O dia em que Franz Beckenbauer comandou a Alemanha no Mané Garrincha

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Beckenbauer e Carlos Alberto Silva antes do amistoso no Mané Garrincha. Foto: Luis Tajes/CB.DA Press

Doze de dezembro de 1987. Era um menino de mãos dadas com tio Holanda, em um baú da Viplan, a caminho do velho Mané Garrincha para assistir a um amistoso dos sonhos. Brasil e Alemanha jamais tinham se enfrentado na Copa do Mundo, mas duelariam aqui, praticamente no quintal da minha casa. Morava no Cruzeiro Novo à época. O principal estádio do Distrito Federal fica a 5,7km da arena localizada no Eixo Monumental.

Sentei-me no setor coberto da arquibancada da velha arena e meus olhos miraram o gramado em busca de um senhor que só conhecia das leituras da revista Placar. O apelido encucava a criança. Chamavam-no de Kaiser. Para mim, era o nome de uma cerveja famosa da época, quase sempre presente nas campanhas publicitárias da televisão.

Sim, Franz-Beckenbauer estava em carne e osso na capital do país. Em Brasília, a cidade em que nasci. Que honra. Elegante como sempre, ele ainda não era campeão da Copa do Mundo como técnico. Havia perdido a decisão de 1986 para a Argentina de Diego Armando Maradona., comanda por Carlos Bilardo. Os hermanos triunfaram por 3 x 2, no Azteca.

O trabalho de Beckenbauer para a Copa de 1990, na Itália, recomeçava na América do Sul em amistoso contra Brasil e Argentina. Podemos dizer que a campanha do tri passou passou por Brasília. Peças-chave responsáveis pelo troco germânico nos hermanos por 1 x 0, no Estádio Olímpico, em Roma, entraram em campo no gramado do Planalto Central.

Guido Buchwald, Jürgen Kohler, Lothar Matthäus, Stefan Reuter, Jürgen Klinsmann e o autor do gol do título de 1990 em cobrança de pênalti no tempo regulamentar, Andreas Brehme, enfrentaram a Seleção Brasileira naquela tarde de sábado.

Com arbitragem do equatoriano Elías Jácome, o Brasil abriu o placar. O zagueiro Batista balançou a rede. Fiquei feliz da vida. No entanto, Stefan Reuter estragou a tarde. Não totalmente. Que honra para aquela criança ver Beckenbauer à beira do campo. Valeu o ingresso. E como!

Sempre fui apaixonado por futebol. Havia lido que o jovem Beckenbauer quase levara a Alemanha ao título da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Perdeu para os anfitriões na polêmica decisão marcada pelo gol inglês em que a bola não entrou. Que resiliência na semifinal de 1970 contra a Itália. O cara joga imobilizado. Um dos maiores sacrifícios de um jogador dentro das quatro linhas na história dos mundiais.

O cara da Alemanha na Copa de 1974 também foi o cara da Alemanha no tri, em 1990. Formou um timaço no sistema tático da época, o 3-5-2, e encantou. Aquele rascunho de time que vi jogar em Brasília conquistou o mundo: Ilgner; Buchwald, Augenthaler e Kohler; Berthold, Hassler, Matthäus, Littbarski e Brehme; Völler e Klinsmann.

Sim, eu poderia falar sobre o Beckenbauer vencedor da Bola de Ouro em 1972 e 1976. Do tricampeonato na Copa dos Campeões da Europa, atual Champions League, pelo Bayern de Munique, em 1974, 1975 e 1976. Da conquista da Copa da Uefa como técnico do Bayern de Munique em 1996. Dos encontros casuais na sala de imprensa em coberturas da Copa do Mundo. Do escândalo no suposto caso de corrupção no papel de chefe do Comitê Organizador da Copa de 2006, na Alemanha. Da parceria com o Rei Pelé no futebol dos Estados Unidos pelo Cosmos, em 1983. Prefiro a imagem do Kaiser no Mané Garrincha.

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Marcos Paulo Lima

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