Treze explicações para o 13° título candango do recordista Gama

Publicado em Esporte
Heróis da virada alviverde sobre o Brasiliense. Foto: Ricardo Botelho/FFDF

 

O bicampeonato candango do Gama, na tarde deste sábado, no Bezerrão, é daquelas histórias dignas de virar filme. A vantagem construída pelo Brasiliense era enorme. A vitória por 3 x 1 dava ao clube mais rico da capital o direito de perder por um gol de diferença. O placar jamais havia sido invertido na história das decisões do campeonato local. Heroico, o time alviverde conseguiu ganhar por 2 x 0 no tempo normal e fez 4 x 3 na decisão por pênaltis.

A seguir, o blog aponta 13 motivos para a conquista do 13° troféu doméstico do clube mais vitorioso e popular do Distrito Federal em 45 anos de história: 1979, 1990, 1994, 1995, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2003 (invicto), 2015, 2019 (invicto) e 2020. Parabéns ao Gama e ao Brasiliense pela bela decisão.

 

  1. Vilson Taddei

O camisa 10 do Grêmio na conquista do Brasileirão de 1981 também é craque com a prancheta nas mãos. Trabalho brilhante. O treinador acumula 35 jogos oficiais à frente do Gama e perdeu um, o jogo de ida, no Mané Garrincha. Mais do que entender de futebol, o treinador saca de gestão de pessoas. O Gama tem inúmeros problemas extracampo, mas ele mostrou habilidade para domá-los em dois títulos consecutivos. Nesta semana, afastou o lateral-direito Régis (ex-São Paulo) do elenco por indisciplina para não perder o grupo. Havia aberto as portas para o jogador e tinha planos para recuperá-lo.

 

  1. Sangue alviverde
O capitão Emerson recebe a taça. Foto: Ed Alves

 

Que entrega dos veteranos do Gama. A começar pelo símbolo do time. O zagueiro e capitão Émerson foi revelado pelo clube. Sabe exatamente o que é vestir a camisa alviverde. É praticamente o cara que catequiza quem chega ao clube. Ensina as “doutrinas” da “religião” Gama a quem vem de fora. É sensível aos sentimentos da torcida e sabe transmitir isso aos demais companheiros. Ouso dizer que, sem Émerson, o grupo não seria tão unido.

 

  1. Muralha

Sim, é clichê, mas um grande time precisa, sim, começar por um bom goleiro. Rodrigo Calaça falhou na derrota por 3 x 1 para o Brasiliense na partida de ida, no Mané Garrincha. Aos 39 anos, o dono das traves do Gama teve resiliência para fechar a meta alviverde e garantir o título na decisão por pênaltis. Venceu o duelo à parte com o badalado Fernando Henrique e fez toda a diferença no pico da decisão. Intimidou dois cobradores do Brasiliense.

 

  1. Pés que balançaram as redes
Nunes desloca o goleiro Fernando Henrique em cobrança de pênalti. Foto: Ed Alves

 

O 13° título do Gama teve um goleador com 13 gols em 16 jogos. O desempenho de Nunes é impressionante: média de 0,81 por partida. Há quem pondere que seis foram de pênalti, mas ele converteu.  O papel social de Nunes é outro gol de placa. Como contou nossa repórter Maíra Nunes no Correio Braziliense, ele é o responsável pela volta de Malaquias ao futebol. O amigo trabalhava numa fábrica de freios. Vale destacar, ainda, Michel Platini, autor de 7 gols!

 

  1. Comprometimento
Grupo fechado pelo na tristeza e na alegria. Foto: Gabriel L. Mesquita/Gama

 

O elenco alviverde tem pelo menos cinco meses de salários atrasados admitidos aqui no blog pelo presidente Weber Magalhães. Até isso os caras superaram na batalha contra o clube mais rico da capital do país. O grupo se fechou de maneira impressionante pela conquista do título e merece que a diretoria pague os atrasados, de preferência, de uma vez quando for possível, para honrar o heroísmo do elenco, que fez greve e ameaçou não jogar na retomada do Candangão.

 

  1. Malabarismos da diretoria

A diretoria do Gama não tem razão nenhuma ao atrasar os salários dos jogadores. Erro indefensável, mas alguns jogadores e empresários relatam ao blog o esforço hercúleo da cúpula alviverde para pagar o que pode e atrair patrocinadores ou investidores capazes de ajudar o clube a honrar os compromissos financeiros assumidos com os jogadores. Parcerias foram fechadas na última hora para a decisão. Algumas pontuais, ou seja, tão somente para a final, com possibilidade de aditivo na Série D. Há promessa, ainda, de repasse do BRB para a Série D do Brasileirão.

 

  1. Auxiliar experiente

A comissão técnico de Vilson Taddei tem um cara expert em futebol candango. Mais do que saber de bola, o ex-ponta-direita do Flamengo conhece a realidade do esporte na capital do país. Além disso, é amigo do treinador do Gama desde o tempo em que atuaram juntos no Monterrey do México, nos anos 1980. Gueldini e Maicon Taddei são auxiliares de Vilson. Gueldini tem uma missão a mais: pinçar promessas da base para o elenco principal.

 

  1. Analista de desempenho

No futebol moderno, é praticamente impossível abrir mão, hoje, de um setor de inteligência, catalogação de dados sobre o próprio time e o adversário. A retomada do Gama depois da paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus contou com a chegada de Gabriel Magalhães. O trabalho do profissional formado no curso de treinadores da CBF (CBF Academy), que até o ano passado colaborava com o Corinthians, de Fábio Carille, elevou a qualidade do Gama.

 

  1. Tetracampeão

Há relatos de que a experiência do diretor executivo Luiz Carlos Prima, preparador físico de Carlos Alberto Parreira na campanha do título da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, também deu tranquilidade ao ambiente do Gama. O assistente de Zagallo no tricampeonato do Flamengo, em 2001, desembarcou com discurso de que, mais importante do que o título, era necessário ter calendário em 2021. O vice garantiria isso. Ele fez o elenco ir além da meta.

 

  1. Minha casa, minha vida
Campeões, como Nunes, fizeram o papel da torcida na festa. Foto: Ed Alves

 

A campanha do bicampeonato tem o Bezerrão como trunfo. O Gama não perde em seus domínios desde a queda nas quartas de final do Candangão de 2018. O time simplesmente não perde em casa há dois anos – com ou sem torcida. Antes da pausa causada pela pandemia, a média de público do Gama era de 1.027 pagantes. Pedia por pouco para a do Formosa (1.032). Na reta final, o alviverde jogou quatro vezes sem a torcida na arrancada para o título.

 

  1. Sobrenatural

Um trecho do hino do Gama diz o seguinte: “És regido por forças dos céus”. O Gama perdeu dois torcedores ilustres na reta final do Candangão: o palhaço Pirulito, símbolo da alegria em cada jogo do clube, e o locutor Marcelo Ramos. O “narrador do povão”, como era carinhosamente chamado, deu nome à taça conquistada pelo Gama. Talvez, ambos tenham intercedido, lá do céu,  para que o sobrenatural favorecesse o Gama na histórica virada contra o Brasiliense.

 

  1. Torcida

Título se ganha até mesmo quando o 12° jogador do time não pode entrar no estádio para invadir a arquibancada. Liderada pela uniformizada Ira Jovem, a torcida do Gama carregou o elenco no colo rumo à virada. Alguns jogadores contaram ao blog que ficaram emocionados com a chegada do ônibus do time ao Bezerrão. Uns afirmaram até que fez toda a diferença. Parece óbvio, claro que é, mas time de futebol precisa ter torcida. Isso diferencia o Gama no DF.

 

  1. Este vídeo motivacional apresentado ao elenco

 

Siga no Twitter: @mplimaDF

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf