Pastor evangeliza, ora e até converte jogadores dentro da concentração da Seleção, em Boston, na véspera da goleada por 4 x 1 sobre os EUA

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Matéria desta quinta no Correio Braziliense

Uma “sessão do descarrego” em um dos salões da concentração da Seleção Brasileira no Four Seasons Hotel Boston, na véspera da goleada por 4 x 1 sobre os Estados Unidos, pode ser o reforço espiritual que faltava a um elenco desacreditado a um mês do início das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018.

Na última segunda-feira, os goleiros Jefferson, Marcelo Grohe e Alisson; os zagueiros David Luiz e Miranda; o lateral Douglas Santos; e os meias Douglas Costa, Lucas Lima e Kaká participaram de uma reunião com o pastor Guilherme Batista, com a autorização do técnico Dunga e do coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi. O encontro é detalhado pelo líder religioso do Ministério Transformados, de Goiânia, nas redes sociais.  Evangélico assumido, o capitão Neymar — autor de dois dos quatro gols sobre os norte-americanos — não aparece nas imagens publicadas nas contas pessoais do pastor no Facebook, no Twitter e no Instagram.

Na segunda-feira, Guilherme Batista comemorou a oportunidade de falar e ouvir os jogadores da Seleção Brasileira. “Nós fomos chamados com um propósito, de levar o evangelho de Cristo. Hoje, eu me deparei com um dos dias mais  importantes da minha vida, pois cheguei em um dos lugares que mais sonhei na vida, só que de uma forma totalmente louca”, conta o pastor. “Fui convocado para a Seleção Brasileira, mas para fazer o que Deus me chamou, que é levar a palavra de Deus”, escreve.

Guilherme Batista não cita nomes, mas diz que ao menos três jogadores se converteram na concentração. “Hoje, o céu esteve em festa em nossa reunião, pois três vidas se entregaram a Cristo, voltando para Jesus e tomando a decisão certa”, comemora. Em entrevista rápida ao Correio, o pastor limitou-se a dizer: “Foi especial”.

Guilherme Batista e a mulher, Mari Batista, que assistiram à vitória por 4 x 1 no Gillete Stadium na noite de quarta-feira, estavam com pressa. Embarcaram ontem de volta ao Brasil. O casal estava nos EUA por outro motivo. Fazia uma turnê religiosa por várias cidades dos EUA, entre elas, Boston.

O acesso de líderes religiosos à concentração da Seleção Brasileira não é novidade na gestão do técnico Dunga. Na primeira passagem dele pelo cargo, de 2006 a 2010, o pastor Anselmo Alves, da 1ª Igreja Batista de Curitiba, era o amigo dos jogadores. Dunga nunca gostou, nem nos tempos de jogador, mas o auxiliar e evangélico Jorginho o aconselhava a agir com diplomocia. Depois do título da Copa das Confederações de 2009, na África do Sul, em uma virada histórica por 3 x 2 sobre os EUA, o elenco chegou a receber o apelido de “igrejinha”. Motivo: dois dias antes das partidas, um grupo religioso formado por evangélicos e católicos se reunia na concentração. Especula-se que os encontros teriam dividido o elenco no ano seguinte, durante a Copa do Mundo de 2010. Jorginho nega.

Abertura

A presença do pastor Guilherme Batista na concentração da Seleção é uma prova de que o técnico Dunga não é tão sargentão quanto parece. Na Copa de 1994, o capitão cobrou do técnico Carlos Alberto Parreira que vetasse reza na concentração ou no vestiário. O ex-piloto de Fórmula 1 Alex Dias Ribeiro, membro dos Atletas de Cristo, ajudou jogadores em três Copas e enfrentou resistência de Dunga na campanha do tetra. “Em 1994, ele disse ao Parreira: ‘Está louco, vai deixar esses caras rezarem aqui dentro?’ Mas não era sério. A gente tinha a bênção do chefe (Parreira)”, conta Alex Dias Ribeiro, que chegou a ser parceiro de Anselmo Alves no trabalho missionário.

Desativada ontem depois das vitórias sobre a Costa Rica (1 x 0) e os EUA (4 x 1), a Seleção voltará a ser convocada no próximo dia 17, para a estreia nas Eliminatórias para a Copa de 2018. Em 8 de outubro, o Brasil enfrenta o Chile, atual campeão da Copa América, no Estádio Nacional, em Santiago. Cinco dias depois, receberá a Venezuela na Arena Castelão, em Fortaleza. Em novembro, os rivais são Argentina (fora) e Peru (casa).

Marcos Paulo Lima

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