Roberto Firmino Firmino comemora gol da vitória sobre o Brasiliense na Série B de 2010. Foto: Flávio Neves Firmino comemora gol da vitória sobre o Brasiliense na Série B de 2010.

“Professor” de Roberto Firmino no Figueirense, Reinaldo, revelado pelo Flamengo, exalta evolução do carrasco rubro-negro na final do Mundial

Publicado em Esporte

Autor do gol do título do Liverpool contra o Flamengo na final do Mundial de Clubes da Fifa, o alagoano Roberto Firmino Barbosa de Oliveira sentava-se no banco de reservas do Figueirense há 10 anos, no comecinho da carreira profissional. Era praticamente o 12º jogador. Estepe de uma comissão de frente formada pelos meias Fernandes (aposentado) e Maicon (Grêmio); e os atacantes Willian Bigode (Palmeiras) e Reinaldo (aposentado). Revelado pelo Flamengo e com passagem por São Paulo, Paris Saint-Germain, Santos, Botafogo e Brasiliense, onde encerrou a carreira, Reinaldo brincou antes da entrevista ao blog sobre o ex-parça Firmino. “Aprendeu comigo”, riu. Autor de sete gols na Série B de 2010, um deles na vitória por 1 x 0 sobre o Brasiliense, no Orlando Scarpelli, em Florianópolis, Firmino foi eleito revelação da segunda divisão e ajudou o Figueirense a subir para a primeira divisão como vice-campeão da Série B. O restante da história você conhece. Firmino encerrou a passagem pelo clube catarinense com 13 gols em 55 jogos, foi negociado com o Hoffenheim e virou um dos maiores atacantes do mundo no Liverpool. Reinaldo admite a surpresa com a evolução do carrasco rubro-negro no bate-papo a seguir. “É uma das maiores que presenciei no futebol”.

 

Você jogou com o Roberto Firmino no Figueirense em 2010. O que lembra do carrasco do Flamengo?

O Firmino sempre foi um jogador diferenciado, mas ele nunca foi titular no Figueirense. Em 2010, do meio de campo para a frente era o Maicon, que está hoje no Grêmio; o Fernandes, ídolo da torcida; e no ataque, eu e o Willian Bigode, que está no Palmeiras. Mas o Firmino entrava em todos os jogos, geralmente a partir dos 10 minutos do segundo tempo. Nós já víamos que o moleque era diferente. Entrava, fazia gol ou algum lance diferenciado. Se eu não me engano, ele tinha 19 anos. Confesso que eu não esperava essa evolução toda que ele teve na Europa.

 

Quem era o Firmino do Figueirense e quem é o Firmino do Liverpool?

O Firmino é hoje um dos principais atacantes do futebol europeu. Ele não tem na Seleção Brasileira o mesmo rendimento do Liverpool, mas dá para entender. Ele treina com os mesmos jogadores todos os dias no Liverpool e o mesmo treinador. Na Seleção, treina no máximo duas, três vezes. Eles até trabalharam mais juntos na Copa América, mas não é a mesma coisa. Para mim, o Firmino é uma das maiores evoluções que eu presenciei no futebol. Nem o Kaká, com que eu jogue no São Paulo, evoluiu tanto quanto o Firmino. Uma grata surpresa para mim.

 

“Para mim, o Roberto Firmino é uma das maiores evoluções que eu presenciei no futebol. Nem o Kaká, com que eu jogue no São Paulo, evoluiu tanto quanto o Firmino. Uma grata surpresa para mim”

 

Firmino frustrou seu coração rubro-negro?

Claro que eu gostaria que o Flamengo tivesse sido campeão. Tenho uma história no clube. Além disso, seria bom para o futebol brasileiro. Mas a gente vê a diferença do Firmino. Um jogador que perde dois gols como ele desperdiçou, tem a terceira chance e finaliza com aquela frieza para fazer o gol mostra que ele é um jogador diferente.

 

Ele fez sete gols na Série B 2010, foi eleito revelação do campeonato, mas não era titular e muito menos centroavante…

Quando ele jogava no Figueirense, era um meia, o famoso camisa 10. Atuava atrás de mim e do Willian como 10. Hoje, é um falso 9. Ele não é aquele 9 que joga fincado lá na frente. Flutua entre as linhas, é diferenciado demais. Para mim, é um orgulho saber que atuei com um jogador desse nível.

 

Revelado pelo Flamengo, Reinaldo era o cara do ataque do Figueirense quando Firmino tinha 19 anos

 

O Figueirense tinha alguns “veteranos” em 2010. O que ensinaram ao Firmino?

Quando eu cheguei ao Figueirense, estava com 32, 33 anos. Tinha uma certa experiência, era um cara rodado, com passagem por times grandes. Ele aprendeu muito comigo, com o Fernandes, o Maicon do Grêmio, o volante Túlio. É bom saber que a gente ajudou no crescimento do Firmino e de muitos ali.

 

No início da nossa conversa você disse que ele aprendeu muito contigo…

Eu falei brincando, mas quando eu cheguei no Figueirense o Firmino tinha 19 anos. Ensinamos muito posicionamento corporal, como um atacante deve receber a bola, a hora de dominar quando você está de costas para o zagueiro, a tocar de primeira. Caso você tenha oportunidade de falar com o Firmino, ele vai lembrar disso. Tenho certeza de que a evolução que ele teve jogando na Alemanha (Hoffenheim) e depois com o Klopp no Liverpool é absurda. A evolução no Liverpool também. Estou feliz por tê-lo ajudado a crescer, mas triste ao mesmo tempo por ele ter feito gol no Flamengo. É a profissão dele.

 

“Ensinamos muito ao Roberto Firmino posicionamento corporal, como um atacante deve receber a bola, a hora de dominar quando você está de costas para o zagueiro, a tocar de primeira. Caso você tenha oportunidade de falar com o Firmino, ele vai lembrar disso”

 

Julio Cesar entrou arrasado no gramado para entregar a taça ao Liverpool. Qual foi o seu sentimento quando o jogo acabou?

O Flamengo está de parabéns pelo que fez. Honrou as cores, a torcida rubro-negra, jogou de igual para igual, e o gol foi um detalhe. Mérito do Firmino que teve eficiência e qualidade para dar o título ao Liverpool.

 

Qual é o seu balanço do ano rubro-negro?

O Flamengo perdeu porque pegou um dos melhores times do mundo. Jogou de igual para igual, teve a chance na última bola do jogo com o Lincoln, que é muito novo e não tem que ser crucificado por esse lance, mas o Flamengo fez uma temporada maravilhosa, espetacular. Todos os jogadores estão de parabéns. O treinador Jorge Jesus chegou com uma ideia nova, um estilo de jogo que deu certo, uma filosofia diferente. É de tirar o chapéu o que eles fizeram. E perdeu porque era o Liverpool, um time que tem Firmino, Salah e Mané; Van Dijk na zaga, mas foi um jogo parelho tecnicamente e taticamente. A diferença é que o Liverpool foi eficiente na chance que teve.

 

Mais sobre a trajetória de Firmino no perfil publicado na edição impressa desta segunda do Correio Braziliense.

 

 

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