Sem time de “R$ 200 milhões”, São Paulo fez mais que o Flamengo: foi tri brasileiro e brigou pelo tetra

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O Flamengo jogou fora no empate por 2 x 2 com a Chapecoense, na Arena Condá, à chance de igualar o recorde do São Paulo. Com muito menos dinheiro e badalação, o clube paulista empilhou um tricampeonato brasileiro em sequência de 2006 a 2008 na era dos pontos corridos. Aquele time tricolor estava longe de ser badalado como o atual elenco rubro-negro, mas era diferenciado em pelo menos um aspecto: a continuidade do trabalho.

Muricy Ramalho caminhava para o auge na carreira. Inventou e reinventou um time vitorioso. Perdeu peças, mas conseguiu sustentar a soberania nacional em quatro anos de trabalho. O time-base do terceiro título da série do São Paulo era muito inferior ao do atual Flamengo. Tinha Rogério Ceni; Rodrigo, André Dias e Miranda; Joílson, Richarlyson, Hernanes, Hugo e Jorge Wagner; Borges e Dagoberto; Um time operário se comparado ao baita elenco comandado em 2021 por Renato Gaúcho.

Pouquíssimo usado neste Campeonato Brasileiro, o onze de gala rubro-negro é Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão, Andreas Pereira, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel Barbosa. O Flamengo seria um com força máxima. Remendado desde a exibição de gala na vitória por 3 x 0 contra o Athletico-PR, em 27 de outubro, não consegue competir com o Atlético-MG. A distância para o líder, que poderia ter sido reduzida a quatro pontos, aumentou para 11. Como o Flamengo tem uma partida a menos contra o Grêmio, a distância, em tese, pode cair a oito.

O São Paulo sustentou Muricy Ramalho no cargo por quatro temporadas. A aposta na continuidade brindou o São Paulo com o tricampeonato — e quase o tetracampeonato. Mesmo sem o treinador, que deixou o clube na metade de 2009 e assumiu o Palmeiras — o tricolor entrou nos trilhos com o sucessor Ricardo Gomes e brigou pelo quarto título consecutivo até a última rodada com Flamengo, Internacional, Cruzeiro e Palmeiras.

São Paulo menos badalado que o Flamengo na série do tri brasileiro

  • São Paulo de 2006
    Rogério Ceni;
    Ilsinho, Fabão, Miranda e Júnior;
    Josué, Mineiro, Souza e Danilo;
    Leandro e Aloísio.
    Técnico: Muricy Ramalho

  • São Paulo de 2007
    Rogério Ceni;
    Breno, André Dias e Miranda;
    Leandro, Hernanes, Richarlyson, Jorge Wágner e Júnior
    Dagoberto e Aloísio.
    Técnico: Muricy Ramalho

  • São Paulo de 2008
    Rogério Ceni;
    Rodrigo, André Dias e Miranda;
    Joílson, Richarlyson, Hernandes, Hugo e Jorge Wágner;
    Borges e Dagoberto.
    Técnico: Muricy Ramalho

A atual diretoria rubro-negra assumiu em 2019. De lá para cá, o Flamengo teve cinco treinadores diferentes: Abel Braga, Jorge Jesus, Domenéc Torrent, Rogério Ceni e Renato Gaúcho. É muita mudança de comando em tão pouco tempo. Muito chip para tirar e inserir na mente e no coração de jogadores de altíssimo nível, mas sujeitos ao mínimo de organização possível da parte de quem os comanda.

O investimento do Flamengo permitia a conquista do terceiro título. Dava condições ao clube de superar o bi da Era Zico, em 1982 e 1983. Em vez de consolidar a hegemonia, deve perder o título que ainda defende para o arquirrival nacional Atlético-MG.

O lugar do Flamengo na era dos pontos corridos está mais para aquele Cruzeiro bicampeão em 2013 e 2014, ao qual Everton Ribeiro fazia parte, do que para o São Paulo de Muricy. A sensação é de que era possível brigar pelo tri com os também ricos Atlético-MG e Palmeiras até a última rodada, mas o Flamengo pagará caro por erros como o desta segunda-feira no empate por 2 x 2 com a lanterna Chapecoense.

Para não dizer que não falei do jogo, quando o técnico de um time de “R$ 200 milhões” passa um tempão reclamando da arbitragem depois de um jogo contra o lanterna, que venceu apenas 1 jogo de 31, é porque está tudo errado, mesmo. Sim, o apito prejudicou, mas tá longe de ser o maior vilão do bagunçado Flamengo de Renato Gaúcho.

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Marcos Paulo Lima

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