Vacinado pelo “oba-oba” da geração de Robinho e Diego no vexame de 2004, Branco mantém disciplina da Seleção no Pré-Olímpico

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O tetracampeão Branco era o coordenador das seleções de base da CBF no último grande fracasso do Brasil em um Pré-Olímpico. A geração de Robinho e Diego tinha um potencial incrível para brindar o país com o inédito ouro na Grécia, porém, cometeu o pecado de ficar fora dos Jogos de Atenas-2004. Necessitou até da repescagem para avançar ao quadrangular final da seletiva sul-americana e amargou o terceiro lugar na última etapa da competição. Terminou à frente apenas do anfitrião Chile. Argentina e Paraguai se classificaram para o torneio.

Aquela Seleção ficou marcada pela irreverência. O auge das brincadeiras de mau gosto foi a cena flagrada pelo repórter fotográfico Vanderlei Almeida em que Robinho aparece baixando o calção do amigo Diego. A imagem abriu uma crise na CBF em pleno Pré-Olímpico. O técnico Ricardo Gomes e Branco ouviram cobras e lagartos do presidente Ricardo Teixeira e companhia. Robinho e Diego foram eleitos vilões da eliminação na última rodada após derrota para o Paraguai.

Robinho baixa o calção de Diego enquanto o meia tira foto para perfil no Pré-Olímpico de 2004. Foto: Vanderlei Almeida/AFP

Ricardo Teixeira, o técnico Carlos Alberto Parreira e o coordenador técnico Mário Jorge Lobo Zagallo responsabilizaram os jogadores pelo fiasco. “Os nossos atletas não se imbuíram do espírito da competição. A realidade é esta”, atacou o presidente da CBF à época.

Dezesseis anos depois, Branco é novamente o coordenador das divisões de base da Seleção. Parece vacinado pelo fracasso no Pré-Olímpico de 2004. Se há alguma irreverência no elenco atual, parece devidamente controlado pela “cartilha” do dirigente. Raramente se vê notícia de papagaiada na concentração. Internamente pode até rolar, mas não vaza. Faz parte da intimidade do grupo que tenta classificar o Brasil para defender o bicampeonato em Tóquio.

“Todo mundo perdeu. É um trabalho de grupo. Todo mundo precisa assumir sua parte pela derrota. O que fica de tudo isso é que só a parte técnica não vale. Se quando entrarmos em campo não igualarmos a vontade com que nossos adversários nos enfrentam, vai ficar difícil. É preciso espírito de luta e determinação”

Branco, coordenador das seleções de base da CBF, em 2004

“A responsabilidade pelo que aconteceu é toda minha”

Ricardo Gomes, técnico da Seleção que disputou o Pré-Olímpico em 2004

O prejuízo de 2004 custou caro a Branco. O Brasil deixou de levar a Atenas uma geração acima da média. O elenco convocado por Ricardo Gomes contava, entre outros, com o goleiro Gomes, o lateral-direito Maicon, os zagueiros Edu Dracena e Luisão, o volante Paulo Almeida, os meias Elano e Diego, e os atacantes Nilmar, Robinho e Dagoberto. O grupo poderia contar ainda com Kaká e Julio Baptista. Eles não foram liberados para a disputa do torneio.

Sisuda, a geração atual marcha firme rumo ao quadrangular final depois da vitória por 5 x 3 no jogo maluco contra a Bolívia com a missão de evoluir rapidamente dentro das quatro linhas. A próxima fase não permite atuações tão irregulares, diferentes no primeiro e no segundo tempo. A briga pelas duas vagas em Tóquio será dura. Provavelmente reunirá Argentina, a anfitriã Colômbia, o Uruguai e o atual campeão olímpico Brasil nas três rodadas que apontarão os classificados para os Jogos Olímpicos. Um das desculpas de Ricardo Gomes para o mico em 2004 foi o curto período de treinos devido ao fim da temporada brasileira de 2003.

Curiosamente, André Jardine reclamou do mesmo problema nesta primeira fase. Segundo ele, o time não está calibrado justamente por ter iniciado os treinos tardiamente, no início deste mês. O discurso faz algum sentido, mas dificilmente será levado em conta caso o Brasil não seja no mínimo vice-campeão do Pré-Olímpico. O elenco carece de jogadores talentoso como Vinicius Júnior, Gabriel Jesus e outros que têm idade para a competição. Mesmo assim, Jardine conta com Reinier, Paulinho, Pedrinho, Bruno Guimarães, Matheus Cunha, Antony… E com Branco, o dirigente vacinado pelo oba-oba da geração de Diego e Robinho que consegue manter o foco do elenco que está na Colômbia no projeto do bicampeonato olímpico.

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Marcos Paulo Lima

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