A Seleção convocada nesta quarta-feira (29) para os Jogos Olímpicos do Rio-2016 tem 12 jogadores que atuam em clubes das séries A ou B do Campeonato Brasileiro, mas não é o recorde. A lista de Rogério Micale causa estragos, sim, em times de ponta do Campeonato Brasileiro como Santos, Atlético-MG, Internacional, Palmeiras e Grêmio — e no Vasco, que briga na segunda divisão para voltar à elite —, mas não tanto como a relação de Vanderlei Luxemburgo para o megaevento de Sydney-2000. Naquele ano, dos 18 chamados, 15 atuavam em clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, chamado, à época, de Copa João Havelange.
A quantidade de jogadores que atuam no país também não supera a lista de Mário Jorge Lobo Zagallo para os Jogos de Atlanta-1996. Naquela edição, eram 13 atletas empregados no Brasil. Ao contrário de Mano Menezes em Londres-2012, Rogério Micale privilegiou — e muito — os jogadores que estão próximos do seu raio de visão, boleiros que ele pode enxergar a olho nu a cada rodada das séries A e B. Talvez, também, pela dificuldade de obter as liberações. Há quatro anos, Mano só levou cinco jogadores de clubes brasileiros à terra da rainha. O arrastão de Micale acaba de arrancar 11 da Série A — três deles de um time só, o Santos, o e um da B, Luan, do Vasco. A última vez que a Seleção só teve jogadores brasileiros nas Olimpíadas foi em Los Angeles-1984. Mas eram outros tempos.
Particularmente, considero boa e inteligente a lista de Rogério Micale. Diante da ridícula imposição da Fifa de limitar o número de convocados a 18, ele privilegiou, óbvio, a versatilidade. Entre os três zagueiros, ao menos um, Marquinhos, também atua como lateral-direito, ou seja, teoricamente, pode suprir uma eventual baixa de William, do Inter. Fica claro, ainda, a escolha de apenas um jogador experiente para a defesa. Fernando Prass ou Thiago Silva? Ele preferiu o goleiro do Palmeiras — para mim, a maior surpresa da convocação. Explicada pela recusa do Benfica em liberar o plano A, Ederson. Lamentável a ausência do bom lateral-direito Fabinho. O Monaco está nas fases preliminares da Liga dos Campeões da Europa e não abre mão do jogador. Eu também levaria o lateral-esquerdo Jorge, do Flamengo, vice-campeão mundial Sub-20 com Rogério Micale, em 2015, na Nova Zelândia, em vez de Zeca. Deixo uma observação: acho dois goleiros muito pouco. A Fifa deveria rever isso, mas não está nem aí para as Olimpíadas.
No meio de campo, a surpresa é Fred. O volante/meia do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, está de volta a um torneio oficial com a camisa da Seleção Brasileira depois de ser flagrado no exame antidoping na Copa América de 2015, sob o comando de Dunga. Na época, pegou muito mal e Dunga não o chamou mais. A sustância hidrocloroatiazida, considerada mascarante, foi detectada no exame. É um ótimo jogador. Muito versátil.
Numa Seleção que tem apenas 18 jogadores, Rodrigo Dourado é outra boa sacada de Rogério Micale. O versátil volante também oferece a possibilidade de ser zagueiro. Quando necessário, joga assim no Internacional.
A lista continua mostrando uma deficiência no meio de campo do futebol brasileiro: a falta de um autêntico camisa 10. Felipe Anderson e Rafinha são bons jogadores, mas nenhum deles é o chamado camisa 10 clássico. Eu apostaria em Neymar recuado nesta função.
Senti falta de Willian, do Chelsea, na lista. Rogério Micale poderia ter aberto mão de um atacante de lado em troca de um jogador de muita movimentação e com um diferencial: as cobranças de falta e de escanteios, cada vez mais decisivas no futebol. No caso de Willian, das duas, uma: ou o Chelsea não liberou, ou Willian era nome certo na lista de Dunga, mas não na de Micale.
No ataque, Neymar não é nenhuma surpresa. Era ele e mais 17 depois do acordo com o Barcelona. Gabriel Jesus, Gabigol e Luan merecem demais. Aprecio muito o futebol de Douglas Costa, mas, entre ele e Willian, eu preferiria reforçar o meio de campo com o bom jogador do Chelsea. Enfim, é um elenco para brigar por medalha se tiver o que faltou à Seleção principal na Copa do Mundo de 2014: equilíbrio emocional e sentido de equipe, de time. Lidar com a individualidade de Neymar é o maior desafio do humilde e competente Rogério Micale.
Os 18 de Rogério Micale
» Goleiros
Fernando Prass (Palmeiras)
Uilson (Atlético-MG)
» Laterais
Douglas Santos (Atlético-MG)
Zeca (Santos)
William (Internacional)
» Zagueiros
Luan (Vasco)
Rodrigo Caio (São Paulo)
Marquinhos (Paris Saint-Germain)
» Volantes
Rodrigo Dourado (Internacional)
Thiago Maia (Santos)
» Meias
Rafinha (Barcelona)
Felipe Anderson (Lazio)
Fred (Shakhtar Donetsk)
» Atacantes
Neymar (Barcelona)
Douglas Costa (Bayern de Munique)
Gabriel Jesus (Palmeiras)
Gabriel (Santos)
Luan (Grêmio)
EFEITO COLATERAL NO BRASILEIRÃO
A presença de jogadores empregados em clubes brasileiros nas convocações olímpicas
Rio-2016: 12 de clubes brasileiros, 6 “estrangeiros”
Londres-2012: 5 de clubes brasileiros, 13 “estrangeiros”
Pequim-2008: 6 de clubes brasileiros, 12 “estrangeiros”
Sydney-2000: 15 de clubes brasileiros, 3 “estrangeiros”
Atlanta-1996: 13 de clubes brasileiros, 18 “estrangeiros”
Seul-1988: 19 de clubes brasileiros, 1 “estrangeiro”
Los-Angeles-1984: Todos brasileiros
Montreal-1976: Todos brasileiros
Munique-1972: Todos brasileiros
Cidade do México-1968: Todos brasileiros
Tóquio-1964: Todos brasileiros
Roma-1960: Todos brasileiros
Helsinque-1952: Todos brasileiros
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