Ele fez gol importante contra a Coreia do Sul na última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo da Itália, em 1990, e classificou o Uruguai para as oitavas de final. Vestia a camisa 9 celeste na decisão da Copa América de 1995 contra o Brasil, no Estádio Centenário, em Montevidéu. Deu lugar a Bengoechea, autor do gol de empate dos anfitriões no tempo normal por 1 x 1 numa cobrança de falta no ângulo de Taffarel, e comemorou o triunfo nos pênaltis por 5 x 3. Foi o herói do último título internacional do Nacional na final da Recopa Sul-Americana de 1989 contra o Racing na vitória por 1 x 0 no jogo deia ida. Vestiu a camisa de clubes tradicionais como Nacional, River Plate, da Argentina, Napoli, Roma e Juventus, na Itália. Aos 49 anos, o ex-atacante Daniel Fonseca é um dos agentes uruguaios mais influentes. Um dos clientes dele está em pé de guerra com o Cruzeiro para aceitar a tentadora oferta do Flamengo: o meia Giorgian De Arrascaeta.
Daniel Fonseca é um empresário controverso. Trabalhou com as duas maiores estrelas da seleção do Uruguai — os atacantes Cavani e Luis Suárez. Porém, os astros do Paris Saint-Germain e do Barcelona, respectivamente, romperam com ele. Em 2016, foi citado no Panamá Papers — investigação feita pelo Consórcio de Jornalistas Investigativos sobre a indústria de empresas offshore, alternativa para esconder dinheiro e dificultar o rastreamento dos donos.
Os episódios não abalaram o ego do agente. “Acho que nos últimos anos, 70% ou 80% dos melhores jogadores que surgiram aqui (no Uruguai) foram representados por mim. Depois de 10 anos, eu me sinto feliz. Consegui coisas muito mais positivas do que negativas. Todos os meus colaboradores têm padrões bem definidos. Eles sabem o que fazem, são profissionais”, disse Fonseca numa entrevista ao jornal uruguaio El País, em março de 2015.
Luis Suárez rompeu com o empresário na transferência do Nacional, de Montevidéu, para o Groningen, da Holanda, num negócio de 800 mil euros. Afirmou na época que Fonseca “foi uma das maiores decepções”. Ele não foi o único a cortar relações. Edinson Cavani, Nicolas Lodeiro, “Tata” Gonzalez, Diego Rolan, Mathias Cardacio, Sebastián Viera, “Toro” Rodriguez e Thiago Cardozo seguiram o mesmo caminho, ou seja, trocaram de representantes.
A lista de clientes remanescentes tem, entre outros, o goleiro Fernando Muslera, o zagueiro Martín Cáceres e De Arrascaeta — parceiro de Daniel Fonseca desde que estourou no Defensor Sporting e foi negociado com o Cruzeiro. A transação custou R$ 12 milhões, mas houve exigência de compra casada para o martelo ser batido. Com Arrascaeta, chegou a promessa Gonzalo Latorre, um jogador que jamais havia atuado por um time profissional. O Cruzeiro foi acionado na Fifa pelo Atenas, do Uruguai, por falta de pagamento, e trava batalha jurídica. Gonzalo deixou o clube e está no Atlético Progresso, do Uruguai.
Fonseca é amado e odiado pelos clubes uruguaios. O Defensor Sporting comemorou a transação de Arrascaeta para o Cruzeiro. A relação com Nacional e Peñarol é marcada por tapas e beijos. As controvérsias do empresário causaram divisão até na seleção do Uruguai. Enquanto Luis Suárez cortava relações com Fonseca, o zagueiro Cáceres exaltava o empresário nas redes sociais. “Se sou grato e tenho orgulho de alguém, é de você, amigo fiel”, escreveu.
Alguns métodos de trabalho de Fonseca são criticados e elogiados. O agente toma decisões da Itália, onde mora. Porém, esteve em Belo Horizonte na última quinta e sexta-feira para tratar um loco da novela Arrascaeta. Na mesma entrevista de março de 2015 ao El País, citou uma das prioridades no relacionamento com os clientes. “Fazer o jogador e a família viverem bem”.
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