Mane Garrincha O público total do Candangão 2023 só preenche um terço do Mané Garrincha. Foto: Ed Alves O público total do Candangão 2023 só preenche um terço do Mané Garrincha. Foto: Ed Alves

Entenda por que o Distrito Federal se apressa para liberar o retorno do público aos estádios

Publicado em Esporte

A liberação da Conmebol para que jogos da Libertadores e da Copa Sul-Americana voltem a receber público — desde que os protocolos de segurança sejam cumpridos — acelerou a movimentação no Governo do Distrito Federal não somente para abrigar jogos dos torneios continentais, mas também da Série A do Campeonato Brasileiro e até do Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022, quando houver sinal verde da CBF. A corrida para se tornar a primeira unidade da federação a tomar a decisão beneficiaria Brasiliense e Gama, representantes da capital na Série D. O alviverde, inclusive, negocia um pacote de jogos no Mané Garrincha com a Arena BSB, concessionária responsável pela administração do estádio.

O plano do GDF é liberar a presença de público nas arenas da cidade gradualmente. Porém, há uma queda de braço pelo percentual. As sugestões variam de 10% a 50% da capacidade. Em meio ao impasse, chegou-se a 25%. Neste caso, o Mané Garrincha abrigaria 17.500 torcedores. Uma fonte rubro-negra indica que o governador flamenguista Ibaneis Rocha, que está de férias, e a Conmebol, devem dizer sim (ou não) nesta terça-feira.

Há pressa por vários motivos.Todos comerciais, óbvio. Brasília virou parceira de primeira hora da Conmebol. Neste ano, abrigou a final da Recopa Sul-Americana, um jogo do Santos na Libertadores, oito partidas da Copa América e conquistou o direito de abrigar a final da Copa Sul-Americana em 2022. Em tese, antecipar a liberação da volta do público iniciaria uma corrida por jogos em Brasília. Afinal, os clubes estão ansiosos pelo retorno da receita de bilheteria.

O Flamengo é um deles. Deseja mandar, em Brasília, a partida de volta das oitavas de final contra o Defensa y Justicia, como antecipou nesta segunda-feira o colega Cahê Mota no portal ge.com. Um entrevistado disse ao blog que, independentemente da presença ou não de torcida no Mané Garrincha, o jogo será na capital do país. Um dos motivos seria o interesse do Flamengo e seu parceiro comercial, o Banco de Brasília (BRB), de celebrarem um ano do acordo oficializado em 1º de julho do ano passado. Como a arena estava cedida à Copa América, a execução da ideia teria ficado para depois do encerramento da torneio continental. Outra opção seria festejar a data no próximo dia 25 contra o São Paulo, como publicou o colega Léo Burlá, no UOL.

 

O Distrito Federal tem 36,31% da população de 3 milhões de habitantes vacinada com a primeira dose e 12,94% com duas ou a dose única da Janssen. Os especialistas recomendam a flexibilização com 50% a 70% da população imunizada

 

O Flamengo quer o jogo em Brasília devido ao aborrecimento com o prefeito do Rio, mas trava uma batalha judicial desde 2016 com a Federação de Futebol do Distrito Federal, de quem também depende do aval para jogar na capital. Eduardo Paes resiste à ideia de liberar público no Maracanã depois das cenas de aglomeração na final da Copa América. Ele, inclusive, multou a Conmebol em R$ 54 mil. “Vou consultar as autoridades sanitárias para que decidam sobre público nos próximos jogos, mesmo limitado. Mas, pelo que vi aqui e ali…”, disse, alegando ter notado “mais problemas do que imaginava”.

Em abril, o governador do DF, Ibaneis Rocha, sugeriu à CBF o acesso à final da Supercopa do Brasil entre Flamengo e Palmeiras do pessoal da linha de frente da saúde no combate à covid-19. Dessa vez, o plano é para que cidadãos totalmente imunizados pelas duas doses ou por uma só, no caso da vacina Janssen, possam acompanhar partidas in loco no estádio.

Um dos impasses é quanto ao controle do acesso às arenas. No fim de semana, o laboratório Larbolife denunciou à Conmebol a existência de um esquema de falsificação de testes para permitir a entrada de convidados na final da Copa América entre Brasil e Argentina. Esse era o temor da CBF, em abril. À época, a entidade rejeitou o plano de Ibaneis Rocha para a decisão da Supercopa do Brasil.

A movimentação para a retomada dos jogos com público estão avançados. São tratados em uma tabelinha entre Secretaria de Esporte e o comitê Covid-19.

“Estamos trabalhando nesse sentido, retorno de forma gradual, acordado com o comitê Covid-19 juntamente com o governador. Estamos buscando os bons exemplos pelo mundo e com muita esperança na vacina”, disse ao blog a secretária de Esporte, Giselle Ferreira.

A reportagem também entrou em contato com o secretário de Saúde do GDF, Osnei Okumoto,  mas ele não respondeu até a publicação deste post. Quando ele der retorno, o texto será atualizado.

Concessionária responsável pela administração do Mané Garrincha, a Arena BSB aguarda pelo desfecho das negociações para o possível jogo do Flamengo para colocar as arquibancadas em ordem e reativar serviços fundamentais do estádio, como banheiros, bebedouros e elevadores, se houver público.

O plano de reativação do estádio exige prazo de um mês. Se o Flamengo jogar com torcida no próximo dia 21, o trabalho terá de ser tocado em uma semana. O último evento com público na arena foi o show do Maroon 5, em 3 de março de 2020. Depois da apresentação, o estádio ficou fechado por causa da pandemia.

À espera da reabertura dos estádios, o Gama, clube mais popular da cidade, pretende fazer ações com torcedores nos últimos cinco jogos do time em casa na quartas divisão nacional. O alviverde negocia um pacote de jogos com a Arena BSB. O primeiro deles, possivelmente, será no sábado, contra o Goianésia, pela sétima rodada da Série D. Por enquanto, sem público.

 

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