Saiba quem é o advogado que entregou o cheque de R$ 821 milhões ao Barcelona e liberou Neymar

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Ele usava chapéu, gravatinha borboleta, óculos e carregava na bolsa um cheque de 222 milhões de euros, aproximadamente R$ 821 milhões. Se Neymar está liberado para jogar pelo Paris Saint-Germain, deve em parte ao jogo de cintura de um craque apelidado até de “Messi da Advocacia” nos bastidores da bola.

Advogado espanhol especializado em direito esportivo, Juan de Dios Crespo Pérez, 57, foi o homem que bateu na porta do Barcelona para sacramentar a maior transação da história do futebol. O personagem é o mesmo que deu vitória a Messi contra a Fifa neste ano, defendeu Luis Suárez no episódio da mordida em Chiellini, reduziu pena por uso de cocaína de jogador equatoriano e representou até a CBF no passado.

Dono do PSG, o xeque Nasser Al-Khelaifi não queria seus petrodólares nas mãos de um profissional qualquer. Ciente de que Juan de Dios Crespo tem no currículo o cancelamento de uma sanção da Fifa a Lionel Messi nas Eliminatórias da Copa de 2018, a diminuição da pena de José Angulo por doping de cocaína e o triunfo de um jogador do Universitario, do Peru, numa batalha judicial do Genoa, da Itália, o xeque entregou o cheque a quem saberia exatamente como lidar com a Liga de Futebol Profissional (LFP) da Espanha e o Barcelona.

Juan de Dios Crespo bateu primeiro na porta da LFP. A entidade que comanda o Campeonato Espanhol não aceitou receber os R$ 821 milhões. Frio e calculista, dirigiu até a sede do Barcelona e cumpriu mais uma das inúmeras missões. Provavelmente, o pagamento da contratação de Neymar foi a tarefa mais fácil da carreira.

O homem do chapéu e gravata borboleta nasceu em Madri, mas começou no direito em Valencia. Cinco anos depois, montou um dos maiores escritórios da Espanha — o Ruiz-Huerta & Crespo. A empresa virou referência no mundo da bola, principalmente devido à trajetória e ao fácil trânsito de Juan de Dios Crespo nos bastidores do esporte. A facilidade com direito esportivo, direito internacional comercial e a facilidade com idiomas o fizeram assumir mais de 200 casos na Corte Arbitral do Esporte e assessorar atletas e clubes em transferências. O último serviço foi prestado justamente a Neymar e ao PSG no negócio do ano com o Barcelona.

Neste ano, Juan de Dios Crespo conseguiu uma das vitórias mais badaladas da carreira. A Fifa suspendeu Messi com o gancho de quatro partidas em jogos oficiais da Argentina devido a uma discussão com o assistente brasileiro de arbitragem Emerson Carvalho, na vitória dos hermanos sobre o Chile, em 23 de março, pelas Eliminatórias. A Associação de Futebol Argentina (AFA) e Messi contrataram o profissional para representá-lo na apelação apresentada à Fifa e marcaram um gol de placa derrubando o castigo. “Foi o caso mais midiático por se tratar do melhor jogador do mundo”, brincou Crespo em junho. “A sanção a Messi era difícil de digerir.”

Na América do Sul, o escritório do advogado espanhol também representou o Universitario, do Peru, numa batalha judicial de cinco jogadores peruanos contra o Genoa. Um deles, Andy Polo, ganhou a queda de braço e teve o direito a receber US$ 1,4 milhões do clube italiano. O Bahia também o contratou no Caso Victor Ramos. No passado, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também requisitou o trabalho do profissional.

Em 2016, o equatoriano José Angulo, do Granada, testou positivo para uso de cocaína e foi suspenso pela Fifa por dois anos. Contratado pelo jogador, o escritório de Crespo reduziu a pena pela metade, para um ano, e o jogador voltou a treinar dois meses antes. Crespo provou que o doping não foi intencional.

Os triunfos da empresa Ruiz-Huerta & Crespo nos bastidores do esporte não se resumem a jogadores e ex-atletas como Zidane, Sorín, Agüero, Morientes, Sissoko, Messi e a clubes de futebol.  Há triunfos no rúgbi, judô, badminton, handebol, futebol de salão… Algumas história e comentários viraram até livro. Juan de Dios Crespo chegou a ser eleito o 13º melhor advogado da Europa em um ranking elaborado pela Chambers e Partners.

Marcos Paulo Lima

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