O fim da era Tiago Nunes e as alternativas para o Corinthians no mercado

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Demitido pelo Corinthians nesta sexta-feira após a derrota por 2 x 0 para o Palmeiras, na Neo Química Arena, Tiago Nunes desperdiçou uma grande oportunidade. Passou ileso pela eliminação precoce na Pré-Libertadores. Foi salvo pela pausa no futebol causada pela pandemia do novo coronavírus. Teve tempo de sobre para consolidar ou repensar os planos para o time paulista. Levou a equipe na marra à final do Campeonato Paulista e perdeu o título nos pênaltis para o arquirrival Palmeiras. Poderia ter caído ali, mas a paciência de Jó do presidente Andrés Sanchez renovou os votos de que haveria evolução no Brasileirão. Só que não. O Tiago Nunes das conquistas das copas Sul-Americana e do Brasil ficou em Curitiba.

Está aberta a corrida pela contratação do sucessor de Tiago Nunes. Discordo de quem considera pobres as alternativas brasileiras disponíveis no mercado. Há algumas opções fora da mesmice. Sylvinho, por exemplo. Sim, o auxiliar de Tite na Copa de 2018 foi muito mal na passagem pelo Lyon. Talvez, tenha errado ao dar um passo maior do que a perna. Ele poderia ter optado por começar no Brasil. Desempregado, parece-me um bom nome. Colecionou seis títulos no clube, entre eles a Copa do Brasil (1995) e o Campeonato Brasileiro (1998). Tem identidade com o clube.

Você pode achar sacanagem do blogueiro, mas estou falando sério. Dunga, talvez, desse jeito no elenco do Corinthians. Acho incrível como o capitão do tetra é ignorado no país a cada troca de comando. Gostemos ou não do estilo, ele foi campeão da Copa América em 2004 com 3 x 0 sobre a Argentina na decisão, ganhou a Copa das Confederações com uma virada épica contra os Estados Unidos, fechou as Eliminatórias para a Copa de 2010 em primeiro lugar com direito a triunfos por 3 x 1 sobre a Argentina, em Rosário; e por 4 x 0 diante do Uruguai, em Montevidéu. Foi campeão gaúcho à frente do Internacional em 2013. Logo, alguma virtude ele tem a oferecer ao Timão. Andrés Sanchez conhece a fera. Trabalharam juntos no Mundial da África do Sul, em 2010. Dunga conhece o Corinthians. Vestiu a camisa do clube em 1985. Foi o segundo clube na carreira dele. Fez 61 jogos e marcou 5 gols.

A turma da nova geração oferece cardápio variado, mas a diretoria teme trocar seis por meia dúzia. Tiago Nunes foi uma escolha pela novidade e não deu certo. Andrés poderia partir para cima de Rogério Ceni ou Roger Machado, por exemplo. O ex-goleiro está empregado no Fortaleza. O ex-lateral voltou à pista. Acaba de ser demitido pelo Bahia. Maior ídolo do São Paulo como jogador, Ceni vive outra fase como treinador e vai bem na profissão. Fez jogos duros à frente do Fortaleza contra Flamengo, Corinthians e São Paulo fora de casa; e o Botafogo, na Arena Castelão. O time dele é modesto, mas organizado. Dificilmente passa vexame.

Há boas opções estrangeiras na América do Sul. O espanhol Miguel Ángel Ramirez, por exemplo. No entanto, Andrés Sanchez não suporta a ideia de contratar um estrangeiro. Tem trauma da passagem do argentino Daniel Passarella pelo Corinthians, em 2005.

No fim das contas, o presidente pode partir para uma solução convencional. Neste caso, as apostas recaem sobre nomes como Luiz Felipe Scolari, que jamais disse “dessa água não beberei”, Abel Braga e Dorival Júnior. Felipão e Abel têm fama de formar famílias. Esse, talvez, seja o dilema da escolha. Optar por um técnico agregador ou investir em um profissional capaz de modernizar as ideias de jogo do Corinthians? Retomar o legado de Tite e Mano Menezes ou dar uma guinada?

Aí entra outra questão. Provavelmente, a mais intrigante. O mandato de Andrés Sanchez está expirando. O nome escolhido por ele pode ter de aceitar um contrato curto, ou seja, até que o novo presidente eleito — da situação ou oposição — assuma com o treinador dos sonhos. A decisão de Andrés pode potencializar a candidatura dele seus aliados políticos ou embaralhar o processo eleitoral aparentemente favorável ao grupo dele. Esperemos os próximos capítulos.

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Marcos Paulo Lima

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