Lazaro Lázaro ressuscitou o Brasil nas semifinais e na decisão. Foto: Minervino Júnior/CB/DA. Press Lázaro ressuscitou o Brasil nas semifinais e na decisão.

O dia em que os adolescentes da Seleção gabaritaram o “Enem do Mundial Sub-17” e conquistaram o tetra

Publicado em Esporte

Eles têm idade para fazer prova do Enem. Muitos deles estavam até inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio. Faltaram porque estavam no meio do Mundial Sub-17, como mostrou a matéria da edição impressa deste domingo do Correio Braziliense. A avaliação deles era outo neste domingo. Acabar com várias sinas sem direito a erro e gabaritaram com sete vitórias em sete jogos. Três delas de virada.  O Brasil do fracasso no vice na Copa de 1950 e do quarto lugar em 2014 finalmente conquista uma competição da Fifa dentro de casa. Se Jesus ressuscita o Flamengo líder do Brasileirão e finalista da Libertadores, Lázaro, atacante rubro-negro com nome de personagem bíblico, deu vida nova à Seleção nas reviravoltas por 3 x 2 sobre a França e por 2 x 1 contra o México, ambas no Bezerrão. Que estrela!

Foi mais uma noite de sessão do descarrego no Gama. Depois de exorcizar a França, havia uma coleção de más lembranças contra o adversário na decisão. O Brasil havia perdido cinco decisões para o México. Foi assim nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, na Copa das Confederações 1999, na Copa Ouro 1996 e 2003 e na decisão do Mundial Sub-17 de 2005 — com direito a 3 x 0. Quando Bryan González abriu o placar no segundo tempo, o sentimento foi de que o algoz pediria CPF na nota. Só que não.

Lázaro saiu do banco mais uma vez para ressuscitar o Brasil. O centroavante Kaio Jorge iniciou a reação com ajuda od VAR. O Árbitro de Vídeo acusou a infração. Kaio Jorge bateu. Se o goleiro não tivesse cortado as unhas da mão direita teria defendido. O nível de tensão foi altíssimo no Bezerrão até o grito de gol.

Aí, entrou em cena Lázaro. No primeiro lance, arrancada, chute forte e defesa do goleiro. No segundo, cruzamento do lateral-direito Yan e finalização certeira do talismã verde-amarelo. Sensação de alívio para um time que havia acertado a bola duas vezes no travessão. Não havia mais tempo para as astúcias do México. O time das viradas sobre o Chile (oitavas), França (semifinal) e México (final) estava consolidado como tetracampeão — a um título da recordista Nigéria. Só um pais havia conquistado o título em casa na história do torneio. O México. Pois o Brasil igualou a marca do forte concorrente.

 

Gabaritou! 7 vitórias em 7 jogos

Brasil 4 x 1 Canada
Brasil 3 x 0 Nova Zelândia
Brasil 2 x 0 Angola
Brasil 3 x 2 Chile
Brasil 2 x 0 Itália
Brasil 3 x 2 França
Brasil 2 x 1 México

 

Uma senhora volta por cima. O Brasil não havia se classificado em campo. Rodou na fase de grupos do Sul-Americano Sub-17. Nem sequer avançou ao hexagonal que apontou quatro classificados. Anfitrião original do torneio, o Peru não cumpriu o caderno de encargos da Fifa e pedeu o direito de receber o evento. O Brasil aceitou a missão na última hora. Organizou o torneio a toque de caixa e viu a Seleção — sem Reinier e Talles Magno — se superar na conquista do título.

Não há garantia de que a geração atual dê frutos mais à frente. São meninos em evolução, fase de lapidação. A Seleção de Alisson, Neymar, Casemiro e Philippe Coutinho foi eliminada na primeira fase no Mundial Sub-17 de 2009. Todos são titulares de Tite atualmente. Em tese, o grupo tetracampeão frequentará a principal nas Eliminatórias para a Copa de 2026, no México, Estados Unidos e no Canadá. Por enquanto, é hora de consolidá-los para o Mundial Sub-20 da Indonésia em 2021 e para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

A safra é boa. Não joga um futebol de encher os olhos, mas é valente. Não havia se classificado para o Mundial. Ganhou a vaga e reagiu. Era freguês da França. Avançou com virada sensacional. O Brasil acumulava cinco fracassos contra o México. Os adolescentes deram de ombros. O país jamais havia conquistado uma Copa em casa. E daí? Os abusados são merecidamente tetracampeões.

 

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