Não é difícil explicar a presença do Atlético-MG na disputa pelo título do Campeonato Brasileiro até a última rodada. A vitória contra o São Paulo por 2 x 1 na noite desse sábado, no Mineirão, em Belo Horizonte, dá ao Galo o título simbólico do segundo turno. São 39 pontos em 18 partidas. Sete a mais do que o vice-líder Palmeiras com 32. O time alviverde pode chegar no máximo aos 38. Líder, a equipe de Abel deve ser campeã sem conquistar nenhum turno. Não seria inédito. Flamengo e Fluminense ergueram a taça assim em 2009 e em 2012, respectivamente. O Botafogo venceu o primeiro com 47 pontos. A gordura foi incinerada.
O Galo não repetiu a exibição da vitória por 3 x 0 contra o Flamengo. Longe disso. O diferencial é o tempo de trabalho. Felipão acumula cinco meses e 15 dias no cargo. O início do trabalho teve tropeços: nove jogos consecutivos sem vencer em exibições no Brasileirão e na Libertadores.
Erros e acertos estimularam Felipão e os auxiliares Carlos Pracidelli, Lucas Gonçalves e Éder Aleixo a criar caminhos alternativos. O sistema usado contra o Flamengo foi o 4-4-2. Na teoria, o desenho mudou para 4-2-3-1 diante do São Paulo. Na prática, o time se comportou em um ousado 3-2-5 em busca da vitória. O posicionamento médio do time no jogo não deixa dúvida.
Mariano, Igor Rabelo e o homenageado da noite Réver formaram uma linha de três. À frente deles, um par de volantes formado por Otávio e Edenilson. Na frente, Igor Gomes caindo pela direita próximo de Zaracho e Hulk; e Paulinho aberto na esquerda auxiliado pelo lateral-esquerdo Guilherme Arana. O São Paulo explorou espaços, criou dificuldades, poderia ter aberto o placar se Luciano não tremesse diante do ótimo goleiro Everson e pagou caro.
Hulk e Paulinho não perdoam. A melhor — e rara — dupla de ataque do Galo se conectou. Quando isso acontece, a vitória alvinegra é praticamente certa. Dos 90 gols do time neste ano, 60 tiveram a assinatura deles, o equivalente a 66,6%. Trinta bolas na rede de cada um. Paulinho é o goleador isolado do Brasileirão com 19. Igualou o desempenho de Diego Tardelli em 2019. O atleticano dividiu a artilharia com o imperador Adriano naquela temporada.
O ataque funciona, mas a defesa também. Outra exibição extraordinária do goleiro Everson. Brilhou contra o Flamengo e fez toda a diferença no triunfo contra o São Paulo. Um paredão em lances decisivos. Evitou o segundo gol tricolor com uma senhora defesa nos acréscimos. Teve sorte em uma bola no travessão. O golpe de vista ajudou a torcida a acreditar ainda mais em uma coincidência. O título de 2021 foi conquistado na Arena Fonte Nova contra o Bahia. Por que não de novo na próxima quarta-feira, novamente em Salvador, contra o mesmíssimo Bahia?
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