Aos 20 anos, Vinicius Junior esteve a um gol de viver uma semana de Ronaldo Fenômeno na Europa. O combo na vitória do Real Madrid sobre a Atalanta no jogo das oitavas de final da Liga dos Campeões foi quase perfeito: roubou a bola na defesa, partiu em velocidade sem ela, recebeu de volta, arrancou, invadiu a área do time italiano, driblou e… chutou para fora!
Pensei que a joia do Real Madrid marcaria um gol antológico como aquele de Ronaldo, em 1996, também com 20 anos, na goleada do Barcelona sobre o Compostela, pelo Campeonato Espanhol. Confesso: gritei golaço antes da frustração. O Fenômeno tirou nota 10 porque sabia finalizar.
Vinicius será apenas mais um velocista e driblador enquanto não corrigir a velha deficiência técnica nesse fundamento.
Vinicius Junior é cria da base do Flamengo. Ao vê-lo deixar de assinar uma obra-prima no estádio batizado de Di Stéfano — um dos Pelés argentinos e ídolo do Real Madrid —, lembrei-me de uma declaração polêmica do atacante Jean. Sim, aquele mesmo, autor de três gols no clássico contra o Vasco na decisão do Campeonato Carioca de 2004.
Contratado pelo Corinthians, em 2007, Jean desembarcou no clube paulista avisando: “Não sei finalizar”. Ele contou, à época, que sempre jogou no meio de campo, mas virou atacante porque não havia jogador da posição na base do Flamengo. Como acertava as redes no início da improvisação, firmou-se na posição. “Por isso não trabalhei tanto a finalização”, alegou.
A declaração de Jean colocou o trabalho de formação do Flamengo em xeque. Catorze anos depois, Vinicius Junior depende justamente da finalização para subir de patamar. Porém os indicativos são de piora nos arremates. Na primeira temporada, ele precisava de 145 minutos para participar de um gol (marcando ou dando assistência). Agora, necessita de 251 minutos. Muito aquém do que exige o futebol europeu.
A péssima finalização não é exclusividade de Vinicius Junior nem da base do Flamengo. Sim, a torcida rubro-negra praticamente mandou Lincoln embora do clube. Não perdoou os gols perdidos contra o Liverpool e o Atlético-GO, mas se fosse só ele… Referência do time mais caro do país, Gabigol aprendeu no Santos. Seria mais do que é se não errasse tantas finalizações.
O drama de Vinicius Junior se estende à Seleção. Camisa 9 do Brasil na Copa da Rússia, Gabriel Jesus jogou cinco partidas e não fez gol. Melhor jogador do país, Neymar ainda peca demais nos arremates. Carente de “Romários” e “Ronaldos”, o Brasil aplaude o prodígio norueguês Haaland, do Borussia Dortmund. Aos 20 anos, ele dá aula de finalização. Por que nossos “Vinicius Junior” não fazem gol como ele: Preguiça de treinar ou falta de ensino na base?
*Artigo publicado na edição deste sábado do Correio Braziliense
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