Tite usará Militão pela terceira vez na lateral. França e Alemanha fizeram isso nos títulos de 2018 e 2014

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Causa surpresa em alguns a utilização de um zagueiro na lateral direita da Seleção Brasileira. Éder Militão deve começar o amistoso contra Gana nesta sexta-feira na função do titular Danilo. Tite convocou apenas uma especialista na posição e deseja observar Militão pela terceira vez na função que o jogador desempenhou na própria Seleção Brasileira em amistosos sob o comando do atual treinador, no Real Madrid, no Porto e no São Paulo — o clube que o revelou. Uma pesquisa do blog na lista de partidas do jogador de 24 anos na carreira aponta 42 exibições na lateral. Logo, ele é, sim, alternativa para um setor carente. Prova disso é a expectativa por Daniel Alves, de 39 anos, até o anúncio da lista final, em 7 de novembro.

Os mais conservadores dirão que Tite está inventando moda. Não! Ele observará Militão na lateral-direita pela terceira vez. Em 12 de setembro de 2018, o zagueiro começou nessa função na goleada por 5 x 0 sobre El Salvador. Militão era o lateral-direito na linha de zaga formada ao lado Marquinhos, Dedé e Alex Sandro. Em 6 de junho de 2019, Militão entrou no lugar de Daniel Alves na vitória por 2 x 0 contra o Catar, no Mané Garrincha, em Brasília.  Portanto, a tentativa de Tite não será inédita. Provavelmente, é o teste final de uma ideia lançada lá atrás…

Outro detalhe para quem considera absurda a escalação do zagueiro Éder Militão na lateral. As últimas duas seleções campeãs do mundo usaram desse artifício. Há quatro anos, a França escalou um zagueiro na lateral esquerda. Didier Deschamps deslocou Lucas Hernández para o setor. A linha defensiva da seleção campeã do mundo tinha Pavard na lateral direita, a dupla de beques formada por Varane e Umtiti e Lucas Hernández na esquerda. Uma lembrancinha: Pavard começou na zaga até se descobrir… lateral.

Improvisado na Copa da Rússia, Lucas Hernández atua na posição de origem, hoje, no Bayern de Munique. Pavard e Davies ocupam as laterais e ele forma par de zaga com Upamecano. De qualquer forma, tanto o técnico do clube alemão como o da seleção francesa sabem que podem contar com o versátil jogador em outra posição quando for necessário.

Em 2014, a Alemanha iniciou a campanha do tetra com dois zagueiros improvisados nas laterais na goleada por 4 x 0 contra Portugal, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Boateng ocupava a direita e Höwedes a esquerda. Mertesacker e Hummels eram os dois zagueiros.

Do meio para a frente, o técnico Joachim Löw soltava Lahm, Khedira, Kroos, Özil, Thomas Müller e Götze. Durante o torneio, Lahm voltou à lateral direita e o zagueiro-zagueiro Höwedes era quem fazia o balanço defensivo pelo lado esquerdo da Alemanha. Inclusive no 7 x 1.

O Real Madrid não costuma escalar Éder Militão como lateral-direito, mas o ex-técnico merengue Zinedine Zidane, por exemplo, já fez isso em uma derrota do time da capital para o Real Bétis na temporada de 2019/2020 do Campeonato Espanhol. Militão assumiu a banda direita na linha de zaga ao lado de Varane, Sergio Ramos e do lateral-esquerdo Marcelo.

“O lateral, o Militão, jogou de lateral, e vou pegar as palavras do Ricardo Rocha: nós temos um lateral que joga muito. Fui falar com ele e ele falou: foi ali que me destaquei. Versatilidade, versatilidade ele tem. O campo fala, o campo fala”, disse Tite na entrevista coletiva desta quarta-feira, em Le Havre, na França.

Portanto, cuidado ao afirmar que esse ou aquelo treinador está inventando. A questão é que, no nosso país, zagueiro utilizado na lateral direita da seleção dos outros, principalmente das últimas duas campeãs do mundo, é genial, uma baita sacada de um treinador fora da caixinha. Quando acontece no Brasil vira piada, desinformação e desserviço ao torcedor.

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Marcos Paulo Lima

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