Coluna Eixo Capital, por Ana Maria Campos
Ao analisar o mapa da votação no Distrito Federal, o vice-presidente do PT-DF, Wilmar Lacerda, fez um estudo sobre o resultado do primeiro turno. Ele afirma que, ao contrário do que ocorreu em outras unidades da Federação, nas quais os percentuais de votos em Lula e Bolsonaro variaram conforme os estratos de renda e de desigualdades geográficas, no DF esses percentuais praticamente não mudaram. Por exemplo, no Lago Sul, localidade mais rica de Brasília, Lula recebeu percentual de votos praticamente idêntico ao obtido em Planaltina, cidade onde predomina população de renda baixa. Assim, o voto bolsonarista distribuiu-se de maneira bastante uniforme, independentemente da renda (alta, média e baixa) ou escolaridade (superior, média, fundamental). “As diferenças não foram significativas. É a primeira vez que isso ocorre na história eleitoral do DF”, afirma Wilmar Lacerda, que é chefe de gabinete da liderança do PT no Senado.
Força de políticos da direita
Para Wilmar Lacerda, há pistas e hipóteses consistentes para essa peculiaridade na divisão dos votos no DF. “No que tange aos estratos mais altos de renda, a explicação é óbvia. Os eleitores desses estratos votaram conforme seus interesses de classe, como aconteceu em todo o país”, acredita. “Já em relação aos estratos médios, há de se levar em consideração o fato de que, no DF, há uma proporção elevada de militares, policiais militares, policiais federais, procuradores, o que tende a acentuar seu caráter conservador”, avalia. Em relação aos estratos mais baixos de renda, Lacerda pontua que há dois grandes fatores que podem explicar o predomínio do voto em Bolsonaro. O primeiro, segundo o petista, diz respeito à grande influência das igrejas neopentecostais sobre essa população. “O segundo fator se relaciona à história política de Brasília. Aqui, mesmo antes da influência das igrejas neopentecostais, as classes mais pobres já haviam sido cooptadas ou parcialmente cooptadas por políticos de direita, como Roriz, por exemplo. Esse populismo de direita criou muitas dificuldades para que a esquerda tivesse uma influência maior nas cidades pobres do DF”, analisa.
Perda de votos
Outro dado ressaltado pelo vice-presidente do PT-DF, Wilmar Lacerda: o DF foi uma entre as quatro unidades da Federação nas quais o presidente Jair Bolsonaro recebeu menos votos no primeiro turno de 2022 do que no primeiro turno de 2018. As outras três foram São Paulo, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul. No DF, Bolsonaro conseguiu 936.494 votos em 2018 e, agora, obteve 910.397, mesmo com o aumento do número de eleitores.
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Neutros
Alguns deputados distritais têm optado pela discrição ou neutralidade em relação à disputa nacional. É o caso, por exemplo, de Robério Negreiros e Jorge Vianna, que seguem a deliberação da direção nacional do PSD.
Campanha sem vínculos
Outros deputados fizeram campanha sem se vincular à disputa nacional. Foi o caso de Eduardo Pedrosa (União), Pepa (PP), Rogério Morro da Cruz (PMN), Wellington Luiz (MDB), Doutora Jane (Agir) e Jaqueline Silva (Agir).
Cabos eleitorais
Os deputados distritais reeleitos Fábio Félix (PSol) e Chico Vigilante (PT) estão engajados na campanha de Lula.
Bolsonarismo raiz
Entre os mais bolsonaristas da Câmara Legislativa, estão o Pastor Daniel de Castro (PP) e Thiago Manzoni (PL), que fez campanha como o distrital da Bia Kicis. Manzoni se apresenta como cristão, conservador e discípulo do presidente.
CPI do Tráfico de crianças
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