Jorge Sampaoli já foi sonho de consumo do Flamengo, do São Paulo e do Corinthians. Estaria em negociação com o Santos e voltou a interessar ao Corinthians. Há dois anos, contratar o badalado técnico argentino era missão impossível. Chegou a ser promessa de campanha do candidato Walim Vasconcellos na batalha por votos contra Eduardo Bandeira de Mello na eleição presidencial rubro-negra. O treinador havia acabado de levar o Chile ao título inédito da Copa América, estava supervalorizado, mas Wallim jura que havia um pré-acordo.
Dois anos depois, Jorge Sampaoli continua na moda em um mercado que continua encantado com o que ele fez na Universidad de Chile e na seleção do Chile, mas parece incapaz de fazer o contraponto, observar os números do treinador em seus últimos dois trabalhos, ou seja, no Sevilla, da Espanha, e na Argentina, de Lionel Messi.
O profissional dos sonhos de Santos e Corinthians comandou o Sevilla em 53 jogos, com 27 vitórias, 12 empates e 14 derrotas. O aproveitamento dele na temporada foi de apenas 50,9%. Ou seja, o quarto lugar no Campeonato Espanhol, atrás apenas de Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid, foi um tanto enganoso em relação ao desempenho geral do clube. Perdeu as finais da Supercopa da Uefa e da Europa, foi eliminado nas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa pelo Leicester City e da Copa do Rei, na mesma fase, pelo Real Madrid.
Talvez, o empresário de Jorge Sampaoli tenha enviado aos dirigentes do futebol brasileiro um (DVD) com os melhores momentos do cliente no Sevilla, como aquela vitória sobre o Real Madrid no Campeonato Espanhol, encerrando 40 jogos de invencibilidade da trupe de Zidane.
Aproveitamento cada vez pior
Universidad de Chile: 61%
Chile: 62,7%
Sevilla: 50,9%
Argentina: 46,6%
Será que os cartolas não viram o que Jorge Sampaoli fez com a Argentina nas Eliminatórias para a Copa e, logo em seguida, no Mundial da Rússia? Se não fosse aquela exibição de gala de Lionel Messi contra o Equador, lá em Quito, a seleção teria encarado a repescagem ou assistido ao Mundial do sofá. A Argentina sofreu para avançar em segundo lugar com uma vitória no apagar das luzes diante da Nigéria, em São Petersburgo. Levou baile da França nas oitavas de final e voltou para casa desempregado. Aproveitamento pífio de 46,6%.
Apesar disso tudo, há quem esteja disposto a pagar caro para ter Jorge Sampaoli, a fim de pagar pelas exigências do treinador. Lá na Rússia, o argentino não perdeu a oportunidade de fazer o marketing pessoal ao falar do futebol brasileiro. “O Flamengo tentou me contratar quatro vezes. O Corinthians duas. O São Paulo me deu um contrato em branco, mas estava no Chile”, afirmou Sampaoli ao globoesporte.com.
Aos 58 anos, Jorge Sampaoli vive de dois bons trabalhos. Na Universidad de Chile, foi bicampeão do Torneio Apertura e do Clausura em 2011, e do Apertura em 2012. Em 2011, faturou a Copa Sul-Americana. E m2015, a Copa América, à frente da seleção do Chile. Orgulha-se de ser o responsável pelos últimos dois títulos do futebol chileno.
Como quem vive de passado é museu, recomenda-se aos cartolas interessados nele que avaliem com rigor o presente do badalado técnico antes da assinatura do contrato.