As oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa começam a dar um recado perigoso ao futebol: abra mão da posse de bola e tenha sucesso. Dos cinco times que lideram o quesito na competição, três estão eliminados do principal torneio de clubes do mundo: Real Madrid, Borussia Dortmund e o Paris Saint-Germain. Restam Barcelona e Manchester City, que só entrarão em campo na semana que vem pelos confrontos de volta.
Desbancado pelo Ajax nas oitavas de final, o Real Madrid dominava o ranking da posse de bola. Segundo os dados oficiais da Uefa, o time merengue ostentava média de 60% ao lado do Barcelona. Ter a bola nos pés foi um dos trunfos dos clubes espanhóis que dominam a competição desde a temporada de 2013/2014. A equipe merengue levou a taça em 2014, 2016, 2017 e 2018. A trupe azul-grená festejou a conquista em 2015.
O Borussia Dortmund era um dos vice-líderes na posse de bola. O clube alemão tinha 59%, ao lado do Manchester City, de Pep Guardiola. No entanto, foi desbancado pelo Tottenham. O clube inglês avançou com 53%. No confronto da última terça-feira, a equipe londrina venceu a partida com 38% contra 62% do Borussia.
Terceiro colocado no ranking da posse de bola da Uefa, o Paris Saint-Germain chegou ao jogo desta quarta-feira com média de 58%. Insuficiente para evitar a eliminação diante do Manchester United. Os Diabos Vermelhos têm menos de 48%. Mesmo assim, venceu no Parque dos Príncipes e mais uma vez arruinou o projeto pessoal de Neymar. O jogador mais caro da história foi contratado por 222 milhões de euros para levar o PSG ao título.
Posse de bola na Uefa Champions League
Barcelona: 60%
Real Madrid*: 60%
Borussia Dortmund*: 59%
Manchester City: 59%
Paris Saint-Germain*: 58%*Eliminado
A derrota da posse de bola na Liga dos Campeões fortalece os discursos dos técnicos que comandam os elencos mais caros do futebol brasileiro. Luiz Felipe Scolari e Abel Braga preferem jogar como Ajax, Tottenham e Manchester United, ou seja, protegendo o resultado quando estão à frente do placar, à espera do erro do adversário para o contra-ataque.
Em entrevista ao colega Mauro Cezar Pereira, da ESPN e do UOL, antes da estreia na Libertadores, Abel Braga chegou a dizer. “O Flamengo é muita posse de bola e estou tentando tirar isso um pouquinho, algo mais real, mais reativo, mais na direção do gol. Não significa que eu não queira a posse de bola, mas para mim, quanto mais rápido chegar ao gol adversário, melhor”, argumentou o comandante.
Para sorte de quem ama futebol, Fernando Diniz (Fluminense) e Jorge Sampaoli (Santos) não abrem mão da bola. São fiéis a ela na alegria da vitória e na tristeza da derrota, das eliminações, de duros fracassos como o do Peixe diante do River Plate, do Uruguai, na primeira fase da Copa Sul-Americana. O técnico avisou depois da queda precoce no torneio continental: A eliminação incomoda. Tínhamos a expectativa de passar. Defendemos uma ideia de jogar e propor o jogo, e fomos eliminados por uma equipe que não propôs. Temos um estilo, e esse estilo não vai mudar por conta de uma eliminação”, alegou Sampaoli.
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