O pedido oficial do ministro do Esporte André Fufuca para que o Campeonato Brasileiro seja paralisado por duas semanas devido à catástrofe no Rio Grande do Sul deixa o presidente da Confederação Brasileira de Futebol em uma situação no mínimo embaraçosa do ponto de vista do relacionamento institucional da CBF com os três poderes em Brasília. Daí a resposta de que ele não é soberano para delegar sobre isso, mas sim os clubes via realização de um Conselho Técnico.
A recondução do presidente eleito Ednaldo Rodrigues ao trono da CBF via liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 4 de janeiro deste ano, custou caro e deixou “dívidas” na capital. Mobilizou a república. Houve articulação pesada do Governo e de aliados como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), autor da ação direta de inconstitucionalidade agendada para ser julgada em definitivo pelo pleno da Suprema Corte no próximo dia 22.
Lula também comprou a briga para receber a Copa do Mundo Feminina em 2027. Todos se empenharam nisso e contam com a vitória na Assembleia do próximo dia 17, na Indonésia. O presidente da República até bateu uma bola com as jogadoras da Seleção feminina no Mané Garrincha e posou para fotos com as jogadoras e a cúpula da CBF
O assunto é tratado no DF como uma espécie de “me ajuda a te ajudar”, ou seja, espera-se que o presidente da CBF e os clubes atendam o ofício do ministro dos Esportes. Nos bastidores, a entidade não está disposta a ceder.
Fontes ouvidas pelo blog classificam a movimentação de Fufuca como “demagogia irresponsável” e cobram do ministro medidas práticas sobre o que fazer em relação ao calendário das competições, férias dos jogadores, datas Fifa, torneio intercontinental e o novo Mundial de Clubes no meio de 2025.
O discurso público da CBF é de que a entidade não tem esse poder de decisão — e sim os clubes. Daí ter rolado a bola para o Conselho Técnico, ou seja, a reunião deliberativa entre os clubes. Ednaldo age como uma espécie de Pilatos. Lava as mãos sobre a decisão na tentativa de ficar bem com todos.
Um dirigente ouvido pelo blog considera a chance de paralisação nula. Ele aposta apenas nos 20 dias concedidos pela CBF aos times gaúchos. A tendência é os times mandarem jogos em Caxias do Sul no Centenário, casa do Caxias, e no Alfredo Jaconi, campo do Juventude. Bento Gonçalves também é uma alternativa.
Uma fonte com trânsito entre os clubes afere que nenhum dos 17 clubes da Série A deseja a paralisação do Campeonato Brasileiro. Daí alguns deles terem oferecido estrutura para treinamentos. Foram os casos de São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos e Figueirense.
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