Itália Da ausência na Copa da Rússia ao bi na Euro: a gigante Itália voltou imponente. Foto: Michael Regan/AFP Da ausência na Copa da Rússia ao bi na Euro: a gigante Itália voltou imponente. Foto: Michael Regan/AFP

O tamanho dos desafios dos campeões continentais Argentina e Itália na Copa do Mundo Qatar-2022

Publicado em Esporte

Daqui a 498 dias, Argentina e Itália desembarcarão na Copa do Mundo do Catar com títulos imensos. O capitão Messi e companhia conquistaram a América, no Maracanã, contra o Brasil, que ainda se diz o país do futebol. Chiellini e os demais gladiadores de Roberto Mancini ganharam a Eurocopa diante da Inglaterra, em Wembley, a meca dos inventores do esporte bretão — o mais popular do mundo. Seriam os dois países favoritos ao título?

Historicamente, a Copa América e a Euro são fardos para quem desembarca no Mundial. A Argentina terá um senhor tabu pela frente, a partir de 21 de novembro de 2022. Jamais o campeão vigente do torneio de seleções do nosso continente ganhou a Copa na sequência. A maldição é tão pesada que dois vencedores da competição neste século sequer foram ao Mundial. A Colômbia tinha a taça em 2001 e não foi ao Japão e à Coreia do Sul, em 2002. Bi em 2015 e em 2016, o Chile também foi reprovado nas Eliminatórias para a Rússia-2018.

Isso é de menos a essa altura das celebrações da Argentina pelo fim do jejum de 28 anos sem títulos protagonizados pela seleção principal. A vitória por 1 x 0 tirou o país da fila que se arrastava desde a glória de 1993, no Equador. Protagonista na campanha com quatro gols e cinco assistências, Messi tirou 28 toneladas das costas e chegará leve ao Catar.

Ausente na Copa da Rússia depois de ser eliminada pela Suécia na repescagem das Eliminatórias, a Itália chega ao título da Eurocopa com uma reviravolta semelhante à de outras três seleções. A extinta Tchecoslováquia, cujo legado ficou com a República Tcheca, não esteve no Mundial de 1974 e ganhou a Euro em 1976. A Holanda não apareceu na Copa de 1986 e levou a Euro em 1988. Antes da Itália, a Dinamarca havia sido reprovada nas Eliminatórias para a Copa de 1990 e levou a Euro-1992.

Conquistar a Euro e a Copa em sequência é privilégio de apenas duas seleções da banda de lá. A Alemanha ganhou o título continental em 1972. Dois anos mais tarde, superou a Holanda na decisão do Mundial. A última façanha teve como protagonista a Espanha. Ganhou a Eurocopa em 2008 e a Copa do Mundo em 2010, na África do Sul.

Tabus à parte, a maior virtude da Itália bicampeã da Euro (1968 e 2021) é a paciência para entender e se adaptar a jogos difíceis. Foi assim contra a Bélgica nas quartas, Espanha na semi e no triunfo nos pênaltis na final, por 3 x 2, contra a Inglaterra. A Itália de hoje mostrou o poder de reação que o Brasil, por exemplo, não teve contra Bélgica nas quartas da Copa de 2018 e na decisão da Copa América diante da Argentina.

A Itália levou gol da Inglaterra aos dois minutos do primeiro tempo, no palácio do súditos da rainha Elizabeth. Mesmo assim, teve sangue frio para explorar a covardia inglesa, que tentou administrar a vantagem construída pelo gol de Shaw e recebeu como castigo o gol de empate marcado por Bonucci. Donnarumma brilhou nos pênaltis ao defender as cobranças de Sancho e Saka para decretar o fim do jejum de 53 anos sem a Euro.

Fico impressionado com um lembrança que minha memória alertou. Lembra do Mario Balotelli? Incrível como ele minou a própria carreira. Em 2012, foi protagonista no vice na Euro contra a Espanha. Um dos artilheiros do torneio e autor de dois gols na semi contra a Alemanha. Tinha 21 anos. Hoje, 30. O elenco da Itália tem 7 trintões. Balotelli não é um deles

Para encerrar, o raio caiu duas vezes no mesmo lugar na cabeça de Gareth Southgate. Em 1996, ele errou a cobrança de pênalti na eliminação contra a Alemanha, em Wembley, na semifinal da Eurocopa. Vinte e cinco anos depois, o técnico Southgate colocou em campo Sancho e Saka na prorrogação por causa da qualidade dos dois nas cobranças. E ambos erraram. Que ironia do destino.

 

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