Rivaldo Ancelotti e Rivaldo apararam arestas e conquistaram a Champions League em 2003. Foto: Instagram/Rivaldo Conversa franca entre Ancelotti e Rivaldo aparou arestas e conquistaram a Champions League. Foto: Instagram/Rivaldo

Rivaldo ou Leonardo: quem é o único brasileiro com o qual Carlo Ancelotti tretou?

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Na entrevista ao colega Carlos Gil da tevê Globo, o técnico italiano Carlo Ancelotti lembrou que trabalhou com 34 jogadores brasileiros e só não se deu bem com um. “O brasileiro tem um bom caráter na minha opinião. O jogador brasileiro, em geral, tem um nível técnico maior do que os outros. Do aspecto pessoal, é uma pessoa que tem um caráter tranquilo, humilde, a maioria. Treinei 34. Se penso em um problema com alguém, creio que não. Tive com um, mas não te digo (com quem)”, afirmou. Há pelo menos duas hipóteses: Rivaldo no papel de jogador ou Leonardo, este na função de diretor esportivo.

 

Vamos por partes…

 

O italiano conta na página 36 do livro Liderança Tranquila (versão brasileira) um episódio no qual ele e Rivaldo tiveram uma discussão no Milan. O craque brasileiro havia sido eleito melhor do mundo em 1999, campeão da Copa do Mundo em 2002 e era recém-chegado ao clube italiano.

 

Carlo Ancelotti relata a contratação de vários jogadores para a temporada do Milan. Havia uma transição em curso depois da saída do técnico Fabio Capello e o responsável por mudar a característica do time era justamente o novo técnico da Seleção Brasileira.

 

“Logo no começo da minha primeira temporada completa, houve um jogo pela Champions League e Rivaldo, que não tivera uma pré-temporada integral, nem uma preparação completa para o jogo , foi para o banco. Tentei lhe explicar que ele jogaria dali a três dias, mas ele respondeu: ‘Rivaldo não vai para o banco’”, disse em terceira pessoa.

 

Carlo Ancelotti sustentou: “Rivaldo, você tem de ir para o banco. Ele simplesmente se levantou e foi para casa”, contra o comandante italiano em Liderança Tranquila.

 

O técnico conclui: “É difícil para jogadores realmente especiais entenderem que não podem jogar, mesmo quando estão somente 80 por cento em forma. Eles são fantásticos porque querem jogar as partidas, em forma ou machucados. Isso é, em parte, o que faz uma mentalidade campeã”, pondera o treinador, explicando como o caso foi resolvido.

 

“O clube conversou com ele, com o agente, e ele voltou e foi para o banco no jogo seguinte contra o Modena, uma partida pouco importante. Somente aí conversei com ele novamente. Eu disse: ‘Eu disse, olha, é por você, por nós. Você não precisa se preocupar porque pode acontecer hoje, pode acontecer no próximo jogo e pode acontecer com qualquer jogador. Temos muitos jogos e isso significa que você estará mais descansado quando jogar a próxima partida”, dialogou Carlo Ancelotti.

 

Rivaldo preferia um técnico nacional para a Seleção. “Sempre preferi que a Seleção Brasileira fosse comandada por um técnico brasileiro, por questão de identidade. Afinal, todos os nossos cinco títulos mundiais foram conquistados com treinadores nacionais, e até hoje nenhum técnico estrangeiro venceu uma Copa por outro país. Mas, diante dos resultados recentes e da pressão da imprensa e da torcida, a escolha por um estrangeiro acabou sendo inevitável”, manifestou-se nas redes sociais.

 

Na sequência, ele elogia a escolha por Ancelotti e recorda o período em que trabalharam juntos no Milan. “Pelo menos optaram por um dos melhores: Ancelotti. Um treinador vitorioso que tive o privilégio de ser comandado. Ele venceu em todos os clubes por onde passou e, mesmo com pouco tempo até a Copa, tem condições de fazer um grande trabalho. Assim como Felipão em 2001, Ancelotti pode montar uma equipe forte e equilibrada, unindo o melhor do futebol europeu e brasileiro. Com apoio e tempo para observar o cenário nacional, pode sim levar o Brasil ao tão sonhado hexa. Desejo a ele sorte nesse grande desafio”, finalizou.

 

Carlo Ancelotti revela no mesmo livro um desentendimento com Leonardo. À época, ambos trabalhavam no Paris Saint-Germain. O brasileiro no papel de dirigente e ele na função de técnico. “Por que dizer a um treinador que ele corre o risco de ser demitido? E se tivesse vencido a partida, o que aconteceria? Permaneceria, claro, mas não me sentiria confortável. Porque àquela altura saberia que tinha perdido a confiança do presidente e do diretor esportivo. Vencemos. Jogamos bem e batemos o Porto por 2 x 1. Assim, não me demitiram”, conta no livro.

 

“Mas nada para mim mais foi a mesma coisa. Não sentia mais o apoio do clube, o que me deixava em uma posição insustentável, sobretudo em um projeto de longa duração como aquele. Por isso, antecipei ao Leonardo que, ao fim da temporada, iria embora. Leonardo era meu amigo, ou ao menos eu acreditava nisso. Mas ele não me deu qualquer explicação por que tinha me tratado daquele jeito. Estava surpreso, uma coisa desse gênero não deve acontecer, no futebol assim como em qualquer outro contexto. Se você quer demitir alguém, demite. Não diga que, se perder, vai demitir”,  desabafa Ancelotti.

 

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