Quem viu in loco ou pela tevê Luis Suárez mostrando os dentes ao morder o zagueiro Chiellini, na Arena das Dunas, em Natal, na Copa do Mundo de 2014, talvez não tenha a noção do comportamento de gentleman do centroavante uruguaio de 37 anos fora das quatro linhas. Estive próximo do ex-protagonista do Grêmio durante alguns minutos na cobertura da Bola de Prata organizada pelos canais ESPN nesta quinta-feira. Ele foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Recebeu a Bola de Ouro. Vaidoso, estava todo trabalhado na beca e trocou de figurino para ficar diferente em dois eventos.
Nos bastidores, o comentário era de que Luis Suárez havia encomendado dois ternos sob medida. Uma look para a Bola de Prata; e outra versão para o evento posterior, na TV Gazeta.
Suárez não mudou muitas vezes de casaca em 18 anos de carreira profissional. Defendeu Nacional, Groningen, Ajax, Liverpool, Barcelona, Atlético de Madrid e Grêmio. Em ocasiões especiais, usa e abusa do closet. Não queria usar a mesma roupa em dois eventos diferentes no mesmo dia. Vestiu um cinza com calçado preto e lenço ornando com o paletó na Bola de Prata. No Troféu Mesa Redonda, apareceu de preto e branco e usava tênis claro. Foi eleito craque do Brasileirão nos dois eventos.
Cumpridor de agendas, o craque não recusou os convites. Na véspera da maratona de prêmios, havia enfrentado o Fluminense, no Maracanã, na última rodada do Campeonato Brasileiro. O Grêmio venceu por 3 x 2. Dois gols de Luis Suárez, vice-artilheiro da Série A com Tiquinho, cada um com 17 bolas na rede. Fez check-in em um um luxuoso hotel na Avenida Brigadeiro Faria Lima.
Suárez foi aos prêmios de mãos dadas com a companheira, a também uruguaia Sofia Balbi, de 34 anos, vestida de rosa. A empresária aparece no documentário de reality show Matchday: Inside FC Barcelona. O estafe tricolor o acompanhava a tiracolo. O vice de futebol Antônio Brum e o assessor de imprensa Igor Póvoa o escoltavam no compromisso.
Suárez não se sentiu fora do ninho na premiação. O companheiro Villasanti recebeu a Bola de Prata como um dos melhores volantes. O paraguaio era um dos parceiros do uruguaio no tricolor gaúcho. Brincalhão, Suárez posou de cinegrafista e fotógrafo ao mesmo tempo. Sacou o smartphone do bolso para registrar o momento de celebridade do amigo na passagem pela sala de conferências. Antes de cada resposta, deixava escapar uma mania: desviava o olhar dos jornalistas e arrumava o punho da camisa enquanto elaborava a resposta.
Simpático até nos agradecimentos ao público depois de receber a Bola de Ouro, Suárez ensaiou se comunicar em português com o público, porém recuou, sem antes ironizar o compatriota Diego Lugano. “Boa tarde, vou procurar falar em espanhol. Acho melhor. Na sequência, ironizou: “Preferem em português? Não tem problema. Falo melhor do que o Lugano”, provocou.
Questionado sobre a expectativa por mais uma festa programada pela torcida do Grêmio para o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, Suárez tomou um susto, mas depois brincou: “Mais festa?”. Teve. Luis Suárez não está mais entre os fanáticos tricolores.
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