Délio Lins: “Presidente da OAB-DF deve deixar suas convicções políticas do lado de fora da Casa”

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À queima-roupa // Délio Lins e Silva Júnior, presidente reeleito da OAB-DF

por Ana Maria Campos

Depois de uma campanha dura no embate, você assume, nesta segunda-feira, o segundo mandato. Ficaram sequelas que podem atrapalhar a sua gestão?
Sempre digo que após a campanha, somos todos advogados e advogadas. Não temos inimigos. Temos, no máximo, adversários políticos, que divergem de algumas das nossas ideias. Para se ter uma noção, nossa diretoria pinça sugestões de outros grupos que possam ser implementadas com sucesso. Somos sempre parceiros das boas ideias e críticos das injustiças. Assim seguiremos, de portas abertas para todos.

Qual será sua primeira medida à frente da OAB-DF?
Estamos encampando, desde o primeiro mandato, a luta pela advocacia dativa remunerada no DF. É uma medida urgente e muitos estados já têm como realidade. É um objetivo urgente e estamos forçando o GDF a abraçar a causa.

Um grupo de advogados prestou uma homenagem ao ex-presidente Lula em São Paulo. Acredita que em Brasília os advogados vão se engajar na campanha local e nacional de 2022?
Presidente da OAB/DF, em minha opinião, deve deixar suas convicções políticas ou partidárias do lado de fora da Casa. Essa postura eu cobro de mim mesmo e de todos que militam comigo na Casa. Todos têm direito a ter suas convicções, mas elas não podem de modo algum ser projetadas na casa da advocacia porque isso atrapalharia nossa independência. Esse é um aspecto inegociável em nossa gestão.

A OAB vai participar? De que forma?
Não participa pelos motivos expostos, mas nossas comissões acompanharão com olhar técnico, buscando a preservação do espaço democrático, para possibilitar o espaço de debate e ajudar as pessoas na escolha de seus votos.

Quais são os desafios dos advogados neste período em que a pandemia diminuiu sua força pela vacinação, mas ainda não acabou?
A advocacia vive ainda a crise deixada pelo pico da pandemia, mas estamos olhando para frente, para a recuperação do mercado e para as oportunidades vindouras. O desafio é a capacitação para os novos mercados, o fomento de oportunidades, o respeito ao piso salarial no cenário de pouco emprego e muitos outros. Vamos endereçar cada um deles nessa gestão, para conduzir a advocacia a um capítulo mais feliz para essa geração, se Deus quiser já numa situação de pós-crise.

Acredita que a paridade de gêneros vai permanecer nas eleições da Ordem?
Quem acha que essa pauta é modismo, vai tomar um susto. Pessoalmente fico satisfeito em ver as mulheres ganhando espaços de destaque e mostrando sua força. É positivo para a sociedade e os resultados são igualmente extraordinários. Não apenas a paridade veio para ficar como penso que podemos influenciar outros setores nesse sentido. E tenho orgulho demais em dizer que a OAB/DF, já paritária por opção política, foi das maiores protagonistas nesta luta.

E a cota para negros e pardos que provocou tanta controvérsia?
Estamos atrasados como sociedade. A inclusão está vindo de forma tardia e a controvérsia, em minha opinião, já nasce obsoleta. Aqui trabalhamos lado a lado e pouco nos importou a cota porque já tínhamos representação maior que ela em nosso grupo. Se você for observar nossos resultados na última gestão e, arrisco dizer, se observar o fim dos próximos três anos, vai perceber que trazer a diversidade, em todos os sentidos, só agrega. Tomara que todos percebam isso o quanto antes.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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