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Não faltam interlocutores para essa aproximação. Ibaneis adotou, na maioria das vezes, um discurso pacífico em relação a Lula, embora tenha declarado apoio explícito ao presidente Jair Bolsonaro na campanha. O governador reeleito só subiu o tom recentemente, quando afirmou que os petistas estavam com “saudade de roubar” e “destruíram o país”. Com certeza, ofendeu. Mas Lula quer pacificar o país e vai precisar do MDB. Na Câmara Legislativa, Ibaneis tem diálogo aberto com os deputados eleitos do PT: Chico Vigilante, Ricardo Vale e Gabriel Magno, pela relação respeitosa com a madrinha do novo parlamentar, Arlete Sampaio. O maior crítico de Ibaneis é o deputado Leandro Grass (PV), mas ele estará sem mandato na próxima legislatura. Poderá incomodar como oposição, mas sem votos na Câmara.
Quase encontro
No ano passado, quando buscava aliados no MDB, Lula esteve em Brasília e houve uma tentativa de aproximação com Ibaneis. O governador do DF chegou a confirmar presença em um jantar na casa do ex-senador, hoje deputado federal eleito pelo Ceará, Eunício Oliveira, que é amigo dos dois. Mas Ibaneis recuou, diante do aviso de que ofenderia profundamente o presidente Jair Bolsonaro. Os dois, no entanto, chegaram a conversar por telefone. Logo depois do resultado final do segundo turno, Ibaneis postou uma mensagem defendendo que as diferenças sejam esquecidas. Outro interlocutor neutro entre os dois políticos é o presidente do Tribunal de Contas do DF, Paulo Tadeu, que deixou o PT, mas mantém relações fortes com integrantes do partido. Apesar do possível diálogo, Ibaneis terá de trabalhar bastante para ter um lugar de prestígio na relação com o Planalto entre os governadores eleitos por ter se aliado a Bolsonaro.
Os aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva comemoram o resultado do segundo turno com um olhar otimista. O DF foi a unidade da federação que mais cresceu proporcionalmente em número de votos pró-Lula: 12,28% em relação ao primeiro turno. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro teve menos votos nesta eleição no DF do que em 2018. Há quatro anos, ele conquistou 69,99%, correspondente a 1.080.411 votos. Agora foram 58,81%, com 1.041.331 votos. Mesmo assim, é certo que a capital do país é majoritariamente bolsonarista, o que está evidente no resultado das urnas.
Menor abstenção
O DF foi a unidade da federação com menor abstenção no segundo turno: 16,72%. Em seguida, estão Paraíba (16,74%) e Ceará (17,14%). As maiores foram registradas no Acre (28,41%), Amapá (27,71%) e Rondônia (24,68%). A média nacional foi 20,59%.
Caminho para o recomeço
O ex-governador José Roberto Arruda está sempre recomeçando. Depois da campanha eleitoralmente fracassada, ele esteve na semana passada em Aparecida do Norte (SP) e ontem embarcou para Portugal para uma imersão. Vai percorrer o Caminho de Santiago de Compostela a partir de Portugal e caminhar 300km. É uma trilha linda. “É uma forma de gratidão, reflexão e recomeço. Porque a nossa vida não se conta pelo número de vezes que se cai, mas pelo número de vezes que conseguimos levantar. Estou buscando forças espirituais para continuar minha caminhada”, escreveu nas redes sociais. Não vai ser surpresa Arruda voltar forte e com disposição para tentar reverter processos e recuperar a vida política. Não é a primeira vez que Arruda faz a trilha para Santiago e também não é a primeira vez que recomeça.
Aqui não
Ao ver as imagens de policiais militares em outras unidades da federação apoiando as manifestações de barreiras nas estradas pelo país afora, o comandante-geral da Polícia Militar do DF, coronel Fábio Augusto Vieira, disse à coluna categórico: “Aqui isso não vai acontecer”.
Retorno possível
Surgiram ontem conversas sobre um possível retorno do delegado Anderson Torres, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para a Secretaria Pública do DF, onde deixou um aliado, o também delegado Júlio Danilo. Torres foi fundamental para aparar arestas entre o GDF e a Presidência da República e sempre foi um amortecedor importante nas relações entre Ibaneis e Bolsonaro. “Não será surpresa se isso vier acontecer”, afirma um integrante do Palácio do Buriti.
Só papos
“Não quero a Bia Kicis apoiando o governo Lula. Pode ficar onde ela está e, por favor, seja oposição a nós porque ela não representa absolutamente nada do que pensamos”
Ex-deputado Geraldo Magela (PT), coordenador da campanha de Lula no DF“Melhor elogio que uma deputada íntegra e leal pode receber”
Deputada Bia Kicis (PL-DF)
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