Qual é o próximo passo do futebol brasileiro contra a violência: levar jogo para campo neutro na Europa como fez a Conmebol?

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Há três anos, uma pedrada no ônibus do Boca Juniors a caminho do Estádio Monumental de Núñez para o segundo jogo da final da Libertadores contra o River Plate fez com que a América do Sul protagonizasse o maior vexame em mais de 60 anos de competição. Numa prova de total incapacidade para garantir a mínima segurança aos dois times, a Conmebol pediu asilo na Europa e mandou a decisão do título de 2018 para o outro lado do Oceano Atlântico. O Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid na capital espanhola, recebeu o superclássico argentino. Chegaremos a esse ponto para garantir a realização de um clássico entre Grêmio e Internacional?

A nova temporada do futebol começa com um velho problema: a violência dentro e fora dos estádios. O problema não é local. Está generalizado. No fim de janeiro, o pau quebrou em Brasília entre vândalos de Gama e Brasiliense, no Mané Garrincha. O clássico com pouco mais de dois mil pagantes foi interrompido e terminou sem público na arena. Os baderneiros foram obrigados a evacuar a arena. Um vexame no Distrito Federal.

Antes disso, um torcedor entrou com uma faca, na Arena Barueri, em uma semifinal de Copa São Paulo de Futebol Júnior entre São Paulo e Palmeiras. Cenas de selvageria em Natal e em Curitiba, neste caso específico durante o clássico Atletiba, também chocaram o país. Aliás, será que ainda choca?!

Como se não bastasse a invasão russa à Ucrânia, os bárbaros do lado de cá decidiram declarar guerra ao futebol. Na última quinta-feira, o ônibus do Bahia foi apedrejado.A delegação do Náutico foi atacada na noite de quinta-feira depois de desembargar no Aeroporto dos Guararapes, no Recife, por uma torcida organizada  do próprio clube depois da eliminação na Copa do Brasil contra o Tocantinópolis.

O fim de semana de carnaval começa com mais conflitos no país. O apedrejamento do ônibus do Grêmio impediu a realização do Gre-Nal, no Beira-Rio. Enquanto isso, o gramado da Vila Capanema era invadido por torcedores revoltados com o rebaixamento do Paraná para a segunda divisão do Estadual. Eles agrediram jogadores do próprio time.

Ao mesmo tempo em que ensaia um processo de modernização com as chegadas das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) e as articulações para a criação da liga nacional, o futebol brasileiro regressa à era da pedra lascada na relação do seu principal cliente — o torcedor — com o espetáculo. O adiamento do Gre-Nal é a prova final de um Brasil refém dos vândalos, rendido é acostumado com a barbárie.

A pergunta irônica no título deste post foi se o próximo passo do futebol brasileiro é imitar a Conmebol e pedir asilo a um Gre-Nal da vida em campo neutros de Madri ou alguma outra cidade europeia. O questionamento do volante Zé Raphael é mais forte é mais direto e enfático do que o meu:

“Bizarro e preocupante, que em uma mesma semana, dois casos muito parecidos de violência, sejam tão ‘normais’ no meio do nosso esporte. Medidas de segurança devem ser tomadas! Quando as coisas vão mudar? Não apoiem ou façam piada com esse tipo de situação, o problema é muito grave!”, advertiu o jogador alviverde nas redes sociais.

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Marcos Paulo Lima

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