Aos 43 anos, Rafael Edgar Dudamel Ochoa vai tentar curar como técnico, na próxima terça-feira, um trauma dos tempos de goleiro. O comandante da Venezuela sofreu seis gols da Seleção Brasileira na história das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Ele deu até sorte. Na Copa América de 1999, Renny Vega, por exemplo, levou sete em um só jogo na fase de grupos.
Dudamel era o goleiro da Venezuela na vitória que carimbou a classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 2002. A Seleção chegou à última rodada com risco de ficar fora do torneio pela primeira vez na história. Mas a Venezuela não foi páreo para o time de Luiz Felipe Scolari naquele 14 de novembro de 2001. Luizão fez dois gols em Dudamel, Rivaldo marcou um e o time verde-amarelo arrumou as malas rumo ao Japão e Coreia do Sul.
Em 2005, a última rodada foi no Estádio Mangueirão, em Belém do Pará. O Brasil apenas cumpria tabela e Dudamel levou mais três em outro 3 x 0, gols de Adriano “Imperador”, Ronaldo “Fenômeno” e de Roberto Carlos.
Dudamel defendeu a Venezuela 56 vezes. Venceu oito partidas, empatou 12 e perdeu 36. Com ele em campo, o time fez 47 gol e sofreu 116 — media de 2,07 por partida. Metido a goleiro-artilheiro, balançou a rede da Argentina na derrota por 5 x 2 em casa diante da Argentina, em 1996, pelas Eliminatórias para a Copa de 2006.
A torcida do Palmeiras lembra bem de Dudamel. Era ele o goleiro do Deportivo Cali na final da Libertadores de 1999, no velho Parque Antártica. O venezuelano acertou a primeira cobrança do clube colombiano na decisão por pênaltis, mas veria Marcos virar santo e se tornar o herói do título alviverde.
O técnico da Venezuela assumiu o cargo em abril, depois da saída de Noel Sanvicente, mas não foi escolhido por acaso. Dudamel comandou a Venezuela no Mundial Sub-17 de 2013. Classificou o país graças ao vice-campeonato no Sul-Americano da categoria. Também teve oportunidade na esquadra Sub-20. Na Copa América Centenário disputada neste ano, a Venezuela chegou às quartas de final.
A partida de terça-feira, em Mérida, aparenta ser fácil para o Brasil e pode até levá-lo à liderança das Eliminatórias, mas a Venezuela tem feito jogos duros em casa na seletiva para a Rússia. Empatou com a Argentina por 2 x 2 sob o comando de Dudamel. A Venezuela é o único dos 10 países sul-mericanos que jamais participou da Copa do Mundo, mas uma nova vitória sobre o Brasil — a primeira foi em 2008 na cidade de Boston — pode funcionar, ao menos para Dudamel, como a conquista de um Mundial.
Desempenho em casa nas Eliminatórias 2018
Venezuela 0 x 1 Paraguai
Venezuela 1 x 3 Equador
Venezuela 1 x 4 Chile
Venezuela 2 x 2 Argentina