A demissão do técnico Ricardo Sá Pinto do Vasco e o pedido de Keisuke Honda para deixar o Botafogo indicam aos dois clubes que não há fórmula mágica para o sucesso — como sair contratando estrangeiros, por exemplo. Há, sim, necessidade mínima de organização para a inserção de qualquer profissional no organograma da firma. Sem ordem vira caos e todos, brasileiros e/ou importados, se queimam.
O Vasco rendeu-se à moda dos técnicos estrangeiros. A onda apontava para a contratação de um português depois do sucesso de Jorge Jesus no arquirrival Flamengo.
Com o título de Jesus no Brasileirão do ano passado e o vice de Sampaoli, os times brasileiros passaram a acreditar que a solução é contratar treinador estrangeiro.
A Série A deste ano chegou a ter Doménec Torrent (Flamengo), Jorge Sampaoli (Atlético-MG), Eduardo Coudet (Inter), Ricardo Sá Pinto (Vasco), Abel Ferreira (Palmeiras) e Emiliano Díaz (Botafogo), filho de Ramón Díaz, que comandou temporariamente o time carioca. Sem contar Jesualdo Ferreira (Santos), demitido antes do início da Série A.
Ricardo Sá Pinto não deu jeito no Vasco. Em 4 de dezembro, apontei aqui no blog um dos motivos. O lusitano apostou em um sistema de jogo com três zagueiros que praticamente não usou na carreira de técnico.
O Botafogo recorreu a uma fórmula do passado em busca do sucesso no presente. Foi buscar Honda e Kalou na Europa numa tentativa de emular a bela passagem de Seedorf pelo clube de 2012 a 2013.
A diretoria alvinegra preocupou-se em contratar grifes fora de moda no Velho Continente, com salários altos, quando não tinha verba para bancar o dinheiro da fatia brasileira do elenco.
Botafogo e Vasco estão na zona do rebaixamento para a Série B. Pequenos passos errados como as contratações de Ricardo Sá Pinto e Honda conduziram dois clubes gigantes a um caminho perigoso a 11 rodadas do fim do campeonato. O Glorioso arrisca cair pela terceira vez para a Série B (2002 e 2014). O time cruzmaltino teme pela quarta queda (2008, 2013 e 2015).
Há tempo para reagir e evitar o inédito rebaixamento de dois clubes cariocas para a segunda divisão na mesma temporada. Só não há mais margem para erros. A passagem de Ricardo Sá Pinto por São Januário com três vitórias, seis empates, seis derrotas e 33,3% é um atentado ao Vasco. Assumiu em 14º lugar e entrega em 17º.
Keisuke Honda se despede do Botafogo com três gols em 27 jogos (2.038 minutos em campo). Entregou pouco diante do que se esperava. Mas foi profissional enquanto pode em meio à bagunça administrativa, atrasos de salário, e o entra e sai de técnico. Em 10 meses, Honda foi comandado por Paulo Autuori, Bruno Lazaroni, Emiliano Díaz e Eduardo Barroca. Na média, o japonês teve um técnico a cada dois meses e meio no Brasil. Novidade pra ele. Não para nós.
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