Aos poucos, os discursos batidos de Renato Gaúcho caem por terra. Dizia que o Flamengo estava em três campeonatos. Foi eliminado da Copa do Brasil. Venceu o líder Atlético-MG e prometeu brigar pelo título enquanto houvesse chance. O sonho do inédito tricampeonato em anos consecutivos, primeiro na história do clube, se esvai depois do empate por 2 x 2 com o Athletico-PR. Gabava-se de ter dois jogos a menos, mas desperdiçou o primeiro. A distância para o Galo poderia cair para quatro pontos caso vencesse as partidas retardatárias da Série A contra Furacão e Atlético-GO. A projeção fracassou. Renato segue na berlinda.
O Flamengo deixou escapar a vitória por 2 x 0 construída com os dois gols de Gabigol na etapa inicial porque abriu mão da sua maior característica: o controle do jogo. Em vez de se impor com a folga no placar, recua para especular contra-ataques. Sem eles, toma pressão. Poderia ter sofrido o empate no sábado contra o Atlético-MG. Seria justo inclusive. Apostou na mesma estratégia em Curitiba e se deu mal. Abriu mão da bola. Terminou o jogo com posse de 43% contra 57% do Athletico. Não é assim que se faz com um time de R$ 200 milhões. Renato se perdeu. Não sabe se agride o rival ou defende.
A bomba recai sobre a defesa, um setor muito eficiente contra o Galo, mas confuso diante do Atlheltico. Diego Alves alternou momentos de herói e vilão. Salvou gols, teve sorte em outros lances e falhou no empate dos donos da casa. O Flamengo não foi penalizado somente devido aos erros defensivos nas bolas aéreas. Deixou escapar dois pontos simplesmente porque teve uma postura covarde no segundo tempo. Considerou que seguraria o resultado dentro da Arena da Baixada e não conseguiu.
O atual bicampeão brasileiro é um time confuso a essa altura da temporada. Um dos líderes do elenco, Everton Ribeiro analisa a exibição do Flamengo de uma forma: “Acho que o segundo tempo foi muito abaixo. No início conseguimos controlar bem o jogo, fizemos os gols, mas paramos de jogar, ficamos nas bolas longas”, comentou o meia Everton Ribeiro.
Mas Renato entende de outra: “A equipe voltou a mesma para o segundo tempo. O problema é que o adversário começou a pressionar bastante, a empurrar nosso time lá para trás. E acontece no futebol. Não é só com o Flamengo, não. O adversário vem para o tudo ou nada e começa a lançar bolas longas. Você tem que se proteger e sair rápido, principalmente quando estiver com a bola. Tentamos isso algumas vezes, infelizmente não foi possível. Seguimos tomando pressão e, infelizmente, tomamos o go”, analisou Renato.
A escalação do Flamengo no fim da partida era praticamente um 3-6-1: Diego Alves; Gustavo Henrique, Léo Pereira e Bruno Viana; Matheuzinho, Rodinei. Willian Arão. Thiago Maia. João Gomes e Ramon; Gabriel Barbosa. Recuado ou empurrado para trás, a verde o Flamengo pediu para tomar o gol de empate e conseguiu frustrar e sair frustrado da Arena da Baixada.
Com Renato Gaúcho, o Flamengo está fora da Copa do Brasil e à espera de um milagre como aquele de 2009 ou de 2020 para ser tricampeão. Desculpa, mas é muito abuso. O raio dificilmente cairá três vezes no mesmo lugar.
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