O São Paulo, aos poucos, incorpora o espírito de Daniel Alves. Vencedor. O jogador de 37 anos é uma máquina de ganhar títulos. São 40 na carreira. A última vez que passou um ano sem ganhar nada foi em 2014 levando-se em conta a temporada europeia. Ao levar o tricolor paulista à liderança do Campeonato Brasileiro nesta quinta-feira, na vitória por 3 x 0 sobre o Goiás, em Goiânia, o baiano abriu mais uma possibilidade de título em 2020. Sim, o Brasileirão e a Copa do Brasil terminarão em 2021, porém, a taça refere-se a 2020.
Escrevi aqui no blog, no último sábado, que um dos trunfos de Fernando Diniz é a repetição da formação base, como fazia Jorge Jesus a exaustão no Flamengo de 2019. O São Paulo praticamente não muda do meio para a frente. Luan, Daniel Alves, Gabriel Sara, Igor Gomes, Brenner e Luciano estão na ponta da língua do torcedor. Do meio para trás, as mudanças são pontuais. Juanfran ou Tchê Tchê na lateral direita, o intocável na esquerda e Diego ou Arboleda e Bruno Alves na dupla de zaga. Nesta quinta, Arboleda e Bruno Alves.
Daniel Alves é um dos três pilares desse São Paulo que volta merecidamente a liderar a Série A depois de um ano e sete meses. Abaixo dele na hierarquia, o goleiro Tiago Volpi e o lateral-esquerdo Reinaldo. Fernando Diniz dificilmente abre mão dos três homens de confiança. E Daniel Alves não decepciona. É um dos responsáveis por 15 jogos de invencibilidade. Está próximo de alcançar o próprio recorde de 18 jogos na campanha do título de 2008, na era Muricy Ramalho.
Quem olha os números de Daniel Alves isoladamente tem um pouco da impressão do significado de Daniel Alves na temporada do São Paulo. São 38 jogos, sete gols e cinco assistências em 2020. Uma das temporadas mais artilheiras dele na média (0,18(, igualando 2005/2006 pelo Sevilla, quando balançou a rede 12 vezes em 61 jogos (0,19) e era 14 anos mais jovem.
O campo traduz o que dizem os números. Daniel Alves é responsável por carimbar a bola no meio de campo. O camisa 10 lidera o São Paulo em campo. Mesmo que não faça a assistência, ou seja, o passe decisivo, a jogada sempre começa por ele. O craque distribui o jogo. É quem determina se o São Paulo ataca pela direita, posição que ele conhece tão bem, ou esquerda, outro pedacinho íntimo do versátil jogador.
A essa altura da temporada, o São Paulo trabalha em duas frentes para sair da fila de oito anos sem título — desde a conquista inédita da Copa Sul-Americana, em 2012. Daniel Alves deu 91 toques na bola. Deu 55 passes. Acertou 83,3%. Mais uma ótima exibição. Não se engane. Se o São Paulo sair da fila, Daniel Alves será o maior responsável por devolver o velho espírito vencedor ao heptacampeão brasileiro.
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