Treze anos nas carreiras de Robinho e Carlitos Tévez: a volta dos que não foram melhores do mundo à Copa Libertadores da América

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Um chegou a ser apelidado de Robson “Arantes do Nascimento”, sobrenome de Pelé, quando encantou o Brasil com suas pedaladas. O outro entrou para a vasta lista de candidatos a novo Maradona. Em 2003, Robinho e Tévez disputavam a final da Copa Libertadores da América como duas das maiores promessas do futebol sul-americano. Ambos davam toda a pinta de que, em pouco tempo, ganhariam o mundo. Mas o futebol é traiçoeiro. Engana, ilude, surpreende, decepciona.

Treze anos depois, Tévez não passa de mais um ótimo jogador. Perambulou pela Europa (quase) sempre no papel de coadjuvante. Quando se esperava que finalmente assumisse o papel de protagonista, encolheu com a camisa da Juventus, no Estádio Olímpico de Berlim, na final da Liga dos Campeões da Europa. Sentiu tanto a pressão que escolheu voltar para o seu porto seguro — o Boca Juniors. Colecionou títulos no Boca, no Corinthians (Brasileirão de 2005), no Manchester United, no Manchester City e na Juventus, mas nunca teve para seus times o peso de um Messi ou de um Cristiano Ronaldo — com quem, aliás, conquistou a Champions League em 2007/2008.

Tévez fez menos ainda pela Argentina. É mais ídolo por lá do que Messi, mas só foi campeão nas categorias de base. Um Sul-Americano Sub-20 em 2003 e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. Participou de duas Copas do Mundo de forma discreta em 2006 e em 2010 e ficou fora, em 2014, porque o desafeto Messi não o queria no elenco. Jamais ganhou a Copa América e muito menos conseguiu tirar o país do jejum de títulos que se arrasta desde 1993. Quem pintou como novo Maradona jamais apareceu sequer entre os finalistas do prêmio de melhor do mundo. Nem na temporada passada, quando foi artilheiro do Italiano e carregou a Juventus nas costas à decisão da Liga dos Campeões.

Robson “Arantes do Nascimento”, o Robinho, também cravou que seria, um dia, o melhor do mundo. Propaganda enganosa? O Menino da Vila era o enviado dos deuses da bola para presentear o Santos com o título da Libertadores de 2003. Fracassou na final contra o Boca, de Tévez. Neymar, sim, daria o título ao Peixe oito anos depois, em 2011. Assim como Tévez, Robinho encheu o currículo de títulos no Santos, no Real Madrid, no Milan e até no Guangzhou Evergrande. Sempre como coadjuvante. Nunca foi galático no time merengue. Forçou a saída para o Manchester City — onde chegou a jogar com Tévez — e fez muito menos do que o argentino pelo clube inglês.

A melhor lembrança de Robinho na Seleção é o protagonismo na Copa América de 2007. Mas brasileiro quer saber, mesmo, de Mundial. Ele deu o azar de disputar a Copa de 2006 em um time que tinha Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano e Ronaldo, é verdade. Foi condenado ao banco no auge da forma física. Quatro anos depois, fez o gol que levaria o Brasil à semifinal, mas aí o goleiro Julio Cesar e o volante Felipe Melo estragaram tudo diante da Holanda. A última chance seria em 2014. Porém, Luiz Felipe Scolari deu de ombros para o experiente.

Aos 32 anos — um a mais do que o segundo melhor do mundo, Cristiano Ronaldo —, Robinho está de volta ao Brasil. Trauiu a si mesmo. Disse que não jogaria em outro clube no Brasil que não fosse o Santos. Fechou com o Atlético-MG. Robinho não tem mais mercado em clubes de ponta da Europa. No Brasil, nem o Santos topou pagar o absurdo que ele pedia. Como Ronaldinho Gaúcho brilhou ao levar o Galo ao título inédito da Libertadores em 2013, o presidente Daniel Nepomuceno resolveu pagar para ver Robinho fazer o mesmo em 2016.

Aos 32 anos, Tévez e Robinho não tëm mais futebol — e muito menos paciência — para suportar a pressão de atuar em altíssimo nível na Europa. Realizados financeiramente, preferiram voltar à zona de conforto. Ao contrário do que se imaginava há 13 anos, na final daquela Libertadores de 2003, o futebol de Tévez é para ser protagonista do Boca Juniors. E o de Robinho, do Atlético-MG. Treze anos depois, ambos podem se reencontrar em uma revanche na final da Libertadores. Seus clubes são favoritos, sim, em 2016.

Enquanto isso, Cristiano Ronaldo, um aninho mais novo do que Tévez e Robinho, segue jogando em altíssimo nível na Europa, peitando Messi ano após ano na briga pela Bola de Ouro da Fifa. Os sucessores de Maradona e Pelé perderam a gana. Não eram, não são e nunca serão melhores do mundo. Como a gente se engana. Ou permite ser enganado no futebol.

Marcos Paulo Lima

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