Sir Paul McCartney, que se apresenta nesta quinta-feira, às 20h30, no Mané Garrincha, em Brasília iniciando a turnê Got Back pelo Brasil, sabe que servir a dois senhores é tarefa complicada. Embora o lado torcedor do beatle tente manter a discrição para fumar o cachimbo da paz (Pipes of Peace) com os fãs do Everton e do Liverpool, o coração deste menino de 81 anos bate mais forte, desde criancinha, pelo lado azul do clássico de Merseyside.
É o que conta em entrevista ao blog Drible de Corpo Keir Radnedge, jornalista esportivo inglês, colunista da revista World Soccer. Histórias da relação do astro com o futebol reforçam a paixão dele pelo clube fundado por metodistas, mas com maioria de adeptos católicos.
Não faltaram tentações para Paul virar a casaca e se converter ao Liverpool, o lado protestante da rivalidade. Uma medalhinha dos Reds e até o momento tiete de idolatria ao atacante escocês Kenny Dalglish, um dos maiores jogadores da história do time vermelho, balançaram o cantor. Mas não adiantou.
Leia essa e outras histórias — como um pedido de “Help!” da torcida do Everton para que Paul McCartney comprasse o clube e o livrasse das mãos de um bilionário ucraniano — no embalo de uma playlist de oito canções do astro britânico.
1) Listen to what the man said
(Ouça o que o homem disse)
A discrição de Paul McCartney ao assumir o time do coração pode ser um legado do tempo dos Beatles. O empresário da banda, Brian Epstein, aconselhou Paul, Ringo, John e George a não fazerem comentários sobre futebol. A intenção era evitar bolas divididas com os fãs dos dois clubes locais: Everton e Liverpool.
2) Young boy
(Jovem menino)
O jornalista inglês Keir Radnedge, colunista da prestigiada World Soccer, não tem dúvida: “Paul é torcedor do Everton”, crava em entrevista ao blog. Na infância, o pai do cantor, James McCartney, e muitos parentes torciam para o Everton e não abriam mão de levar o jovem menino Paul a tiracolo ao badalado Goodison Park.
3) Oh! Darling
(Oh, querida)
Em 1968, Paul teria virado a casaca. Os Beatles foram fotografados em um estúdio e ele teria sido flagrado usando uma espécie de medalhinha do Liverpool. Para completar, a então mulher de Paul fez o que o empresário Brian Epstein sempre tentou evitar. “Passamos a última noite ouvindo o jogo do Liverpool no rádio. Paul torce para o Liverpool”, disse Linda.
4) Really love you
(Realmente te amo)
A rara presença de Paul McCartney em duas finais reforça a devoção pelo Everton. Na temporada de 1965/1966, ele e John Lennon assistiram, em Wembley, à final da Copa da Inglaterra. O Everton derrotou o Sheffield Wednesday por 3 x 2. Dois anos depois, Paul retornou ao estádio para ver a decisão entre Everton e West Bromwich — que venceu por 1 x 0.
5) Let it be
(Deixa estar)
A simpatia pelo Liverpool detonou uma outra crise de ciúmes nos fãs do Everton. Em 1979, ao fim da gravação ao vivo de Coming up, em Glasgow, a multidão gritou alucinadamente o nome de Paul. O astro se surpreendeu e retribuiu com berros de “Kenny Dalglish”, o escocês que se tornou um dos maiores jogadores da história do Liverpool.
6) Here, there and everywhere
(Aqui, lá, em todo lugar)
Em uma rara entrevista ao Guardian sobre futebol, Paul lembrou-se dos conselhos de Epstein e foi politicamente correto. “Meu pai nasceu em Everton e a minha família é oficialmente Everton. Se houvesse um clássico ou uma final entre os dois, eu torceria pelo Everton. Mas, após um show em Wembley, eu fiquei amigo do atacante Kenny Dalglish. Aí, eu pensei, quer saber? Vou torcer para os dois times”.
7) I’m down
(Estou pra baixo)
Paul não é um frequentador assíduo de estádio de futebol. Prefere o conforto do sofá. “Eu gosto de assistir na televisão, posso ir a algum estádio de vez em quando, mas não sou um grande fã”, disse recentemente ao Guardian. Como jogador, ele se considera um perna de pau. “Eu gostava de jogar futebol nas ruas, mas quando aquilo se tornou mais formal, eu descobri que não era tão bom. Na verdade, eu era um jogador horrível.”
8) Help!
(Socorro!)
A maior prova de que Paul é Everton e a torcida sabe disso foi um pedido de socorro, em maio de 2013. Fãs do clube iniciaram uma campanha para convencer Paul McCartney a comprar o clube, em repúdio à possibilidade de o Everton ser vendido ao bilionário ucraniano Oleg Bakhmatyuk. O ex-beatle teria de pagar R$ 400 milhões para salvar a paixão de infância. “Estamos colocando as nossas esperanças em sir Paul, um dos músicos mais talentosos e humanitários em todo o mundo”, dizia a petição.
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