A um ano da Copa do Mundo da Rússia, o desafio da América do Sul de quebrar a hegemonia da Europa

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Um rápido checklist.

A Europa ganhou as últimas três Copas do Mundo…

A Europa ganhou os últimos quatro Mundiais de Clubes…

A Europa ganhou os últimos três Mundiais Sub-20…

A um ano da abertura da Copa do Mundo da Rússia, em 14 de junho de 2018, a pergunta que não quer calar é: alguém será capaz de quebrar a hegemonia das seleções e dos clubes da Europa nas competições organizadas pela Fifa?

Agora, vamos por partes…

Em 2018, a Copa do Mundo pode ser conquistada pela quarta vez consecutiva por um país da Europa. Repito: quarta vez consecutiva! A Itália conquistou o título em 2006, na Alemanha. A Espanha em 2010, na África do Sul. A Alemanha fez a festa no Brasil, em 2014.

Nunca antes na história da Copa do Mundo isso havia acontecido. Havia equilíbrio entre títulos da Europa e da América do Sul. Atualmente, o Velho Continente lidera o placar por 11 x 9. São quatro canecos da Alemanha, outros quatro da Itália, um da Inglaterra, um da Espanha e um da França. A América do Sul segue com cinco do Brasil, dois da Argentina e dois do Uruguai.

Até o título do Brasil, em 2002, o máximo que um continente havia conquistado eram dois títulos seguidos. Foi assim com a Itália, em 1934 e 1938; e com o Brasil, em 1958 e 1962. Existia praticamente um revezamento. Um título europeu, outro sul-americano. Deixou de ser assim nas últimas três edições. Duas delas com finais europeias, em 2006 e em 2010.

Talvez, a força dos clubes europeus seja uma das principais explicações para a soberania europeia. A América do Sul não conquista o Mundial de Clubes da Fifa desde o Corinthians, na edição de 2012, contra o inglês Chelsea. Desde então, deu Bayern de Munique (2013), Real Madrid (2014), Barcelona (2015) e Real Madrid (2016). Em duas dessas quatro edições, as Américas — e aí incluo os mexicanos — nem sequer chegaram à decisão. Em 2013, o Atlético-MG ficou pelo caminho e o Raja Casablanca decidiu com o Bayern. Na edição passada, o Atlético Nacional, da Colômbia, fracassou diante do Kashima Antlers, vice do Real Madrid. Antes disso, em 2010, o Internacional foi eliminado pelo Mazembe, rival da Inter na final.

Conquistar a Copa do Mundo dentro da Europa é raro. Só o Brasil de Pelé conseguiu, lá na Suécia, em 1958. Faz 60 anos! Serve de consolo a correção de rumo nos comandos de dois países candidatos a encerrar o jejum. Brasil e Argentina desembarcarão na Rússia liderados pelos seus melhores técnicos. Os pentacampeões sob a batuta de Adenor Leonardo Bachi, o Tite. A Argentina se deu ao luxo de escolher. Entre Diego Simeone e Jorge Sampaoli, preferiu apostar no treinador campeão da Copa América de 2015 à frente do Chile. Além dos treinadores, Brasil e Argentina têm algo que, hoje, apenas Portugal ostenta: um fora de série. Tite conta com Neymar. Sampaoli tem Messi. Fernando Santos desfruta de Cristiano Ronaldo.

Mas as últimas três Copas do Mundo deixaram uma lição. O torneio deixou de ser um Austrália Open, um Roland Garros, Wimbledon ou USOpen. Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo não são Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Precisam de um time minimamente organizado. Itália, Espanha e Alemanha foram campeões sem ter um fora de série em seus times.

Enquanto a América do Sul sofre para levar seleções competitivas à Rússia, a Europa lapida gerações formadas para ganhar não só a Copa de 2018, mas a de 2022, de 2026, a edição centenária de 2030. As últimas três edições do Mundial Sub-20 foram conquistadas pela? Europa! França (2013), Sérvia (2015) e Inglaterra (2017). A América do Sul não conquista o Mundial Sub-17 desde o Brasil, em 2003. Desde então, México (2005), Suíça (2009) e Nigéria (2007, 2013 e 2015) arrremataram o troféu. A Copa das Confederações começa neste fim de semana sem Argentina, Brasil e Uruguai. Atual bicampeão da Copa América, o emergente Chile representa merecidamente o continente.

A um ano da Copa do Mundo, tá russo para a América do Sul, meus amigos!

Marcos Paulo Lima

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