Quando falta camisa pra vender: o maior legado do Ceilândia na Série D

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A torcida do Ceilândia fez a diferença na campanha até as oitavas. Foto: @alanfotografia

A eliminação do Ceilândia nas oitavas de final da Série D neste sábado é uma das maiores dores recentes do futebol candango. O time alvinegro não tem um fortuna para investimentos, mas atingiu na bela campanha até a derrota nos pênaltis para o Caxias após dois empates por 0 x 0, no Centenário e no Abadião, o alvo de qualquer time de futebol: o coração de um povo. Times populares, ricos e badalados da cidade conseguiram isso na virada e início do século, mas ficaram de nariz em pé, e deram as costas ao maior patrimônio de um time: a torcida.

O Ceilândia mobilizou a maior cidade do Distrito Federal de uma forma comovente pelo sonho do acesso. No melhor estilo futebol raiz. Carros de alto-falante nas ruas. Ingressos promocionais. Fidelidade a um estádio acanhado em vez de jogos no Mané Garrinha a fim de honrar o comprometimento da comunidade com o representante do bairro na quarta divisão.

O time de Adelson de Almeida perdeu apenas um jogo em 18 na campanha da Série D. Cai de pé contra o Caxias. A bela campanha na Série D já afetava uma das receitas do clube: a venda de camisas. O blog apurou que a empresa responsável pela confecção do uniforme não conseguiu acompanhar o ritmo do sucesso do Ceilândia e as ações de marketing vinculadas à blusa.

A lojinha improvisada no Abadião tinha 80 camisas oficiais à venda na partida deste sábado com a etiqueta da marca própria Gato Preto. Foi o máximo que a fábrica Líder, com sede em Goiânia, conseguiu produzir para atender a demanda cliente. As camisas eram vendidas por R$ 109.

Antes do jogo de volta deste sábado contra o Caxias pelas oitavas de final, a projeção era de encerrar o ano com 1.200 mantos originais comercializados. Metade da meta havia sido batida até agosto. Havia muita procura pela tradicional camisa alvinegra, mas também pela branca.

Paralelamente, não houve ajuda para doping financeiro, ou seja, o tradicional prêmio extra em caso de classificação. O bicho durante a campanha foi o pagamento em dia dos salários dos jogadores. Tudo muito bem calculado. Na ponta do lápis da esforçada diretoria.

Mas futebol nem sempre respeita planejamento. Decisões por pênaltis muito menos. Um mal cobrado aqui, outro ali, e pronto. O limite entre o céu e o inferno é mínimo. O Ceilândia sonhava com a Série C do Campeonato Brasileiro em 2023. Se avançasse contra o Caxias, estaria a dois passos do paraíso nas quartas de final. A dura realidade no ano que vem será outra.

O Ceilândia será um time fora de série em 2024. A única competição do time no calendário profissional será a disputa do Candangão no início do ano. O atual campeão candango Real Brasília e o vice, Brasiliense, representarão o Distrito Federal no torneio. Atolado na quarta divisão desde 2014, o futebol local completará 11 anos no pior campeonato do país.

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Marcos Paulo Lima

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