Reconhecida pela Uefa e pela Fifa em maio deste ano, a seleção do Kosovo não perde tempo à caça de talentos. Goleada por 6 x 0 pela Croácia na última quinta-feira pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, a equipe comandada pelo técnico Albert Bunjaki tinha no banco de reservas um menino de 16 anos formado nas divisões de base do Barcelona. A pressa em convocá-lo foi uma tentativa de evitar que o possível “novo Messi” seja convencido a defender Espanha ou Finlândia — pais da mãe da jogador. Algo parecido com a atitude da Argentina na época em que a Espanha trabalhavam silenciosamente para naturalizar o então promissor Lionel Messi.
Labinot Kabashi está relacionado para a partida deste domingo contra a Ucrânia pelas Eliminatórias. Nasceu em Pristina, capital do Kosovo, em 28 de fevereiro de 2000, mas deixou o pedaço de terra de 10,908 km2 com a família para fugir da guerra civil pela independência da Sérvia. Formado em La Masia, a fábrica de talentos do Barcelona, defende o Juvenil B do clube catalão nesta temporada sob o comando dos técnicos Quique Álvarez e Denis Silva. Joga como meia, mas na lista do Kosovo é opção para o ataque.
Em entrevista à Barça TV quando foi convocado, Kabashi pensou que estava sendo alvo de uma pegadinha. “No começo eu pensei que eles estavam pregando uma peça em mim, mas eu vi que não era e estou muito feliz. Estou orgulhoso de ser capaz de jogar para o Kosovo”.
Desde o reconhecimento pela Fifa, Kosovo disputou três jogos. Em junho, derrotou as Ilhas Faroe por 2 x 0 em um amistoso. Na sequência, dois jogos oficiais: empate por 1 x 1 com a Finlândia e derrota por 6 x 0 para a Croácia pelo Grupo I das Eliminatórias Europeias. A chave tem ainda Croácia, Islandia, Ucrânia, Turquia e Finlândia.
Kosovo declarou independência da Sérvia em 2008. Cerca de 100 países o reconhecem como um estado agora, mas muitos outros, como a Rússia e a Espanha, não. A Sérvia se opôs veementemente à filiação do Kosovo à Fifa. Um total de 24 jogadores com raízes no Kosovo atualmente atuam por seis outras seleções. A maioria defende a Albânia.
Na abertura das Eliminatórias, Kosovo correu o risco de não ter jogadores para disputar a partida. De acordo com as regras da Fifa, alguém que já atuou por outra seleção não pode trocar de time. No entanto, alguns atletas reivindicaram individualmente uma permissão especial. Em um só dia, a Fifa autorizou 16 jogadores a defender a nova seleção. Somente de atletas que já jogaram pela Albânia, foram sete liberações: Samir Ujkani, Alban Meha, Milot Rashica, Amir Rrahmani, Imran Bunjaku, Herolind Shala e Vedat Muriç.
A entidade ainda aprovou os pedidos de outros nove jogadores: Fanol Perdedaj e Enis Alushi (Alemanha), Bersant Celina, Elbasan Rashani e Valon Berisha (Noruega), Hekuran Kryeziu e Albert Bunjaku (Suíça), Sinan Bytyçi (Áustria) e Erton Fejzullahu (Suécia). Bunjaku, inclusive, integrou a seleção suíça na Copa do Mundo de 2010.